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Quem quer começar a investir e formar seu patrimônio, às vezes, tem bastante de dificuldade para decidir onde e como direcionar seu dinheiro. Investir a curto, médio ou longo prazo é uma das principais dúvidas e realmente é preciso saber escolher bem os investimentos, de acordo com o perfil e objetivo do investidor.

Essa não é uma escolha simples, tampouco sem importância: do sucesso dos investimentos dependem a independência financeira, a qualidade de vida e sonhos como viajar e dispor de mais tempo para a família.

Mas, tomando as decisões certas, um investidor iniciante pode acertar e investir com tranquilidade, por isso, acompanhe o conteúdo que preparamos especialmente sobre escolha baseada no prazo de cada um dos investimentos.

2. Investir a curto, médio ou longo prazo

A decisão de investir a curto, médio ou longo prazo precisa ser embasada por análises muito pessoais. É preciso entender que cada investidor tem um perfil particular, que deve ser reconhecido nos investimentos que realizar.

Para decidir onde investir, você precisa dar atenção especial a alguns pontos.

2.1. O seu perfil de investidor

Uma das análises mais importantes é do perfil do investidor. Você precisa se conhecer, conhecer sua situação financeira, saber que riscos está disposto a assumir e o que deseja com seus investimentos, senão corre o sério risco de ficar insatisfeito com o resultado de suas escolhas.

Há um termo em inglês chamado “Suitability”, que significa adequação ou, em uma correspondência mais livre, compatibilidade. Qualquer escolha deve ser solidamente alicerçada na adequação do produto ao seu perfil. Bancos e empresas de investimento fazem essa verificação sistematicamente, para ofertar ao investidor produtos aderentes ao seu perfil de risco.

Essa é, inclusive, uma norma regulamentada pela instrução 539 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Em termos gerais, são três os principais perfis identificados no mercado financeiro:

  • Conservador, que é o investidor que prioriza a segurança em suas aplicações. Antes de tudo, ele quer retorno certo. Para isso, ele escolhe produtos com menor potencial de risco que possam, no prazo desejado, atingir os objetivos esperados;
  • Moderado, que é mais aberto a investimentos de maior risco, desde que proporcionem melhor retorno e de que tenham um nível razoável de segurança. Em geral diversificam mais suas carteiras de modo a equilibrar a segurança e o risco e obter o retorno desejado;
  • Arrojado, que — ao contrário do que se pode pensar — não é necessariamente afoito. Esse tipo de investidor aceita correr riscos para obter a melhor lucratividade possível, mas estuda e escolhe com base em seu conhecimento opções com maior possibilidade de variação, como as ações da bolsa de valores.

2.2. Os objetivos do investimento

A primeira coisa que o investidor deve se perguntar é: para que eu estou investindo? A resposta parece óbvia: para obter lucros e melhorar minha renda. Mas isso é apenas uma visão superficial do objeto de investir.

Não se investe pelo dinheiro em si. Ter saldo na conta sem usufruir dele é como comprar remédios para uma dor de cabeça e não tomar. Não adianta nada! A escolha do uso desses recursos vai de acordo com as prioridades individuais: enquanto alguns querem formar patrimônio, por exemplo, outros querem melhorar sua qualidade de vida. Há quem busque dar segurança financeira aos filhos ou deseje garantir sua formação acadêmica e também quem mescle um pouco de tudo. Os motivos são individuais e bastante subjetivos!

Mas essa questão interfere diretamente na escolha do investimento, pois determina:

  • A rentabilidade desejada (ou o benchmark, que é um índice que serve como parâmetro para comparar os resultados obtidos com outros, que temos como referência);
  • O tempo em que o dinheiro deverá retornar aquele montante esperado;
  • A parcela de sua renda que pode ser direcionada aos investimentos escolhidos;
  • A diversificação da sua carteira, de acordo com cada objetivo.

Portanto, enumere e defina claramente quais os objetivos com seus investimentos e quanto cada um deles exigirá de dinheiro disponível. Faça a comparação com o que você dispõe e isso ajudará a definir o tempo e a rentabilidade esperados, pontos sobre os quais falaremos agora mesmo.

2.3. O tempo disponível para o investimento

Uma das variáveis mais importantes na escolha do investimento certo para cada investidor é o prazo, ou também conhecido como horizonte de investimento. Isso porque o dinheiro não está à disposição pela vida inteira. Se cada aplicação tem um objetivo, um dia ele precisa ser alcançado, correto?

Além disso, a sua situação financeira pesa fundamentalmente sobre isso. Deixe-me explicar: se você não tem uma reserva financeira, você não tem um colchão de segurança para momentos de dificuldades. Essa é uma das regras básicas para novos investidores: você não pode lançar 100% de seus recursos em investimentos de longo prazo e, se tiver um imprevisto que exija medidas urgentes, ficar sem a opção de resgate. Isso se chama liquidez.

A liquidez de um investimento é o prazo no qual ele poderá ser resgatado. Investimentos de maior liquidez, geralmente comprometem mais a rentabilidade. Entenda que o mercado financeiro se sustenta sobre o tripé:

  • Liquidez;
  • Rentabilidade;
  • Segurança.

Quando um dos três itens é mais exigido, os outros podem, de forma compensatória, serem menos atrativos.

Assim, investimentos de maior liquidez, que têm retorno rápido e que não comprometem muito sua disponibilidade devem ser opções cujo foco é formar sua reserva financeira, a princípio. Do mesmo modo, essa avaliação precisa ser feita para cada objetivo que você tiver, com o direcionamento sendo dado de acordo com a necessidade de disponibilidade do seu dinheiro.

2.4. O retorno desejado

O retorno desejado deve ser escolhido com base no valor inicial investido e no total necessário para a realização dos objetivos. Claro que essa definição precisa ser feita dentro da realidade do potencial de cada investimento. Por isso, o investidor precisa estudar as opções disponíveis e conhecer a rentabilidade esperada, para direcionar suas escolhas.

Também é preciso lembrar que as expectativas nem sempre se consumam. A rentabilidade esperada varia, entre outras coisas, de acordo com:

  • O histórico de retorno da aplicação, sem esquecer que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura;
  • A taxa negociada inicialmente;
  • A modalidade do investimento (pré ou pós-fixado, indexado etc.);
  • A situação econômica do mercado etc.

Depois de iniciado o tempo de investimento, é preciso fazer o acompanhamento do resultado, para saber se a rentabilidade observada está de acordo com o benchmark e a rentabilidade esperados.

2.5. O conhecimento sobre o investimento

Não há como existir bons resultados sem o conhecimento financeiro necessário. Ainda que você delegue essa questão a um especialista é prudente não deixar seu retorno em mãos de terceiros. É extremamente aconselhável entender os investimentos escolhidos, conhecer suas características e saber o que pode interferir no seu resultado.

Mesmo pessoas que tem uma maior familiaridade com o assunto, precisam estudar, ler e se informar constantemente sobre as inúmeras variações que afetam o mercado financeiro.

Quando se fala em bolsa de valores, por exemplo, cabem dois tipos de análises principais:

  • A análise fundamentalista, mais tradicional, se baseia na avaliação econômica das empresas nos seus mercados de atuação na economia real. Ela se utiliza de dados econômicos e financeiros do mercado de atuação da empresa e de seus resultados operacionais para avaliar seu desempenho;
  • A análise técnica ou gráfica se fundamenta nas variações históricas dos preços dos ativos financeiros para identificar padrões e assim se posicionar para movimentos das ações de uma empresa num cenário futuro. Ela também é utilizada por outros mercados além do acionário, como o de moedas, commodities agricolas, índices econômicos etc.

Além de entender sobre os investimentos, compreender um pouco sobre indicadores financeiros é uma boa forma de ter um alicerce para acompanhar resultados e não depender exclusivamente da opinião de terceiros.

2.6. O tipo de investimento buscado

Bom, finalmente, conhecendo tudo aquilo que já enumeramos — seu perfil de investidor, seus objetivos, o tempo e a rentabilidade necessários para alcançá-lo e as opções de investimento existentes —, é preciso saber em quais aplicações tudo isso se encaixa. E, para isso, você tem que ter estratégia.

Se o valor de que você dispõe é um montante maior, você pode diversificar seus investimentos já de início, direcionando uma parcela para cada necessidade. Mas geralmente os investidores começam com valores baixos e pulverizar aplicações pode prejudicar sua rentabilidade, já que o valor investido é proporcional ao seu poder de negociação.

Para isso, mantenha a ordem de prioridades e escolha os prazos adequados para cada uma delas, começando por investimentos de curto prazo.

3. Objetivos de investir a curto, médio ou longo prazo

Investimentos de curto prazo

Direcione valores que precisam de liquidez para esse tipo de investimento. O que você pode vir a precisar de uma hora para outra. Se o objetivo é compor sua reserva de segurança, primeiro ponto a ser considerado para qualquer investidor, é aqui que ela deve ficar.

Quando o valor investido somar entre seis e doze meses de sua renda mensal, você vai estar num patamar de segurança confortável e pode começar a pensar nos investimentos de médio prazo.

Investimentos de médio prazo

Alguns objetivos não precisam de longo tempo de planejamento. Viagens, compra de equipamentos e alguns hobbies mais acessíveis podem estar inclusos em seus projetos de médio prazo.

Se o tempo de realização deles ficou previsto — na sua análise de objetivos, rentabilidade, disponibilidade financeira etc. — para algo em torno de dois a cinco anos, você está diante de objetivos de médio prazo.

Lembre-se que esse dinheiro vai ficar indisponível até o vencimento da aplicação e aqui, de forma alguma, pode estar um valor que ocasionalmente necessite de disponibilidade imediata, mesmo com perspectiva de reposição.

Investimentos de longo prazo

Esses devem ser os últimos em sua ordem de prioridade. Ao mesmo tempo, o retorno dele mora num horizonte mais distante. Projetos de aposentadoria, faculdade de filhos pequenos e tudo que diz respeito à construção de um futuro sem nenhum tipo de imediatismo se encaixa nos seus objetivos de longo prazo.

Em termos percentuais, dada a questão da falta indisponibilidade desses investimentos, é ideal manter um máximo de 20% de sua carteira de investimentos nas opções de longo prazo.

Depois de consolidada sua carteira de investimentos, uma proporção equilibrada de valores poderia ser de 40%, 40% e 20% para curto, médio e longo prazo, respectivamente, porém isso vai depender essencialmente do seu planejamento financeiro e dos seus objetivos, assim como o horizonte de cada um deles.

4. Os tipos de investimentos para investir a curto, médio ou longo prazo

Uma vez que os objetivos também estão claros, vamos às questões práticas: onde investir? Claro, aqui partimos do pressuposto que você já sabe da importância de conhecer os produtos financeiros e suas características. De toda forma, vamos olhar juntos para as opções reconhecidamente mais adequadas a cada prazo de investimento e objetivos.

Opções de curto prazo

1. Poupança

Embora não seja a melhor opção de investimento, precisamos considerá-la. Valores iniciais baixos podem ser direcionados à poupança, que tem liquidez permanente: pode ser resgatada assim que necessário, sem limite de valores.

Entretanto, não se furte de comparar a inflação do período com a rentabilidade da caderneta: o seu rendimento cerca de 0,5% + TR dificilmente consegue superar a desvalorização da moeda, pelo menos no cenário brasileiro atual.

2. Tesouro Selic

Os títulos do tesouro direto estão entre os investimentos mais seguros que existem. Sua remuneração é associada à taxa SELIC e, mesmo incidindo Imposto de Renda sobre sua remuneração e ainda taxa de administração, com um valor e prazo mínimos adequados ele se torna mais atrativo que outras opções.

Calcule a rentabilidade esperada para seis meses de investimento e um valor mínimo de R$ 50 mil e pode ser que encontre aí uma excelente opção de curto prazo.

3. Fundos DI

Também atrelados ao CDI e à taxa SELIC. Busque opções que remunerem além do CDI (> 100%) e tente optar por prazos mais elásticos para fazer deles uma opção atrativa.

Opções de médio prazo

1. Ativos de emissão bancária com carência, como CDBs, LCIs, LCAs, LCs, etc.

Você pode encontrar alguns artigos ou especialistas que sugiram o CDB para curto prazo; isso realmente pode ser possível, o que vai depender do binômio liquidez x rentabilidade. Para opções de tempo maior e com um valor inicial razoável você encontra percentuais maiores do CDI que, atingindo a casa dos 116%, por exemplo, já se tornam um bom negócio para médio prazo, desde que você abra mão da liquidez.

2. Tesouro prefixado (LTN)

As Letras do Tesouro Nacional, títulos públicos pré-fixados, conseguem retornos maiores que opções pós, dada a menor liquidez que oferecem.

Opções de longo prazo

1. Tesouro IPCA+

Os títulos do Tesouro Direto são investimentos bastante versáteis e também podem se adequar ao longo prazo. O Tesouro IPCA+ é uma boa opção por trazer uma rentabilidade segura ao longo dos anos, já que remunera sempre a inflação mais uma taxa de juros.

2. Fundos de Ações

Os fundos de ações equilibram a aplicação em ações da bolsa e têm a vantagem de ter tributação mais favorável, pois sua alíquota única é de 15%, independente do prazo de aplicação.

Detalhes que o investidor deve estar atento nessa escolha:

  • A rentabilidade passada, que serve de referência, embora não de garantia;
  • O currículo dos gestores, com seu tempo de experiência, empresas por onde passou e sua formação;
  • O reconhecimento da aplicação, escolhendo preferencialmente fundos com mais de três anos de existência.

3. Fundos Multimercados

Os fundos multimercado alocam os recursos de forma estratificada, em diferentes modalidades de investimento. Eles se sujeitam a políticas de investimento baseadas em fatores de risco e não se concentram em apenas uma modalidade de investimento. Seu posicionamento pode ser maior em bolsa em alguns períodos mais favoráveis e menor em períodos mais desfavoráveis.

Isso dá aos fundos multimercados um caráter de investimento de risco e o longo prazo traz, como vantagem, o equilíbrio de seus resultados como fruto dessa movimentação estratégica. Sua flexibilidade permite que diferentes estratégias sejam utilizadas para escolha do rumo dos investimentos, tais como:

Trading

Os fundos buscam comprar e vender ativos em momentos estratégicos, utilizando posições mais curtas e líquidas em movimentos de curto prazo que focam no preço dos ativos.

Macro

Essa estratégia antecipa fatores econômicos para especular o preço futuro dos ativos e se posicionar antes de forma direcional, para obter resultados a longo prazo.

Long & Short – Neutro

Essa estratégia também é conhecida como arbitragem. Seu fundamento é a compra à vista de ações, concomitante à venda de uma outra carteira de ações aproveitando-se de distorções, sejam por fundamentos ou gráfico.

Juros e moeda

Investir em ativos atrelados ao risco dos juros, índices de preço e moeda estrangeira é o foco dessa estratégia, que mira no longo prazo e se afasta do investimento em ações.

5. É melhor investir a curto, médio ou longo prazo

Depois de toda essa explanação, você já deve saber a resposta: depende. Levando em conta todos os fatores dos quais já tratamos, o equilíbrio entre os investimentos se dará conforme a necessidade individual de cada investidor.

A expectativa de rentabilidade pode ser aproximadamente a seguinte:

  • No curto prazo, oscilar entre 97% e 107% do CDI;
  • No médio prazo, entre de 110% e 118% do CDI;
  • No longo prazo, a rentabilidade será o IPCA mais uma taxa de juros fixa.

Lembre-se de que somente o aprendizado permitirá que você faça uma avaliação própria e segura das possibilidades de investimento que mais são adequadas aos seus objetivos. Por isso, deixo uma sugestão de leitura: Custos para cada tipo de investimento!

Um grande abraço,
André Bona
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André Bona possui mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro, tendo auxiliado milhares de investidores a investir melhor seus recursos e é o criador do Portal André Bona - site de educação financeira independente.

12 Comentários

  1. Olá, André!

    Já tenho aplicações de curto e médio prazos. Então estou pensando em investir para um prazo mais longo, visando a aposentadoria. Será que vale a pena aplicar em um RDB p/ 10 anos a 125% do CDI?

    Abraços.

  2. Olá André tudo bem? Tenho 26 anos, e estou querendo começar a fazer investimentos para curto prazo ( ex: viagem/carro), médio e longo prazo (aposentadoria). No momento tenho um montante de 20mil para meu emergencial, e vou começar a investir 1mil ou mais por mês. Pesquisando em seu blog e no seu canal no youtube, você fala que sempre temos que fazer um bom montante primeiro, para depois começarmos a fazer investimentos a médio e longo prazo. Minha dúvida é … Eu sei que não existe regra para isso, mais qual o valor mínimo de montante você acha que preciso ter para começar a valer a pena o investir de médio e longo prazo?

  3. Oi André, tudo bem? Estou com uma dúvida, tenho uma empresa, cujo dinheiro fica aplicado em um fundo (DI) com baixa taxa de administração. É possível abrir uma conta (PJ) para empresa na corretora e investir por ela? Ou é melhor eu retirar o dinheiro da empresa, deixando sempre e apenas um valor para o giro e investir pela pessoa física? É uma empresa de engenharia e não possuo sócio. Ainda na mesma questão e dependendo da sua resposta, o procedimento de investir com uma (PJ) é o mesmo que com uma (PF)? E as taxas e impostos são também os mesmos?

  4. heron bini da frota junior on

    Boa tarde. Mesmo as poupanças antigas (anteriores a 2012) que tem a forma de remuneração diferente das atuais, rendem menos que as opções de rendimento fixo (CDB, LCA, LCI, LC), por óbvio dependendo da taxa contratada.

    • Sim. Até porque só existe diferença entre a poupança nova e a antiga se selic estiver abaixo de 7,50% ao ano, o que só ocorreu uma vez na história. Porém, nesse cenário, a poupança antiga será melhor que a poupança nova. Porém continuará pior que os demais investimentos. Abs,

  5. Oi, André.
    Seus conteúdos são excelentes, muito obrigada.
    Ainda estou na fase de acumular patrimônio (investimento de curto prazo). Porém, minha dúvida que ainda não consigo esclarecer, por isso ainda estou presa na poupança, é sobre aportes mensais. Queria fazer aportes mensais no TD, mas não estaria investindo sempre no mesmo título e acumulando juros. Tenho a possibilidade de destinar até 800 reais mensais (variáveis) da minha renda por mês em um investimento, qual seria a melhor opção para acumular capital num primeiro momento?

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