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Ao entrar no mundo dos investimentos, é comum não se saber ao certo se as opções escolhidas estão trazendo resultados suficientemente bons. Números positivos efetivamente significam um bom negócio?

Claro que é fácil identificar quando vai mal, principalmente quando vai muito mal: o vermelho e a perda são patentes. Mas e quando vai bem, mas nem tanto, como saber? Se o investimento está dando retorno, isso por si só é sinal de que ele está valendo a pena?

Você vai precisar enxergar além do número propriamente dito para ter essa resposta e vai precisar conhecer duas definições que vão clarificar essa visão: o custo de oportunidade e o benchmark.

Entendendo o que é o custo de oportunidade

Desse conceito você já deve ter ouvido falar. Em linhas gerais, ele é fundamentado por uma pergunta: Onde eu poderia estar, se não estivesse aqui?

Custo de oportunidade é um conceito para a vida. Perceba que frequentemente você se pega fazendo essa análise. “Se não tivesse que entregar esse relatório, eu poderia sair mais cedo e resolver um problema no banco” ou “Não posso ir ao happy hour, porque preciso estudar”.

São comparações de oportunidades e de escolhas. Com os investimentos não é diferente: Onde você poderia investir seu dinheiro para ganhar mais que o que está ganhando agora?

O custo de oportunidade é a avaliação de quanto está custando perder a oportunidade de investir em outra coisa, que tem por característica ser líquida e certa.

Suponha que você tem R$ 50.000,00 que estão na poupança e você decide aplicá-los em outro investimento esperadamente mais rentável, como um título do Tesouro Direto, por exemplo. Qual é o custo de oportunidade ao optar por esse investimento? São os 6% garantidos pela poupança, que é um investimento líquido e certo.

Em linhas gerais, se pode dizer que ele é a referência de uma rentabilidade mínima que seja aceitável para você. Como é um conceito relativo, que varia conforme sua disponibilidade de dinheiro para investir, suas opções de investimento e seu perfil de investidor, não se pode dizer de forma absoluta qual o custo de oportunidade do seu dinheiro. Você é quem deve definir isso.

Mas você pode avaliar o retorno que tem tido com seus investimentos e compará-lo com outras opções, líquidas e certas, que você está deixando para trás ao optar por esse negócio específico.

Compreendendo o conceito de benchmark

Se você entendeu o que é o custo de oportunidade, agora sabe que ele é um parâmetro mínimo. Ele serve para comparar por baixo qual a rentabilidade mínima que você aceitaria para seu dinheiro e qual a rentabilidade efetiva que tem tido, identificando assim se seu investimento vai bem ou não.

O benchmark é um outro conceito que não compara pelo mínimo, mas pela média. Ele também funciona como uma referência, mas não para determinar qual o mínimo aceitável e sim, estabelecer uma média a ser superada.

Na prática, no mundo dos investimentos, o benchmark é uma comparação específica com alguma taxa ou indicador que represente o retorno médio dentro do segmento do seu investimento: se você tem investimentos em renda fixa, é uma taxa referencial para renda fixa. Se são opções de renda variável, ele também terá que fazer parte do universo de opções em renda variável. Do contrário, você estará comparando coisas absolutamente diferentes. Seria como contar de “um até verde”.

O benchmark também é um conceito pessoal. Para encontrar o adequado à sua comparação, pense em uma taxa que represente caracteristicamente os títulos nos quais você pensa em investir.

Sua avaliação é estruturada, em linhas gerais, assim:

  • Se seu investimento superou o custo de oportunidade esperado, mas não alcança o benchmark escolhido, então ele está fraco em relação às suas expectativas;
  • Se ele está bateu o benchmark escolhido e teve um rendimento comparado melhor, parabéns: está tendo um excelente desempenho;
  • Se ele não alcançou sequer um bom patamar em comparação ao seu custo de oportunidade, eis um péssimo negócio.

Benchmarks adequados para cada investimento

Para ajudar na escolha da melhor opção de comparação, eis um resumo das opções de benchmark do mercado financeiro, analisando como e quando elas são comumente usadas:

  • No Brasil, comumente se usa o CDI, que tem variação bem aproximada da taxa SELIC, para investimentos de renda fixa e o índice Ibovespa para o mercado de renda variável, na avaliação de ações e fundos de ações. Há também fundos de ações que preferem usar o IPCA como referência acrescendo um ganho real (IPCA + 4%, por exemplo);
  • Para a maioria dos LCIs, LCAs, CDBs e fundos de renda fixa e multimercados, o CDI é uma excelente opção, frequentemente usada;
  • Em carteiras de investimento mais diversificadas, o CDI é usado muitas vezes como comparativo de custo de oportunidade, haja vista a expectativa de que o retorno pelo menos supere o CDI;
  • Se você quer olhar além do mercado brasileiro, precisa buscar referências externas. Para o mercado acionário, o americano S&P 500 e o Nikkei 225 são exemplos de benchmark, enquanto para títulos de renda fixa, o UST 10Y é uma escolha comum lá fora;
  • Não esqueça que o melhor é analisar sua carteira de investimentos de forma global e definir um benchmark para comparação, senão você corre o risco de se atentar demais às variações de curto prazo e esquecer de olhar mais adiante. Fazendo isso, você pode estar incorrendo em vários erros relativos aos seus custos de oportunidade.

A importância de acompanhar a performance da sua carteira

Mesmo com um administrador da carteira (ou com um serviço de assessoria de investimentos), é fundamental que o investidor também acompanhe o desempenho de seus negócios e a escolha dos indicadores mais adequados.

Há diversos fatores e indicadores mais subjetivos aos quais você precisa sempre se manter atento para direcionar da melhor forma seus investimentos. Como se sabe, as flutuações econômicas e políticas impactam de forma muito incisiva no mercado financeiro. Avaliar o desempenho da economia, os índices financeiros e as taxas de juros são blindagens que você pode utilizar para minimizar perdas.

Amadurecer o entendimento do mercado financeiro, conhecer suas peculiaridades e estar atento aos seus investimentos são as ferramentas que fazem de você um bom administrador de seus negócios e esse é o fator principal para o sucesso deles.

Entendeu como esses conceitos ajudam a avaliar se seu investimento está dando certo? Comente com a gente o que achou!

Grande abraço,

André Bona

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André Bona possui mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro, tendo auxiliado milhares de investidores a investir melhor seus recursos e é o criador do Portal André Bona - site de educação financeira independente.

4 Comentários

  1. Muito bom esse texto !! Realmente é importante sempre levar em conta o custo de oportunidade .André vou deixar uma dica : porque você não desenvolve e compartilha uma planilha simples em Excel comparando a rentabilidade das principais formar de investimento ( tipo CDBs, LCI LCA etc … e até poupança) e assim conseguir identificar qual é o mais vantajoso levando em conta tempo de aplicação, taxas corretora, imposto de renda, quando rende do CDI etc ….. acho que isso ajudaria muito o investidor iniciante . Abraços !

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