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Olá!

Nesse artigo falarei pra vocês como, enquanto uns choram, outros vendem lenço. Gosto de contar uma historinha fictícia para ilustar como um investidor na bolsa pode ganhar dinheiro com a queda das ações. Vamos a ela.

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Imaginem vocês que um representante comercial precisa fazer uma viagem de 15 dias para apresentar seus produtos para clientes do interior da Bahia.

Ao invés de levar o próprio carro, o representante opta por alugar um veículo. Vai até uma locadora e escolhe um carro popular de valor aproximado de mercado de 30.000,00. A locadora cobra 1.000,00 pelos 15 dias de aluguel, com pagamento na devolução do veículo. O representante precisa apenas deixar uma garantia, atrelada ao seu cartão de crédito.

Carro na mão, começa a viagem. Pega a BR-101 e vai subindo… São Paulo… Rio de Janeiro… Espirito Santo… Bahia…

Então, quando ainda está passando pelo RJ, escuta na rádio local uma nova informação: foi identificado um determinado problema de fabricação justamente no veículo que ele alugou. O problema não compromete a segurança do veículo, mas elimina a funcionalidade de um importante item de conforto do veículo.

O representante segue viagem. E, já no interior da Bahia, pára numa lanchonete. Vai tomar um café. Alguém se aproxima e iniciam uma conversa. O representante então percebe que o seu novo amigo, não está sabendo do problema com o modelo do veículo que ele dirige. Nesse momento, o representante percebe uma oportunidade. Chama o novo amigo pra fora da lanchonete e mostra o “seu” carro. E diz:

“Olha que carro bacana esse meu. Estou precisando vender. O senhor teria interesse em comprar?”

Então o seu novo amigo gosta da oferta e diz: “É, o carro está muito bom! Por quanto você está vendendo?”

Nosso representante: “30 mil é o valor dele!”

O senhor prontamente aceita a proposta e adquire o veículo, pagando à vista, os 30 mil.

Observação: notem que o representante vendeu um carro que NÃO lhe pertencia, certo? Agora, ele precisará, ao final dos 15 dias de locação, devolver o mesmo carro que ele alugou.

O representante então continua sua viagem de ônibus. Chegando numa outra cidade, já dois dias depois, pára numa praça e um taxista conversando com outro, comenta sobre o defeito de fabricação do veículo. E mais ainda: que ele tem justamente aquele carro e que o mesmo está muito desvalorizado. Não consegue vendê-lo.

Nosso representante se aproxima do taxista e pergunta: “Você tem interesse em vender o carro problemático?”

O taxista: “Sim, claro.”

Representante: “Ofereço 20 mil nele à vista!”

O taxista meio em dúvida, resolve aceitar a oferta e, assim o negócio é concluído.

No dia da devolução do carro para a locadora, o representante chega lá com o mesmo modelo que locou, comprado do taxista, e cumpre rigorosamente com seu compromisso.

Resumo:

1) O representante alugou um carro por 1.000,00

2) O representante vendeu o carro QUE NÃO ERA SEU por R$ 30.000,00

3) O representante comprou um carro igual pelo valor de R$ 20.000,00

4) O representante vendeu um carro e recomprou por um preço inferior, depois da queda de seu preço.

5) O representante teve o seguinte lucro: R$ 30.000 – 1.000 – 20.000 = R$ 9.000,00 em cima de um bem que nem era dele.

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Agora, veja como ganhar com a queda das ações!

Você sabia que pode fazer o mesmo no mercado de ações? Você sabia que pode GANHAR DINHEIRO com a queda das ações? Você sabia que pode alugar uma ação, vendê-la, esperar cair, recomprá-la mais barato novamente no futuro e devolvê-la ao proprietário?

Algumas vezes, ao explicar essa operação em cursos, vem a seguinte pergunta: “André, mas isso é legal?” Lógico que é! Eu iria colocar alo ilegal aqui no nosso Blog?

Ganhar dinheiro com a queda das ações é perfeitamente legal. É uma operação inclusive muito normal e corriqueira. Obviamente, altamente especulativa com fatores de risco elevados, mas existe e pode ser utilizada por qualquer um.

Resumindo, qualquer investidor de bolsa consegue ganhar dinheiro na queda das ações.

Vamos dar um exemplo clássico, dos 6 meses da crise de 2008:

Usaremos aqui, a mesma estratégia demonstrada no artigo anterior, as médias móveis (clique aqui para ler o artigo). Só que ao invés de operamos comprando, operaremos vendendo sem ter as ações para ganhar com a queda.

Vejam no exemplo abaixo, as ações da VALE5:

Vamos ler o gráfico em conjunto:

– A linha verde suave é a média móvel de 40 períodos aritmética (clique aqui para ler o artigo sobre médias móveis)

– A linha pontilhada próxima aos candles é a média móvel de 9 períodos exponecial

– A linha horizontal azul eu tracei apenas para que possamos ver o valor da entrada na operação, que é em 45,61 por ação

– A linha horizonta vermelha, eu tracei apenas para que possamos ver a saída da operação, que é em 21,53 por ação

– A diagonal preta, é a “reta evolução” que demonstra aqui, a diferença, a queda da ação entre o ponto de entrada e o ponto de saída da operação

Como foi essa operação:

Usando as médias móveis como estratégia, no momento em que a pontilhada cruzou a verde pra baixo, no início de junho de 2008, conforme indicado pela seta vermelha e pela bolinha vermelha. Nesse momento, o investidor ALUGOU ações da Vale e as VENDEU no preço de 45,61. Considerando que o volume vendido foi de 1.000 ações, então ele colocou no seu caixa o valor de R$ 45.610,00. E manteve-se nessa posição até que as médias cruzassem para compra.

Em dezembro de 2008, 6 meses depois, conforme indicado pela seta verde e pela bolinha verde, o investidor COMPROU as ações da Vale pelo valor de 21,53. Assim, pagou R$ 21.530,00.

O custo do aluguel das ações da Vale é muito barato. Em torno de 1% ao ano, pró-rata. Nesse caso, consideraremos o custo do aluguel em R$ 500,00 chutado pra cima.

Resumo da operação:

– Venda de 1 mil ações VALE 5 a 45,61: R$ 45.610,00 (+)

– Aluguel de 1 mil ações VALE5: R$ 500,00 (-)

– Compra de 1 mil ações VALE5 a 21,53: R$ 21.530,00 (-)

– Lucro na operação: R$ 23.580,00!!!

Observem que nesse exemplo, um investidor que “operou vendido”, conforme apresentado aqui, obteve um lucro de mais de 23 mil em cima de um dinheiro que nem era dele. Já o investidor que não sabe operar no mercado, e só investe comprando, teve um prejuízo, no mesmo período, de 52,66%.

A essa operação chamamos de “operar vendido” ou “aluguel de ações”.

Espero que tenham gostado! A bolsa oferece oportunidades (e muitas) também quando está em queda.

Grande abraço,

André Bona

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André Bona possui mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro, tendo auxiliado milhares de investidores a investir melhor seus recursos e é o criador do Portal André Bona - site de educação financeira independente.

21 Comentários

  1. Parabéns pela iniciativa em explicar mais sobre o tema.

    Gostaria de tirar uma dúvida. Para que ele alugasse as ações, primeiramente, ele teria que ter comprado anteriormente? isso ese exemplo que você expôs seria no mercado futuro??

  2. Explicação bem didática. O risco é alto: se as ações subirem, além do dinheiro da venda, teria que se ter mais dinheiro para cobrir o aumento no valor das ações, fora o pagamento do aluguel. Poderia esperar as ações baixar, mas quanto mais tempo esperar, mais podem subir e mais aluguel a pessoa teria que pagar. Essa é visão pessimista. Na visão otimista, você mostrou que com 500 reais dá para chegar a 23000 em 6 meses.

    • Sim, o risco é alto. Essa operação é chamada de “short”, o que significa que um investidor não se posiciona nela para longos períodos, justamente pelo risco do preço da ação “nunca mais voltar”.

  3. Bom dia!

    Nesse caso como faço através do meu HB para alugar as ações? Tem um período mínimo e máximo para manter as ações locadas em minha posse?
    Qual o valor que devo possuir para aluga-las, em percentual sobre o montante?
    Obrigado

  4. Leandro Fernandes on

    Prezado André Bona

    Muito obrigado pela extraordinária dica, tudo o que eu precisava descobrir ref. ao tema encontrei aqui….
    Mande mais informações.

    Forte abraços e sucesso !!!

    Leandro Fernandes

    • Loraine, a historinha do veículo é um exemplo puramente didático para mostrar como é uma operação de venda a descoberto.

      Certamente, no caso do veículo, não é possível acontecer o que mencionei aí.

      Mas no caso das ações, existe uma coisa chamada custódia fungível, cujo conceito é o seguinte:

      Custódia fungível

      Serviço de custódia no qual os valores mobiliários retirados podem não ser os mesmos depositados, embora sejam das mesmas espécie, qualidade e quantidade. Deixa de existir a necessidade de se retirar exatamente o mesmo certificado depositado.

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