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O clube de investimento é um caminho eficiente para quem quer ingressar no mercado de ações, mas ainda tem poucos recursos e conhecimentos acerca da renda variável. Desta forma, um grupo de pessoas pode se unir, juntar um capital maior e, assim, aproveitar as vantagens da bolsa de valores.

Você talvez se pergunte: um fundo de investimento não é a mesma coisa? Na verdade, não. Como veremos a seguir, o clube e o fundo possuem diferenças significativas, como o número de cotistas.

O clube de investimento tem uma regulação própria por parte da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Instrução nº 494/2011, que trata dessa modalidade de aplicação.

Conheça agora 7 fatos fundamentais sobre o clube de investimento.

1. Número de participantes

Assim como um fundo, um clube de investimento é formado como um condomínio, em que pessoas somam os próprios recursos, dividem os custos operacionais das aplicações e distribuem proporcionalmente os eventuais ganhos.

Logo, o capital é dividido em cotas nas duas modalidades. A diferença é que o clube precisa ter pelo menos três pessoas físicas brasileiras para ser formado e não pode ter mais do que 50 integrantes por grupo. Além disso, nenhum participante do clube poderá ter a posse de mais de 40% do total de cotas do grupo.

Outra distinção em relação aos fundos de investimento é que as cotas do clube não podem ser negociadas em mercados organizados, como a bolsa de valores. O nome do grupo formado ainda precisará ter a expressão “Clube de Investimento”.

2, Administração do condomínio

Mesmo que o clube seja uma proposta um tanto pedagógica, no sentido de servir como forma de aprendizado para quem quer ingressar no mercado de ações, ele também precisa ser formalizado, como um fundo.

O clube de investimento precisa de um administrador, que pode ser uma corretora de títulos e valores mobiliários (CTVM), uma distribuidora (DTVM) ou um banco múltiplo que possua carteira de investimentos. Esse administrador ficará responsável pelo registro do clube numa entidade de mercado organizado e pela oficialização do ingresso dos participantes. Em alguns casos, pode ocorrer de haver um valor mínimo para formação do grupo.

O clube também precisa ter um estatuto, que estabeleça algumas regras de funcionamento, como normas para pedido de resgate das cotas. Por exemplo, pode ocorrer de haver um prazo de carência, que nada mais é do que um limite de tempo mínimo para se resgatar o dinheiro investido no clube.

3. Gestão do clube de investimento

Outra semelhança entre um fundo e um clube de investimento é a figura do gestor, que é a pessoa responsável por tomar decisões relativas à alocação de recursos, como a compra e a venda de ações. Entretanto, no caso do clube, o gestor pode ser pessoa física ou jurídica.

Por vezes, administrador e gestor podem ser a mesma instituição. Uma peculiaridade do clube é que a gestão da carteira de ativos poderá ser feita por um ou mais cotistas, desde que tenham sido escolhidos pelos demais participantes do grupo, em assembleia geral. Se isso ocorrer, vale lembrar que o gestor não poderá ter remuneração e não poderá gerenciar mais de um clube.

O clube possui uma taxa de administração, relativa ao administrador, e também pode ter uma taxa de performance, relacionada ao desempenho do gestor, quando um profissional é contratado para essa função. Caso haja essa taxa referente aos resultados do clube, a remuneração só será dada ao gestor se o desempenho ultrapassar 100% do padrão de referência (benchmark), por exemplo, a performance do índice Bovespa.

4. Composição da carteira

Para que possa funcionar conforme estipula a Instrução nº 494/2011 da CVM, a carteira de ativos do Clube de Investimento deve possuir, no mínimo, 67% do patrimônio líquido aplicado em: ações; bônus de subscrição; debêntures conversíveis em ações, emitidas por companhias abertas; recibos de subscrição; cotas de fundos de índices de ações (ETFs) negociadas em mercado organizado; e certificados de depósitos de ações.

O restante do patrimônio do clube poder ser aplicado em outros tipos de valores mobiliários emitidos por companhias de capital aberto, em cotas de fundos de investimento, em títulos públicos federais, entre outros ativos.

5. Estratégia de compra e venda de ativos

A assembleia de cotistas deve aprovar a política de investimentos do clube, que norteará a atuação do gestor. Por exemplo, ele pode utilizar a análise técnica, que visa a ganhos no curto prazo com base nas oscilações dos preços das ações, ou a análise fundamentalista, que objetiva lucros no longo prazo, a partir do crescimento das companhias.

Os integrantes do clube também decidirão as estratégias de gerenciamento de risco que serão utilizadas pelo gestor, de modo a minimizar perdas. O estatuto do clube ainda deve tratar da maneira como serão distribuídos eventuais resultados dos ativos, como os dividendos (participação nos lucros) das companhias.

6. Tributação

Uma das vantagens do clube de investimento é que a tributação é simplificada, logo, não há incidência de Imposto de Renda sobre todas as operações em que houver lucro. Na verdade, o cotista paga 15% de IR sobre o rendimento líquido somente quando fizer o resgate das cotas.

7. Resgate

Como já mencionamos, o resgate de cotas é um assunto que precisa estar bem claro no estatuto do clube. Afinal, a retirada de recursos pode interferir bastante na performance da carteira de ativos. Como você deve imaginar, na renda variável, é preciso saber o momento mais oportuno para se fazer a chamada “realização de lucros”, por isso, se o investidor retira o dinheiro antes do tempo pode sair com prejuízo.

A Instrução nº 494/2011 da CVM estabelece que o estatuto do clube deve fixar o prazo entre o pedido de resgate e a data da conversão das cotas em dinheiro em espécie. A orientação ainda salienta que o pagamento ao investidor deve ser feito por meio de cheque, crédito em conta-corrente ou ordem de pagamento, num prazo que não pode ultrapassar cinco dias úteis, a contar da conversão das cotas.

Como se pôde perceber, o clube de investimento é uma forma mais simples de pessoas ingressarem no mercado de ações. Ainda assim, é preciso haver afinidade entre os integrantes do grupo, para que todos caminhem em harmonia rumo ao objetivo comum de aproveitar as oportunidades do mundo dos investimentos.

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Grande abraço!

André Bona

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André Bona possui mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro, tendo auxiliado milhares de investidores a investir melhor seus recursos e é o criador do Portal André Bona - site de educação financeira independente.

7 Comentários

  1. Participo de um grupo de colegas engenheiros formados há 50 anos. Queremos montar um clube de investimento em ações. Qual valor minimo total que voces aceitam para administrar?
    As ordens de compra e venda seriam feitas por um nosso colega. Aguardo Eugenio

  2. ola

    Para que o um dos cotistas seja o gestor remunerado, ele tem que ter obrigatoriamente a certificação CGA? Um analista CNPI ou CPF registrado na CVM tbm pode? desde já obrigado.

  3. Gilberto Sirianni on

    Andre bom dia

    Excelente artigo. Fiz recentemente a prova da Ancord e agora tento tambem a certificação do CEA.
    Como sempre utilizo seus posts como material de estudo. Sempre claros, concisos e precisos.
    Parabens

  4. Boa tarde Andre.
    Achei muito interessante seu artigo. Eu e meus colegas de trabalho conversamos muito sobre mercado financeiro, e a pouco tempo um deles comentou sobre grupo de investimentos. Após ler seu artigo, acabei ficando animado porém com novas dúvidas. Você poderia dizer aonde posso encontrar material sobre grupo de investimentos?
    Você também assessora grupos de investimentos ou somente indivíduos?
    Sds, Alessandro.

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