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Nesse artigo vamos falar da necessidade de diversificação dos investimentos.

Por mais que se fale sobre o assunto, existem sempre dúvidas ocultas ou discordâncias sobre a importância dessa diversificação. Nossa tentativa aqui será mostrar porque a diversificação é algo natural, necessário e benéfico.

Diversificação x potencial de retorno

Muitas vezes repetimos o “mantra da diversificação”. Ouvimos parentes, amigos, pessoas do mercado. Todas falando em diversificação. O problema (acho que há aqui um problema de comunicação) é que 100% das vezes as pessoas entendem que diversificação existe simplesmente para redução do risco. É um raciocínio que tem toda lógica, no entanto a redução do risco não é o único benefício da diversificação. Aliás, a diversificação não é nem uma estratégia. É uma necessidade e ocorre naturalmente para quem quer montar um portfólio de investimentos.

E aí já conversei com alguns investidores que me disseram:

Investidor: André, não quero diversificar meus investimentos!

Eu: Por que?

Investidor: Porque se eu reduzo risco, eu também reduzo retorno e meu objetivo é ter retorno!

É nessa hora que fica muito clara a falha de comunicação que informei mais acima. Vamos detalhar alguns aspectos.

O fator prazo do dinheiro

Vamos supor que um investidor possua um custo de vida mensal de 10 mil e possua reservas financeiras de 200 mil. Como ele vai turbinar seus investimentos de forma adequada? Justamente diversificando. O benefício inicial de uma diversificação não é necessariamente a queda de rentabilidade, mas sim o ganho de rentabilidade.

Então, esse cliente vai lá no banco e faz um CDB cuja rentabilidade é de 95% do CDI e liquidez imediata. Coloca lá os 200 mil nessa modalidade.

Porém, se esse mesmo cliente fizer alguns ajustes, poderá diversificar em busca de maior rentabilidade.

Como?

O recomendado é que um investidor deixe entre 6 e 12 meses de custo de vida em investimentos de boa liquidez. Então, dessa forma, esse nosso investidor pode pegar 60 mil, por exemplo, e manter nessa aplicação que conseguiu. Pegar outros 60 mil e posicionar em títulos com razoável liquidez (até 6 meses), como LCIs, por exemplo, onde poderá obter perto de 118% do CDI (considerando prazo de 6 meses e eficiência tributária). Com mais 60 mil, poderá procurar fundos de investimentos multimercados, cujo objetivo será o de buscar algo em torno de 120% do CDI. E com os últimos 20 mil, quem sabe, posicionar em renda variável (ações), títulos do tesouro nacional atrelados ao IPCA ou debêntures?

Dessa forma, trabalhando os prazos do dinheiro, a rentabilidade da carteira tende a crescer substancialmente, justamente por conta da diversificação.

Mas e se o investidor for 100% conservador?

Bem, nada impede que ele faça o fatiamento de sua carteira adicionando no capital de prazo mais longo, debêntures, títulos públicos e etc e obter também uma rentabilidade superior para sua carteira.

O ganho de rentabilidade

Ao invés de obter toda a rentabilidade de 95% do CDI, o investidor terá a oportunidade de, via diversificação, buscar alternativas melhores para os capitais de prazo mais longo, obtendo assim, no total da carteira, maior rentabilidade.

E por que então o investidor não coloca todo o dinheiro na aplicação de maior rentabilidade?

Porque para obter maior rentabilidade, o investidor fatalmente terá que perder liquidez e/ou correr risco adicional. E ele não deve fazer, em hipótese alguma, com o seu capital de segurança. Dessa forma, a idéia de colocar todo o capital numa única aplicação de longo prazo, é extremamente arrojada e sem o menor sentido.

Por isso, a primeira necessidade de diversificação não vem somente da redução do risco, mas principalmente dos prazos dos recursos que possuímos.

Já observei investidores que optaram pela maior rentabilidade ao invés de diversificar sua carteira em prazos. Num primeiro momento, possuem a sensação de que estão ganhando mais. Aí, surge um imprevisto financeiro e eles estão com as posições todas travadas. O que ocorre? Ele não tem como resgatar! E aí, vai e contrai um empréstimo! Ou seja: jogou dinheiro no lixo, pagando taxas de juros elevadas quando poderia ter um dinheiro para liquidez. É um exemplo de como uma aparente rentabilidade superior escorre pelo ralo sem que o investidor se dê conta.

A diversificação burra

As vezes, conversando com profissionais do mercado financeiro cujo objetivo único é  a venda de produtos, o mantra da diversificação é o argumento embasador da venda de produtos que, nem sempre, será o melhor para cada investidor.

Podemos receber uma ligação de alguém informando: “olha, acho que você poderia ter um pouco de dinheiro aqui na previdência e um pouco também nisso e naquilo outro, uma vez que você deve diversificar seus investimentos”.

Assim, comprar produtos variados necessariamente não quer dizer diversificação. E muito provavelmente não vai querer dizer também, eficácia do portfólio.

A diversificação deve estar, portanto, subordinada a uma visão integrada e estratégica de carteira de investimentos. Subordinada ao planejamento financeiro pessoal.

Chamo de diversificação burra o simples ato de comprar diversos produtos diferentes sob esse argumento.

E quanto à diversificação do risco?

Sim! Vamos falar disso também. Vejam como é fácil essa compreensão:

Existe uma relação clara entre risco x retorno em investimentos. Se eu tenho dois CDBs, um na Caixa Econômica Federal e outro no Banco “da Esquena”, ambos com o mesmo retorno, certamente optarei pelo da CEF. Dessa forma, a taxa do banco “da Esquina” PRECISA ser maior do que a da Caixa, pois a percepção é de risco adicional. Esse risco adicional precisa ser premiado.

Pegando nesse exemplo um terceiro banco, como o Banco “da Rua”, por exemplo, e o cenário abaixo:

> CDB Caixa = 95% do CDI*

> CDB da Esquina = 100% do CDI*

> CDB da Rua = 105% do CDI*

> * taxas ilustrativas

Vamos supor que eu entenda que 105% do CDI, tudo no banco da Rua, represente um risco elevado. Dessa forma, por outro lado, eu acho que o 95% do CDI da CEF é um retorno baixo. Assim, gostaria de posicionar minha carteira no 100% do CDI.

Tenho duas formas de fazê-lo:

  1. Pegando todo o capital que disponho e adquirindo CDBs do banco da Esquina = 100% do CDI
  2. Pegar o meu capital e aplicá-lo: 1/3 na CEF, 1/3 no da Esquina e 1/3 no da Rua = 100% do CDI

Reparem que nesse caso a diversificação será utilizada para melhorar o meu risco com a mesma rentabilidade pretendida. Trata-se de uma alocação eficaz.

O que a diversificação pode me proporcionar?

Conforme mostrei aqui, há vários benefícios para a diversificação, mas SOMENTE QUANDO É TRATADA DE FORMA ESTRATÉGICA, com proporções estudadas e adequadas a cada perfil de investidor.

Nesse caso, ao fazer uma análise de uma carteira de investimentos, a diversificação pode responder a duas perguntas do investidor:

  1. Como obter o mesmo retorno de minha carteira atual, porém reduzindo o risco?
  2. Como melhorar minha rentabilidade com o mesmo risco que corro atualmente?

Conclusão

Dessa forma, observamos que a diversificação possui inúmeros benefícios e torna-se obrigatória na medida em que nosso capital possui prazos diferentes. Podemos, portanto, através da diversificação, melhorar nossa rentabilidade ou mantê-la reduzindo nosso risco.

NÃO PENSE EM PRODUTO! PENSE EM ESTRATÉGIA DE INVESTIMENTO!

Um grande abraço,

André Bona

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André Bona possui mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro, tendo auxiliado milhares de investidores a investir melhor seus recursos e é o criador do Portal André Bona - site de educação financeira independente.

5 Comentários

  1. Olá Andre. Sou iniciante, e bem iniciante, tenho visto muito seus videos e entre eles os chamados pos fixados com liquidez diária. Você poderia me falar alguns deles pra eu ter como “molde” e onde consigo encontrar esses, nas corretoras?
    Grato
    Airton Silva

  2. ola querem ganhar muito dinheiro mesmo?
    abram um factoring e cobrem 6% a 7% na compra de titulos futuros
    ai sim vão encher a burra de ganhar money
    são agiotas legalizados

  3. Salomão Rodrigo on

    E diversificação para curtíssimo prazo, 1 ano por exemplo, há necessidade? Desconsiderando o fator risco e considerando o critério RENTABILIDADE. Fazendo as simulações (que são meras simulações), uma LCI de 99% CDI por 1 ano com iniciais de 20 mil reais rende ao final em torno de 23 mil (3 mil de lucro). Procuremos em seguida nova LCI ou outro título privado que melhor remunere em 1 ano e colocamos os 23 mil do ano passado + 24 mil (economia feita de 2 mil (30% do salário) a cada mês) totalizando 47 mil neste título. No 3º ano e próximo com o mesmo raciocínio, sempre guardando (poupança ou qualquer outro lugar que possa sacar a qualquer momento) 2 mil para serem colocados no título do ano seguinte. Desta forma, percebi que o rendimento tende a ser maior que se alocarmos 70% em LCI 99% CDI 1 ano, 20% em LCA 15,65%a.a Pré 2 anos e 10% em um NTNB Princ IPCA + 7,39 renderiam menos que se fossem acumulados na LCI 99% de 1 ano. Tenho dúvidas até onde a diversificação é viável em termos de rentabilidade considerando o prazo de 1 ano.

  4. Caro, André!

    Já li alguns materiais sobre a importância da diversificação.

    Concordo sobre a importância, sobre a necessidade da diversificação, mas há uma situação particular em que eu não creio que a diversificação seja necessária. Gostaria muito se pudesse dar sua opinião.

    A situação em que tenho dúvidas quanto à necessidade de diversificação é quando investimos em títulos pós-fixados, estando convictos que os resgataremos apenas no vencimento.

    Faço tal colocação pelo seguinte (baseado na situação minha e de minha esposa):

    – Ao resgatarmos títulos no vencimento, já saberemos sua rentabilidade real, descontada a inflação. Não são como ações ou fundos imobiliários, por exemplo, que podem render mais ou menos do que o esperado.

    – Colocando 80% do nosso patrimônio líquido no Tesouro IPCA+ 2035 (NTNB Princ), eles resultariam em R$ 1 milhão aos 55 anos (considerando-se um cenário de inflação zero, para termos uma melhor ideia do quanto o investimento renderia de fato), o que seria praticamente a aposentadoria minha e de minha esposa.

    Ou seja, já saberíamos quanto receberíamos, quando receberíamos e que esse valor seria o suficiente para nossos objetivos futuros, e estando o investimento na aplicação dita como a mais segura do mercado.

    Claro, mesmo sendo o investimento mais seguro, pode acontecer de o Governo dar calote, afinal, não temos como saber o futuro.

    Mas vamos, então, partir do princípio de que o Governo não honre com o acordo e não pague os títulos. Bom, teríamos perdido tudo o que investimos! Mas, se tivéssemos diversificado, imagino que teríamos perdido quase tudo também, pois ocorrendo uma situação assim, o país estaria em uma crise tão profunda que nem fundos imobiliários ou ações (ou até mesmo a poupança) teriam escapado de uma desvalorização gigantesca.

    Meu raciocínio faz sentido, André? Ou há armadilhas que ainda não percebi nesse raciocínio?

    Forte abraço e parabéns por mais um excelente post.

    • Opa!

      Um detalhe: você não está considerando todos os seus investimentos, mas tão somente aqueles de longo prazo. Quer ver? Você disse:

      “Claro, mesmo sendo o investimento mais seguro, pode acontecer de o Governo dar calote, afinal, não temos como saber o futuro.”

      Se você acha isso, então como não admitir que você tenha imprevistos financeiros? Como não admitir que seus planos mudem e você resolva fazer gastos não programados durante esse prazo? Você retiraria desse título sabendo que muitas vezes ele pode até se desvalorizar?
      Para efeito de planejamento financeiro, onde estaria sua reserva de emergência? Sua reserva para gastos mais curtos, como cursos, viagens, imprevistos, educação (própria e dos filhos, por exemplo)? Onde estará o dinheiro para a troca de carro? Você permanecerá com seu mesmo carro de hoje até 2035?

      Você considerou na sua análise apenas uma parte dos investimentos. Aqueles de longo prazo. E o resto da sua vida financeira, onde fica?

      Abs,
      A.B.

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