*Este artigo foi produzido pela Magnetis com exclusividade para o Blog de Valor.
Já parou para pensar que guardar dinheiro pode ser uma tarefa mais fácil se você separar quantias de acordo com cada um dos seus objetivos financeiros? Você sabia que esse é o conceito de “gavetas mentais”? Neste post vou falar sobre como ele pode ser aplicado aos seus investimentos.
Primeiro, vamos analisar três perfis hipotéticos de investidores:
Perfil 1: recebe o salário, paga as contas e coloca na poupança o que sobra, mesmo sabendo que o rendimento é ruim. Como não tem um objetivo muito claro em mente, acaba deixando o dinheiro lá mesmo porque não consegue decidir onde investir.
Perfil 2: quer fazer um intercâmbio e sabe que tem que guardar dinheiro por pelo menos um ano antes de arrumar as malas. Ao receber o salário, separa uma quantia fixa todo mês para essa viagem.
Perfil 3: tem filhos pequenos e se preocupa com a educação e o bem-estar deles no futuro. Além disso, quer ter uma vida mais confortável quando parar de trabalhar. Assim, recebe o seu salário, paga suas contas e divide o que sobra entre uma reserva para a faculdade deles e outra para a aposentadoria.
Percebe que cada um dos perfis está investindo de forma diferente? O perfil 1 está apenas poupando, não tem um objetivo definido. Já os perfis 2 e 3 estão em busca de metas pessoais e para a família.
Agora, uma pergunta: se surgir uma promoção muito atraente (de uma TV ou um smartphone de última geração, por exemplo), qual dos três perfis estará mais propenso a gastar o dinheiro que tem guardado? Antes de dar a resposta, eu quero apresentar para você alguns conceitos.
Colocando cada investimento em seu lugar
Quando você destina determinada fatia da sua renda mensal a algum objetivo financeiro, nem que ele seja “pagar as contas”, você está separando o dinheiro em uma espécie de caixinha ou “gaveta mental”. Ou seja: você tem consciência de que aquele dinheiro será usado exatamente para aquele objetivo. Ponto final.
Aplicando essa lógica aos investimentos, é possível separar quantias mensais para cada objetivo: intercâmbio, faculdade dos filhos, aposentadoria, etc.
Ter uma meta financeira que induza você a poupar é um grande avanço para quem tem dificuldade de lidar com dinheiro. A beleza dessa ideia da gaveta mental é de que ela pode ajudar – e muito! – no desenvolvimento da disciplina na hora de investir.
A ciência já vem estudando há anos a forma como as pessoas lidam com dinheiro. Tanto é que o Prêmio Nobel de Economia de 2017 foi concedido ao professor Richard Thaler, que fez estudos nos quais concluiu que os indivíduos fazem as escolhas financeiras mais cômodas para si e não necessariamente as melhores.
Uma saída para evitar o descontrole financeiro seria usar o método das gavetas mentais para separar a sua renda em diferentes objetivos, colocando o dinheiro necessário para cada meta em seu devido lugar.
Mas, para que esse método funcione bem, é preciso ter objetivos claros. E isso nos leva ao próximo tópico.
Investindo com um objetivo claro
Imagine que eu esteja juntando dinheiro para viajar. E eu tenho uma ideia de para onde quero ir (imagine um lugar com uma bela paisagem, cachoeiras e muito verde). Mas de qual lugar do mundo eu estou falando?
Relacionando esse exemplo a investimentos, você pode até argumentar: “Mas é possível guardar dinheiro para viajar mesmo sem saber para onde quero ir”. Muito bem! Porém, o que se gasta para ir a Foz do Iguaçu é bem diferente da quantia necessária para ver as Cataratas do Niágara. Captou a mensagem?
Resumindo: quanto mais objetivas forem as metas, mais claros ficam os passos necessários para alcançá-las.
Assim, ao invés de poupar indefinidamente, é possível saber com antecedência quanto dinheiro você tem que separar por mês para fazer uma viagem, cuidar da educação dos filhos, ter uma renda melhor quando se aposentar, etc.
A propósito: poupar indefinidamente não é ruim! É muito melhor do que não poupar nada. Só que uma pessoa que não sabe muito bem o motivo pelo qual está guardando dinheiro é muito mais propensa a gastá-lo com supérfluos e comprometer todo o esforço que fez para poupá-lo.
Enfim, a resposta sobre predisposição para gastar
Chegamos agora à resposta para a pergunta que fiz no início do texto. Afinal, qual dos três perfis estaria mais predisposto a gastar o que poupou?
- Perfil 1: que não tem nenhum objetivo definido.
- Perfil 2: que tem um objetivo de curto prazo (intercâmbio).
- Perfil 3: que pensa em um futuro distante (filhos e aposentadoria)
A resposta é: depende. Em qualquer uma dessas três situações é possível ser muito bem-sucedido em guardar dinheiro para o futuro.
Entretanto, podemos dizer que o perfil 1, que não tem um objetivo definido, poderia ser mais propenso a um gasto inesperado, pois tem “menos compromisso” com sua poupança e seus investimentos.
No fim do dia, tudo depende da disciplina de quem poupa.
E mais: mesmo que uma pessoa separe direitinho o que é para investir e o que é para gastar, vai fazer isso olhando apenas para a sua renda recorrente.
Assim, toda a receita que estiver fora desse plano – a tal da renda extra, como foi o FGTS em 2017 – tende a ser empregada para outros fins. Afinal, você quer alguma recompensa por ter se esforçado tanto para guardar dinheiro. E como você faz isso? Gastando!
O mais racional seria usar a renda extra para impulsionar o que você está poupando, mas as pessoas tendem a fazer as escolhas financeiras mais cômodas. E, como já falamos aqui, essa foi uma das conclusões que levou Richard Thaler a ganhar o Nobel de Economia.
Diversificando as suas gavetas mentais
Agora que você já aprendeu sobre as gavetas mentais, pode usar esse conceito ao seu favor. Aliás, esse conceito também pode ser aplicado para diversificar seus investimentos, caso você já tenha definido suas metas.
Como cada produto financeiro oferece um tipo de retorno em troca de um tipo de risco, é possível empregar a metodologia das gavetas mentais para escolher as aplicações financeiras mais adequadas para cada um dos seus objetivos.
Um exemplo: o dinheiro da sua aposentadoria ou da faculdade dos seus filhos é sagrado. Então, não faz sentido investir tudo em produtos financeiros mais arriscados, a não ser que a maior parte dessa quantia já esteja aplicada em ativos mais seguros.
Já para fazer um intercâmbio ou uma viagem, como a ideia é juntar o máximo de dinheiro no menor tempo possível, talvez possa fazer sentido optar por uma aplicação que ofereça a possibilidade de um retorno um pouco maior. Mas sempre lembrando: quanto maior o retorno prometido, maior o risco da aplicação.
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