Olá!
Cada vez mais ofertados pelo mercado financeiro, os fundos de capital protegido permitem aos investidores se posicionar em posições de risco com proteção.
Imagine que você queira investir em ações mas morre de pavor de pensar na possibilidade de perder dinheiro! Agora imagine se você tem uma opção de investir em ações mas, caso exista prejuízo, você tem a proteção para o capital inicialmente investido? É assim que funcionam os fundos de capita protegido…
Entendendo os fundos de capital protegido
Vou falar da estrutura em linhas gerais. Algumas palavras podem não ser habituais a você, mas não se assuste! Depois eu vou detalhar tudo sob a ótica do investidor, que é o que interessa.
Os fundos de capital protegido, como expliquei anteriormente, visam proporcionar a possibilidade de ganhos acelerados aos investidores por meio de posições em ativos com maior risco. Aqui estamos falando de ações, ouro, dólar e até mesmo investimentos no exterior.
Porém, a grande diferença entre usar esses produtos e as aplicações convencionais nesses ativos, é contar com a proteção caso os ativos vinculados ao fundo gerem prejuízo!
Essa proteção funciona utilizando operações estruturadas com derivativos. O fundo então faz uma posição que vai acompanhar um dos ativos de risco (como os que citei acima, por exemplo) mas também faz operações com opções para proteger-se de eventuais quedas.
Assim, você pode ter um produto de capital protegido que, hipoteticamente, seja o seguinte: invista para acompanhar a alta do mercado de ações. PORÉM, se o mercado de ações cair, o seu capital estará protegido e você resgata aquilo que investiu no início.
Esse foi um exemplo simplificado de estrutura de um fundo de capital protegido.
Os cenários
Para montar as proteções no mercado, há custos que estarão inseridos na própria estrutura do fundo. Por isso, normalmente, os fundos de capital protegido diminuem esses custos também fazendo operações com derivativos nas chamadas barreiras de alta.
Outro exemplo hipotético: se o dólar subir, o fundo te dá a rentabilidade do dólar até 30% de valorização. Mas se ele se valorizar acima de 30%, a rentabilidade do fundo de capital protegido será de 30%. Se ele cair, você tem o capital de volta.
Repare que no caso acima, se o dólar subir acima de 30%, o investidor ganha 30% e não toda a alta. Então o investidor nesse caso troca a proteção, de não ter prejuízo caso tudo dê errado, pela limitação de seu ganho máximo.
Eu não estou falando aqui de nenhum produto em específico, estou apenas falando da dinâmica envolvida nos fundos de capital protegido! Há fundos de capital protegido com regras muito diferentes e cada um deles tem suas proteções e faixas de remuneração. Há fundos de capital protegido que chegam a criar 6 cenários diferentes para a remuneração do investidor! Mas em todos os casos, o conceito é esse: oferecer a possibilidade de uma rentabilidade adicional e, caso isso não ocorra, o investidor resgata o dinheiro de volta ou até mesmo o dinheiro acrescido de alguma correção.
Como a ideia é garantir uma proteção e para isso o fundo gasta dinheiro, ele tende a minimizar esse custo com outra forma estruturada que normalmente limita os ganhos do investidor caso a valorização dos ativos seja muito elevada.
Assim sendo, as rentabilidades de um fundo de capital protegido podem ser visualizadas pelo investidor de acordo com cenários. E de acordo com cada cenário da estrutura montada, a rentabilidade pode ser diferente.
Vou colocar abaixo um quadro que mostra os cenários possíveis para um fundo de capital protegido do banco Santander:
Veja que no caso acima, a estrutura é mais complexa, com 6 diferentes cenários que rentabilizarão de diferentes formas ao investidor.
Abaixo, vou mostrar uma estrutura mais simples de capital protegido acompanhando as ações da empresa Berkshire Hathaway Inc na bolsa americana, sem barreira de alta, que é a empresa do guru mundial dos investimentos, Warren Buffet. Esse fundo foi criado pela XP Gestão de Recursos.
Um outro exemplo é dos fundos CitiFirst Capital Protegido e Citi First Capital Protegido II, III e VI. Nesse caso, o Citi criou uma carteira para acompanhar 3 empresas na bolsa americana: Best Buy (BBY), General Motors (GM) e Conoco Phillips (COP). Veja os cenários:
Características dos fundos de capital protegido
Período de investimento: os fundos de capital protegido possuem uma data de início e uma data de fim. Assim, cada fundo só permite que os investidores entrem no prazo inicial.
Carência: como há operações estruturadas de proteção, os fundos de capital protegido não permitem ao investidor resgates a qualquer tempo. Eles são feitos em prazo pré-determinado quando o fundo acaba.
Cenários: como normalmente investem em ativos de renda variável, os cenários possíveis são traçados e de acordo com o que acontecer é feita a remuneração ao investidor ou a proteção caso as coisas deem errado.
Concluindo
Fundos de capital protegido, conforme a definição da própria ANBIMA, são:
Fundos que buscam retornos em mercados de risco procurando proteger, parcial ou totalmente, o principal investido.
Vale considerar os fundos de capital protegido para parte da carteira de investimentos em busca de rentabilidades um pouco mais expressivas. Mas atente-se sempre ao seu planejamento e perfil de risco!
Um grande abraço,
André Bona
9 Comentários
Parabéns André pelo seu trabalho.
Venho acompanhando e particularmente esse artigo e um outro sobre como entender e pesquisar a composição de fundos de investimentos chegaram bêm na hora que estava precisando entender esses conteúdos.
Nas duas situações pensei, estou com a dúvida e daí chega um artigo do André justamente dentro do assunto que necessito, ba che , como diz o gaúcho, esse homem é um bruxo, brincadeirinha rsrsrs.
Grata pelos artigos
Olá André, boa noite.
Seria correto dizer que os Fundos de Capital Protegido são a mesma coisa que os COE (Certificados de Operações Estruturadas) ?
Mesma dúvida aqui…
Olá, André!
Sendo mais um a lhe agradecer pelo BLOG, explicações …
Sou neófito no quesito investimento financeiro, sendo Renda Fica ou Variável.
Mas acabo ficando com a impressão que muito se assemelha a um Grande Cassino, mantendo as devidas proporções, temos possibilidades de ganhar ou perder. Porém as opções oferecidas claramente e “legalizadas”..
Grande abraço
PS: – não sou frequentador de Cassinos….rss
Olá Cleber!
Não é cassino não. Mas parece quando o investidor se perde nesse jogo de palavras que aparece todo dia na imprensa. Ao longo do tempo, você vai aprendendo e entendendo a dinâmica do mercado de renda variável.
Abs,
Tenho acompanhado seu blog a algum tempo, e realmente a linguagem e a maneira para explicar qualquer situação complexa, se torna fácil entendimento, parabéns!!
Olá, André.
Não posso começar sem cumprimentá-lo por todo o seu rico material e pelo empenho e talento para ensinar.
Considerando que o investidor já está familiarizado a operações estruturadas com opções, você poderia detalhar um pouco mais a estrutura usada por esses fundos? Exemplificar o uso dos derivativos, as estratégias adotadas? Explicar como lhes é possível amargar a perda do ativo principal e ainda remunerar o capital do investidor?
O investidor iniciado poderia, talvez, montar a própria operação. O que você acha?
Concluindo, agradeço mais uma vez seus ensinamentos.
Recentemente precisei cuidar de recursos de minha mulher, que não quer nem ouvir falar em renda variável rss e recorri aos seus vídeos. Foi absolutamente esclarecedor.
E mais. Enviei um deles para uma amiga que estava cheia de dúvidas e, juntos, fizemos mais uma investidora 😉
Obrigado e um grande abraço, André.
Olá Jorge!
Cada estrutura é montada de acordo com o tipo de fundo de capital protegido. Seria deveras extenso detalhá-la aqui no blog, por isso não o farei. Mas sim, investidores que tenham mais conhecimento podem montar as estruturas por conta própria, sem problemas. A dificuldade pode ocorrer porque essas estruturas são montadas com derivativos muitas vezes com pouquíssima liquidez e o investidor pode ter algumas dificuldades. Fatalmente precisará que a corretora que o atenda consiga fazer a contra-parte em alguns desses derivativos, o que pode sujeitá-lo a algum tipo de spread (o que certamente também ocorre nos fundos de capital protegido), encarecendo a estrutura.
Dependendo do montante a ser feito, o custo da estrutura por conta própria pode ser cara mas, certamente, o próprio investidor que tiver conhecimento suficiente para montá-la pode tentar fazer por conta própria sim.
Abs,
Você explica um conteúdo complexo de um jeito muito claro e fácil… parabéns
adorei o blog