*Este artigo foi produzido pela BeerArt com exclusividade para o Blog de Valor.
Para quem acha que cerveja artesanal no Brasil é moda, ou seja, um artigo para levar pouco a sério como empreendimento, um levantamento inédito convida a refletir melhor.
A Revista BeerArt – que criou um ranking das cervejas premiadas brasileiras, com o cruzamento de todos os concursos respeitados no segmento – acaba de fazer um estudo, exclusivo para o Blog de Valor, que mostra a escalada da reputação da produção nacional das cervejas artesanais no mercado externo. Os números ilustram o salto da cerveja artesanal em uma década, assim como corroboram o prestígio e a vitalidade do produto.
Ainda timidamente, as cervejas brasileiras despontaram nos concursos internacionais em 2007, com as duas primeiras medalhas. Uma década depois, superam a marca de 255 premiações por ano.
Essa foi a quantidade de vezes que cervejas produzidas no Brasil foram anunciadas em pódios internacionais em 2017. E a ascensão se mantém. A perspectiva para o final de 2018 é ainda melhor.
O Brasil acaba de obter a sua melhor performance no maior e mais acirrado concurso cervejeiro, a World Beer Cup, realizada a cada dois anos. Em toda a história da competição, desde o século 20, o Brasil havia tido apenas seis cervejas premiadas. Na edição deste ano, em apenas uma noite de premiação, subiu cinco vezes ao pódio. Quase dobrou a lista.
A Escalada
Medalhas internacionais conquistadas por cervejas brasileiras ao longo dos anos:
- 2007: 2 medalhas;
- 2008: 12 medalhas;
- 2009: 17 medalhas;
- 2010: 7 medalhas;
- 2011: 41 medalhas;
- 2012: 51 medalhas;
- 2013: 79 medalhas;
- 2014: 101 medalhas;
- 2015: 195 medalhas;
- 2016: 217 medalhas;
- 2017: 255 medalhas.
Fonte: BeerArt.
As premiações das cervejas artesanais brasileiras ocorreram nos concursos World Beer Cup, World Beer Awards, International Beer Challenge, European Beer Star, Mondial de La Bière Montreal, Brussels Beer Challenge, Australian International Beer Awards, Copa Cervezas de América e South Beer Cup.
Oportunidades no setor
São números importantes a serem avaliados por quem pretende investir no segmento da cerveja artesanal no Brasil. Há desafios internos, como o da alta tributação e a dependência de insumos importados, pois os ingredientes básicos da cerveja, à exceção da água, são em sua maior parte vindos do Exterior (o lúpulo e a levedura principalmente, mas também o malte de cevada).
Ao mesmo tempo, é preciso considerar uma janela de oportunidade: a cerveja artesanal brasileira ganha respeito em outros continentes, e para quem tiver condições de criar mercado fora há como incentivo a isenção de tributação, não apenas do produto final mas também dos itens importados utilizados para a fabricação.
Algumas cervejarias começam a cruzar os oceanos. Depois dos mercados nacional e norte-americano, a Blondine, de Itupeva (SP), chegou neste ano à China, um dos maiores consumidores de bebidas premium e artesanais. A empresa exporta a Martina Lager e negocia o envio também da Martina Witbier e da Martina IPA. A meta da marca, fundada em 2010, é exportar 50% da produção da cervejaria, o que equivale a 250 mil litros mês.
“Exportação é um caminho interessante para as microcervejarias brasileiras”, observa Ronaldo Morado, autor do Larousse da Cerveja, um dos livros de referência no segmento no Brasil, e consultor de gestão, tendo sido o CEO da Cervejaria Colorado antes da compra pela Ambev. “É uma série de detalhes, mas você paga zero de imposto.”
Com a consolidação do segmento da cerveja artesanal no Brasil, não apenas a produção mas toda a cadeia do negócio acaba gerando oportunidades. Uma delas é para consultores e empresas especializadas em abrir mercado e conduzir as hoje pequenas cervejarias pelo caminho da exportação.
E você, tem o hábito de consumir cervejas artesanais brasileiras? Já pensou em abrir um pequeno negócio voltado ao setor? Deixe seu comentário!
Altair Nobre
*A BeerArt é um portal que fornece notícias, dicas e informações sobre cervejas e cervejarias, nacionais e internacionais