A maior parte das pessoas, quando possui excessos em seu orçamento, opta por alguma modalidade de investimento sem fazer maiores avaliações. Raramente preocupam-se com questões essenciais nessa tomada de decisão e, igualmente raro, possuem consciência dos riscos a que estão expostos.
Alguns são levados a pensar: bolsa de valores ou poupança? CDB ou títulos púbicos? Ou a pior das perguntas: o que está rendendo mais atualmente?
Todos esses questionamentos revelam uma falta de planejamento de investimentos, relfetindo com clareza o quão desorientado está o investidor.
Como alocar os seus investimentos?
Quando um planejamento de gestão de patrimônio financeiro é elaborado, é avaliado o perfil do investidor, incluindo sua situação familiar, sua propensão ao risco, os objetivos do planejamento e os prazos. Somente, e tão somente, após essa avaliação mínima é possível começar a rascunhar possibilidades de investimentos adequadas ao investidor.
Classes de investimentos
Para alocar os seus investimentos corretamente, antes mesmo de falar nos produtos adequados é primordial que seja definida a proporção entre as classes de investimentos.
Esse processo decorre da identificação anterior do perfil do investidor, que indica o nível de risco suportado, bem como a separação dos investimentos em prazos.
A separação dos investimentos em prazos decorre da necessidade de liquidez do investidor frente ao planejamento financeiro pessoal.
Se o investidor possui planos de usar os recursos em curto prazo, a carteira deverá contemplar essa necessidade. Se o investidor não possui objetivo de uso do recurso em curto prazo, deve, ainda assim, reservar uma parte do patrimônio para necessidades eventuais e emergências financeiras. Obviamente nesse caso, essa parte pode ser menor do que no primeiro caso.
As classes de investimentos referem-se à divisão dos investimentos por característica principal. As classes podem ser, por exemplo: renda fixa, multimercados e renda variável.
Numa primeira etapa, definem-se as proporções por classes (exemplo – 50% em renda fixa, 30% em multimercados e 20% em renda variável). Numa segunda etapa, o objetivo é encontrar no mercado financeiro, os melhores investimentos para as proporções pré-definidas.
Sub-classes de investimentos
As sub-classes são os tipos de investimentos propriamente ditos: CDB, títulos públicos, fundos de investimentos, ações, etc, bem como a forma de exposição do investimento: pós-fixado CDI, pré-fixado, pós-fixado inflação, se é crédito privado, etc.
O passo a passo correto para alocar os seus investimentos
Nesse caso, você tem o seguinte passo a passo:
1) Entender a necessidade de liquidez e prazos da carteira
2) Entender o perfil
3) Fazer a divisão em classes de ativos
4) Fazer a divisão em sub-classes
5) Avaliar e comparar os produtos de investimento nas proporções que se encaixem no planejamento
A escolha dos produtos
A partir dessa etapa, entender as taxas, os retornos, o perfil de risco e os custos envolvidos em cada investimento é essencial. Tudo isso irá afetar a rentabilidade e a eficácia do portfólio. Importante frisar também que o investidor não deve ficar preso a somente a instituição financeira onde possui conta corrente, pois estará restringindo demais seu leque de possibilidades. O correto mesmo é pesquisar em várias instituições financeiras e/ou contar com um serviço independente de assessoria.
Erro clássico do investidor
Um erro comum é o investidor pular a etapa 1, 2, 3 e 4, querendo partir direto para a última etapa. Isso é ruim, porque normalmente foca somente em rentabilidade e ignora outros aspectos. Num primeiro momento têm-se a sensação de melhor retorno, porém, ao longo do tempo, as necessidades surgem e o investidor precisa modificar sua carteira e perder rentabilidade por conta de uma liquidez não planejada ou mesmo uma avaliação errada de custos dos produros.
Portanto, NÃO COMECE PELA ÚLTIMA ETAPA! Você vai deixar dinheiro na mesa!
Percepção de risco
A percepção de risco dos investidores no Brasil decorre, principalmente, da falta de informação. Alguns absurdos são afirmados como se fossem verdades absolutas e isso cria paradigmas que impedem que o investidor amplie consideravelmente sua rentabilidade sem se submeter a risco adicional nenhum.
Os mecanismos de proteção também são desconhecidos, tais como o Fundo Garantidor de Crédito, por exemplo que transforma o risco de um ativo de crédito (como CDB, LCI, LCA, LC, etc) de até R$ 250 mil num banco de terceira linha exatamente igual ao risco num banco público, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica. Rentabilidade maior e sem risco! O que impede isso? Apenas a falta de informação.
O que fazer?
Se você quer montar um planejamento financeiro pessoal buscando rentabilidades muito superiores às que conhece, o ideal é que comece a estudar o assunto e/ou então procure um especialista que possa lhe assessorar nas suas decisões.
Grande abraço,
André Bona
1 comentário
Olá André,
O seu blog e os vídeos no Youtube são fantásticos, muito obrigado. Aprendi muito e mudei muito meus conceitos e interesse depois de ver os seus vídeos. Já assisti mais de 20 e alguns deles já assisti 2x ou 3x para gravar os conceitos, excelente!
Com o (pouco) aprendizado adquirido até agora, entendi que sou (ou melhor, estou rsrs) um produteiro (poupador)… estou estudando e absorvendo os conceitos para me transformar em um investidor, estudando e focando em cada um dos passos para construção da minha carteira de investimentos. Ainda estou evoluindo nas etapas, mas uma delas que não consegui informações de forma alguma é sobre as ferramentas para criar e gerir uma carteira de investimentos. Existem aplicativos que facilitem esta gestão de carteira? A melhor ferramente é o velho e bom Excel? Existem planilhas para não sair do zero? Pra quem está criando a sua carteira, começar uma planilha do “zero” é bem difícil.
Desde já agradeço a atenção e, mais uma vez, obrigado pelo conhecimento partilhado.
Abs,
Danilo