A crise econômica brasileira manifestou seus primeiros sinais em 2014 e, ainda hoje, as autoridades monetárias tentam controlar a recessão com medidas que têm impacto direto na rentabilidade de diversos tipos de investimentos. Com as ações da bolsa de valores não é diferente.
A redução da taxa básica de juros Selic, que teve início no final de 2016 — e, chega em julho de 2017 a 9,25% —, tem potencial para valorizar certos ativos e tornar a Bolsa uma excelente oportunidade para investidores que desejam maximizar seus lucros.
Pensando nisso, preparamos o post de hoje com tudo o que você precisa saber sobre a queda da taxa de juros e a sua relação com a rentabilidade das ações da bolsa de valores. Siga a leitura e saiba por que você deve considerar esse tipo de aplicação!
O que é taxa Selic?
A taxa Selic — Sistema Especial de Liquidação e Custódia — é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ou seja, ela serve como um norte para que os bancos fixem as taxas das transações feitas entre eles e, também, em suas aplicações nos títulos públicos federais.
Como forma de controlar a quantidade de moeda na economia e evitar a inflação, todos os dias os bancos precisam depositar certo montante de dinheiro nos cofres do Banco Central.
Milhões de operações bancárias são realizadas diariamente. Por isso, as instituições financeiras costumam terminar o dia com menos dinheiro do que deveriam ter nessa conta. Assim, para cumprirem a legislação monetária, precisam pegar empréstimos de curtíssimo prazo com outros bancos e, em troca, oferecem títulos públicos como garantia.
Percebeu que, como os títulos públicos são dados como lastro, o risco acaba sendo do governo? Por causa disso, a cada 45 dias, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM) se reúne e decide se a Selic se manterá estável, ou sofrerá cortes ou aumentos.
Qual é a importância do corte da taxa de juros?
O corte da taxa de juros Selic é uma forma de o governo tentar reaquecer a economia. Isso porque essa taxa tem influência direta no nível de consumo e no custo dos empréstimos e financiamentos concedidos pelos bancos aos seus clientes.
Se a taxa diminui, os empréstimos tendem a ficar mais baratos e o consumidor, a comprar mais produtos. Mercado de consumo aquecido significa:
- mais produção da indústria;
- geração de empregos;
- aumento de investimentos em prol do desenvolvimento do país.
A Selic também impacta diretamente o mercado financeiro. Os juros básicos significam a menor taxa de retorno para o custo do dinheiro. Em outras palavras, se o lucro esperado da aplicação é maior do que a taxa de juros, o investidor tende a manter seus recursos aplicados.
O que motivou o COPOM a reduzir a taxa Selic?
Conforme comentamos acima, a redução da Selic estimula a economia e retoma os seus fluxos de crescimento.
Desde outubro de 2016, o governo vem reduzindo a taxa com o objetivo de:
- aumentar o sistema de crédito;
- aumentar o volume de dinheiro em circulação, incentivando o mercado de consumo;
- fomentar novos negócios e favorecer pequenas empresas para, assim, multiplicar as vagas de emprego;
- minimizar o índice de inadimplência;
- reduzir o custo de financiamento do custo da dívida pública, fazendo com que os cofres públicos renovem seus ânimos para fomentar investimentos privados;
- melhorar a rentabilidade de determinadas aplicações, atraindo capital para o país.
Quais são os benefícios da queda da Selic para as ações da bolsa de valores?
Para entendermos a relação entre taxa Selic e a rentabilidade das ações da Bolsa de Valores, basta pensarmos o seguinte: Selic baixa influencia o consumo e a produção das empresas; com mais vendas, o lucro das organizações aumenta e as suas ações na Bolsa se tornam mais atrativas.
Por outro lado, investimentos atrelados à taxa básica de juros — como alguns títulos públicos e os fundos de renda fixa — perdem rentabilidade. Por isso, mesmo com um risco maior, muitos investidores desistem de aplicar recursos nesses produtos e passam a investir em ações.
Vale lembrar que as empresas que possuem dívidas também são beneficiadas pelo corte da Selic. Em geral, as taxas que as companhias pagam são atreladas ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário) que acompanha de perto a Selic — toda vez que ela cai, o CDI também é reduzido.
Na hora de investir em ações, o investidor deve analisar a despesa financeira da companhia: menos dívida significa melhores resultados para a firma e mais dividendos para os acionistas.
Quais são as ações que mais ganham com esse novo cenário econômico?
Confira os papeis da Bolsa de Valores mais beneficiados pela queda da taxa de juros:
Concessionárias e infraestrutura
As concessionárias de serviços e empresas que operam com obras de infraestrutura trabalham com projetos de longo prazo. Cada projeto apresenta uma Taxa Interna de Retorno (TIR), que representa o risco do investimento.
Já a Selic é um indicador livre de risco, e a diferença entre ela e a TIR determina, justamente, a atratividade do papel na Bolsa. A lógica é que, se a taxa Selic cai, fica mais interessante para o investidor correr o risco da aplicação, porque o potencial de retorno se torna maior.
Mercado imobiliário
Embora a taxa Selic não esteja atrelada de forma direta aos financiamentos do setor imobiliário — como ocorre em outros países —, o corte da taxa de juros é acompanhado pela Taxa Referencial (TR) que, por sua vez, atua como lastro do mercado imobiliário.
Além disso, a Selic mais baixa tende a melhorar os índices de inflação e a atrair investidores estrangeiros, que se comportam como se a taxa de juros servisse de lastro para as ações imobiliárias — o que ocorre em seus países de origem.
Empresas de consumo e varejo
As empresas de consumo e de varejo são altamente beneficiadas pelo corte nas taxas de juros, já que o crédito fica mais facilitado para as famílias. Mais dinheiro no bolso significa maior consumo e aumento das compras no crediário das lojas.
As companhias varejistas tendem a viver um incremento considerável de suas receitas e, consequentemente, tendem a apresentar ações mais lucrativas no mercado financeiro.
Empresas endividadas
Como comentamos, as empresas endividadas, assim como as pessoas físicas, são beneficiadas pela queda da taxa de juros. Com menos obrigações financeiras, o lucro líquido das companhias aumenta, já que a linha “Resultado Financeiro” é a última antes do lucro líquido nos balanços.
Confira algumas empresas que podem ter aumento nos lucros com a queda da taxa de juros, de acordo com informações do BTG Pactual:
- CSN (CSNA3);
- Marisa (AMAR3);
- Restoque (LLIS3);
- BR Malls (BRML3);
- Iochpe-Maxion (MYPK3).
A desaceleração da inflação e os avanços no ajuste fiscal fortalecem o câmbio brasileiro, e o corte da taxa de juros faz com que o mercado de ações atraia mais investidores.
O momento é propício para a troca de alguns ativos de renda fixa por papeis na bolsa, principalmente se você possui um perfil de investidor mais agressivo. No entanto, investidores iniciantes devem buscar orientação e educação financeira para essas manobras, já que os riscos de ações da Bolsa de Valores são significativamente maiores.
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