Criado em 1997 como uma forma de preservar os investidores, o Circuit Breaker é uma ferramenta utilizada em momentos críticos do mercado. Principalmente em grandes crises econômicas. Curiosamente, na história da B3 (Antiga BM&FBovespa), ele foi acionado 17 vezes.
Quer saber mais sobre esse mecanismo?Então descubra no post de hoje o que é e como funciona o Cicuit Breaker. Confira!
O que é Circuit Breaker?
Como um instrumento de prevenção, podemos definir o Circuit Breaker como a interrupção de todas as atividades da Bolsa de Valores por um determinado período. Essencialmente, é como se dessem um tempo para que o mercado se recuperasse de uma situação extrema.
Quando ele pode ser acionado?
Obviamente, não são todas as situações de crise que ele pode ser executado. Existem algumas regras básicas para acionamento do Circuit Breaker no Brasil, como:
- Caso o Ibovespa obtenha uma queda de mais de 10% em relação ao índice de fechamento do pregão anterior. Nesta situação, o Circuit Breaker deve ser ativado pela primeira vez. Assim, as atividades são interrompidas por meia hora.
- Se após esse período e durante a reabertura das atividades o índice Ibovespa continuar caindo, alcançando uma queda de 15%, novamente ele é acionado para uma interrupção de 1 hora.
- Passado 1 hora e com o retorno das atividades o Ibovespa continuar caindo — dessa vez para 20% —, a bolsa deve decidir qual será o tempo que as operações precisarão ficar suspensas.
É bom destacar que essas regras não podem ser aplicadas nos 30 minutos restantes para o fechamento do pregão. Caso ocorra uma paralisação, ao reabrir o mercado é permitido uma prorrogação de, no máximo, meia hora.
Além do Circuit Breaker, existe uma outra estratégia que também paralisa as operações, conhecida como Leilão de Ações. A seguir, vamos explicar um pouco melhor sobre como ele funciona. Continue!
Circuit Breaker X Leilão de Ações
Como indicamos, o Circuit Breaker funciona para todas as operações da Bovespa, sem exceção. No caso do Leilão de Ações, a coisa é um pouco diferente.
Apesar de ser um instrumento de proteção para o investidor, ele é mais utilizado para ações individuais. Sua duração é de 5 minutos e pode ser prorrogada para mais 5 minutos.
Nesse período de pausa, a Bolsa continua a monitorar as atividades de compra e venda, mas só são confirmadas quando as ofertas se encaixam. Dessa forma, evita-se as oscilações bruscas de preços.
Como o Circuit Breaker, existem regras para o Leilão de Ações ser acionado:
- Se houver queda ou alta da ação em mais de 10%, se comparada com o fechamento do dia precedente à abertura do pregão ou em relação ao preço de abertura durante o pregão, ele deve ser acionado.
- Caso a ação oscile entre 10% ou 19,99% em comparação ao último preço da ação antes de ir a leilão independente do horário.
3 Momentos em que o Circuit Breaker foi utilizado
Para comprovar a importância dessa ferramenta para o mercado, nós separamos três importantes momentos em que ele foi necessário. Confira:
Desvalorização do real em 1999
Perto dos anos 2000, a moeda brasileira sofreu uma forte queda no seu valor. Isso ocorreu por causa de uma alteração no regime cambial nacional.
O que acontecia é que o sistema se baseava na Banda Cambial, ou seja, o Governo definia um limite para que o real flutuasse em relação ao dólar.
Isso começou em 1995, na implantação do Plano Real, e durou 4 anos. O objetivo era que o país conseguisse controlar a entrada de recursos estrangeiros.
Porém, em 1999, o Banco Central resolveu mudar o regime para Câmbio Flutuante, que significa que o valor das moedas estrangeiras flutua de acordo com a oferta e demanda do mercado.
Foi também nesta época que o Brasil sofreu com reflexos da crise russa. Assim, todos esses problemas ajudaram a escassez do crédito internacional para os países emergentes.
O Brasil não conseguia fazer com que o dólar fosse atrativo, então o Banco Central resolveu negociar dólares no mercado futuro. Uma chance de disfarçar o quanto realmente tinha nos cofres públicos. Mas isso ocasionou a queda das ações e o Circuit Breaker teve que ser acionado 2 vezes: 13 e 14 de janeiro de 1999.
Crise de 2008
Nesse ano, os bancos dos EUA emprestaram seus recursos para muitas pessoas que não tinham condições para pagar. Conhecidos como suprimes, esses empréstimos foram colocados em pacotes chamados CDO (Collateralized Debt Obligation ou Obrigação de Dívida como Garantia).
As instituições vendiam esses pacotes para vários investidores com a promessa de bom negócio por causa dos juros. O problema foi que os devedores não pagaram e isso acarretou uma crise.
O limite dessa crise foi quando, em setembro de 2008, o banco Lehman Brothers decretou falência. Essa instituição era a 4ª maior dos EUA.
Os 4 dias que se seguiram foram bastante complicados para várias Bolsas de Valores do mundo.
Inclusive para o Brasil, onde muitos investidores estrangeiros possuíam ações tanto na Bovespa quanto em outras Bolsas internacionais, e precisaram vender seus papéis para lidar com o problema.
Esse transtorno fez com que a Bolsa executasse o Circuit Breaker 6 vezes: 29 de setembro, duas vezes em 06 de outubro e em 10,15 e 29 de outubro.
Crise da JBS em 2017
Na manhã de 18 de maio deste ano, após o dono da JBS, Joesley Batista, soltar uma gravação que denunciava o presidente da República, Michel Temer, houve um grande alvoroço negativo na Bolsa.
Foi necessário acionar o Circuit Breaker por 30 minutos. Além disso, o site da Bovespa também saiu do ar.
Mesmo antes da ferramenta ser ligada, muitas ações começaram a cair rapidamente. Ações de empresas como a Companhia Energética de Minas Gerais (CMIG), chegou a baixar 41%, tiveram muitas perdas.
Para agravar a situação, o primo do senador Aécio Neves e também ex-diretor da companhia, Frederico Pacheco de Medeiros, foi mencionado em outro áudio de 30 minutos, no qual indicava um recebimento de 2 milhões da JBS para entregar para o seu primo.
Agora você já sabe como funciona o Circuit Breaker e como ele é importante para manter o mercado saudável. Quer continuar informado? Assine a nossa newsletter!