Olá!
Vou começar esse artigo com a seguinte pergunta:
Se você fosse fazer uma viagem de São Paulo para o Rio de Janeiro, qual das modalidades seria mais adequada para que você chegasse mais rápido ao seu objetivo?
a) bicicleta
b) carro
A resposta é meio óbvia, mas então porque essa resposta também não é óbvia quando falamos de investimentos?
Os primeiros quilômetros:
Na viagem mencionada acima, é muito provável que a bicicleta leve uma grande vantagem nos primeiros quilômetros. O trânsito em São Paulo é um absurdo, tem hora que para totalmente e é inevitável surtar dentro do veículo.
Assim, de onde você estiver, pode ser que a bicicleta te leve muito mais rápido até a Marginal do que o carro. Pode ser que a bicicleta faça em 20 minutos um trajeto que você levaria 2 horas, num cenário caótico, para fazer.
Então por que optar pelo carro?
Simplesmente porque sabemos que, uma vez ultrapassada a Marginal, andaremos a 70, 80, 90 e 110 km, já na Dutra, o que fará que nosso desempenho seja bem satisfatório e possamos cumprir nossa jornada num prazo adequado.
E o que isso tem a ver com os meus investimentos?
Essa relação é a mesma relação de investimentos em renda fixa se comparado com um investimento em multimercados ou em renda variável.
Dessa forma, é muito claro que o retorno expressivo em investimentos não vem da renda fixa tradicional, mas sim da renda variável no longo prazo.
A cultura do overnight
Por que sempre olhamos para os investimentos em prazos curtos?
Fazemos isso pois temos a herança inflacionária incrustada em nossas veias. O período mega-inflacionário deixa marcas e está presente até hoje. Na época, aplicava-se no OVERNIGHT! Ou seja, “ganhava-se dinheiro” de noite, pois já de manhã, os preços seriam outros e se não existisse isso, nem conseguiríamos comprar comida.
Dessa forma, desenvolvemos a cultura o overnight e da poupança. Ganhávamos dinheiro sem risco algum (se bem que a poupança andou sendo confiscada…). Isso está em nossa raiz cultural de momento e precisaremos ABANDONÁ-LA.
Em função também do nível de desenvolvimento do nosso país, durante muito tempo pensar em longo prazo era impossível. Não se tinha horizonte de longo prazo, já que as regras se modificavam frequentemente e o ambiente de negócios no país acabava refletindo essa realidade.
Conclusão
Existem investimentos que são excelentes para o curto prazo. Mas as maiores rentabilidades serão sempre obtidas em posições para longo prazo.
Por isso a carteira de investimentos deve ser dividida em prazos, de maneira que contemple uma parte para necessidades imediatas, uma outra parte para investimentos de médio prazo, melhorando a rentabilidade e uma outra parte com investimentos para o longo prazo, que irão de fato turbinar a rentabilidade do patrimônio.
Isso não quer dizer que o investidor deverá expor-se necessariamente a riscos nessa posição. Existem investimentos também em renda fixa que cumprem esse papel.
O fato é que não usar o equipamento correto para um determinado percurso, fará com que nossos objetivos sejam mais difíceis do que podem ser.
Grande abraço,
André Bona