Em meio a tamanha polêmica sobre o maior IPO do ano nos EUA, conversei com meu amigo Diego Muniz que tá lá em Portugal e resolvemos embarcar nessa viagem fazendo um post compartilhado, tipo Uber Pool.
IPO nos EUA é diferente!
Aqui cabe o primeiro parênteses. Nos EUA a participação nas ofertas públicas é bem mais restrita que no Brasil. Grande parte das corretoras requer que os investidores tenham certas qualificações, ou que atenda parâmetros como um valor mínimo de investimento, um número mínimo de operações por ano, ou ser um cliente private ou premium. Esses valores normalmente são altos seja em número de capital investido ou de requisitos para ser esse cliente “especial”.
Dito isso, resta ao pequeno investidor a possibilidade de comprar as ações no primeiro dia de negociação….Então quando a ação cai, deveríamos ficar atentos, pois temos a oportunidade de comprar mais barato.
As ações do Uber estrearam sexta-feira, dia 10 de maio, no mercado americano com uma sonora queda de mais de 7%! Então parabéns para quem não entrou! Rs
Caiu agora compra?
Eu e Diego temos uma cabeça muito parecida no sentido de buscar entender a qualidade do ativo e não simplesmente comprar porque cai. Lembre-se, ao comprar uma ação você esta se tornando sócio de um negócio, seja por 1 mês, 1 anos ou 5 anos. Logo primeiro passo é entender quem é a empresa e como ela ganha dinheiro.
Nesse sentido penso que muitos de vocês já conheçam e entendam o como a Uber funciona. De qualquer forma, para quem quer informações sugiro acessar o prospecto da oferta aqui no link abaixo:
O que nos chamou atenção…
Uber veio a mercado vendendo a ideia de que seu mercado potencial são nada mais nada menos que US$ 12 TRILHÕES, algo como 15% do PIB mundial! Nessa conta eles colocam o segmento de mobilidade, entrega de comida e até transporte de cargas. Uber opera em 63 países, mas afirma que apenas 2% da população desses países testou a plataforma, justificando assim um enorme potencial de crescimento.
Sim é verdade que a industria de ride-sharing é nova e vem apresentando um crescimento exponencial; sim é verdade que a sociedade como um todo e nossa vida mudou (para melhor na minha opinião) com a introdução dessa ideia maravilhosa que a Uber trouxe….
Mas, porém, contudo, entretanto, todavia….
a realidade tem mostrado que o cenário concorrencial por esse oceano de 12 trilhões potenciais será um mar bem agressivo! Veja no gráfico abaixo que o market share da Uber veio caindo com a entrada de novos competidores
Ok, mas se ainda assim a empresa estiver entregando bons números e resultados está tudo ok, não é mesmo? Então vamos ver:
Expectativa x Realidade
De fato a Uber é um case fenomenal de crescimento com números estratosféricos…operação em 6 continentes, mais de 90 milhões de usuários ativos, bilhões de trips e tudo mais…Curiosidade a parte, o Brasil é o maior mercado do app fora dos EUA e São Paulo é a cidade com maior demanda mundial, mas quem puxa o crescimento no país são as cidades menores e áreas metropolitanas.
Mas enfim, esse crescimento se refletiu nas suas receitas que em poucos anos alcançaram os bilhões.
Mas a realidade é que crescer tem custado caro para Uber. Veja que seus resultados nos últimos 3 anos foi de um prejuízo igualmente bilionário nos últimos 3 anos…ressalva que o suposto lucro na “ultima linha” em 2018 decorre da venda das operações deles na Rúsia e sudeste asiático.
Mas mesmo esse crescimento visto até agora pode estar minguando…O total gasto pelos clientes no app aumentou só 11% entre os últimos 2 trimestres de 2018 e a receita efetiva reduziu 1% no mesmo período.
Em 2018, o crescimento da receita foi 40%. Parece bom, mas é sinal vermelho: esse crescimento tinha sido de 106% no ano anterior, e esses números não consideram os incentivos para os motoristas e passageiros (aquelas promoções que você pega). Se fossem considerados, as perdas seriam ainda maiores!
Não obstante, maior concorrência = taxas mais baixas! Ótimo pra nós, ruim para empresa e quem ser seu sócio. Proporção de receitas pelos “bookings” vem caindo trimestre a trimestre.
Concentração.
Outro quesito importante é que ¼ da receita global do app vem de 5 cidades. São Paulo, Nova York, Los Angeles, São Francisco e Londres. Já vimos em diversas cidades, inclusive nessas citadas acima, medidas contrárias ao Uber, algo que pode continuar acontecendo.
Motoristas indignados?
Outro calcanhar de aquiles do case é que muitos motoristas tem cada vez mais reclamado da empresa. Só nos EUA são cerca de 60mil pessoas que fizeram ou pretendem entrar na justiça contra a empresa alegando que deveriam ser tratados como empregados dela. Mesmo que não gerem multas, só os custos jurídicos de lidar com isso já somariam uma despesa salgada! No balanço de 2018 a empresa já provisiona US$ 1,1 BI para penalidades, multas e acordos.
A empresa obviamente sabe e inclusive comenta que isso tende a piorar, uma vez que planeja reduzir os incentivos dados. Não obstante, a empresa vislumbra um mundo de self-driving cars onde não teria mais as dores de cabeça de atualmente. Tal ponto, a relação entre motoristas e Uber é central para o case e não parece caminhar bem.
Capital intensivo?
Pode não parecer ou ser óbvio, mas a Uber é sim uma empresa intensiva em capital. Apesar de não ter que ser dona de 1 carro sequer, a empresa investe e tem de investir massivamente em…[…]
Leia o texto na íntegra no blog BUGG – Análises Econômicas e de Investimentos, de William Castro Alves.
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