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CAPM – Capital Asset Pricing Model
O que é CAPM? Para que serve?

 

O CAPM, também conhecido como “Modelo de Precificação de Ativos”, descreve a relação entre risco sistemático e o retorno esperado para ativos. É usado para calcular a taxa do Custo de Capital Próprio de uma companhia. Essa teoria foi implantada por Harry Markowitz na sua Teoria do Portfólio na década de 60, e busca trazer respostas mais efetivas quanto ao risco e retorno na avaliação de ativos.

COMO CALCULAR

O cálculo do CAPM não é muito complexo e conta com 4 variáveis. A equação fica assim:

 

rE = Rf + B x [E(Rm) – Rf]

 

Olhando assim, pode até parecer confuso e difícil, mas fique tranquilo! Vou abordar cada variável e explicar.

As Variáveis

  • rE = É a Taxa do Custo de Capital Próprio, é também o retorno esperado de um certo ativo ou portfólio.
  • Rf = É a Taxa livre de risco, geralmente usam-se as taxas de títulos federais mais longas (10 ou 30 anos), no caso de Brasil pode se usar Selic a 10 anos (encontra-se facilmente no investing.com), já Estados Unidos usam-se a Treasury de 10 ou 30 anos (também encontrada facilmente no investing.com).
  • B = É conhecido como “Beta”, que vem a ser uma medida de volatilidade ou “risco sistemático”. Volatilidade faz menção ao quanto um título, índice ou ativo oscila (chacoalha) para cima ou para baixo e em qual velocidade. O que precisa saber do Beta é que se for maior que 1 o preço está correlacionado ao mercado, se o mercado subir o preço da ação tende a acompanhar a subida, se for menor que 1 quer dizer que ele é menos volátil, caso o mercado caia, ele tende a cair menos. Se for igual a 1, ele vai andar a mercado.
  • E(Rm) = É o retorno esperado do mercado. É quanto se espera ter de retorno no investimento ou no empreendimento. Geralmente usam-se uma média de retornos passados.
  • E(Rm – Rf) = É conhecido como o “prêmio de mercado” ou “prêmio de risco”, e representa a diferença entre o retorno esperado do mercado e a taxa livre de risco. Basta pegar o Retorno esperado e diminuir da taxa livre de risco. Obviamente que o retorno esperado do mercado tem que ser maior para compensar o investimento.

Acho que deu para entender como é feita a montagem do cálculo do CAPM. Vamos a um exemplo:

Suponha que um investidor está comprando uma ação a $100. Essa ação tem beta de 1,5 e a Taxa Livre de Risco é de 5%. Esse mesmo investidor espera que o mercado suba 10% a.a.

Sendo assim, o retorno esperado da ação (ou a Taxa do Custo de Capital Próprio) será de 12,5%.

O cálculo ficará assim:

rE = Rf + B x [E(Rm) – Rf]

rE = 0,05 + 1,5 x [ 0,1 – 0,05]

rE = 0,05 + 1,5 x [0,05]

rE = 0,05 + 0,075

rE = 0,125 ou 12,5% (quando multiplicado por 100)

ENTENDENDO O CAPM

O objetivo desse modelo é avaliar se uma ação é bastante valorizada quando seu risco e o valor do dinheiro no tempo são comparados ao seu retorno. Em outras palavras, será que o investimento que eu estou fazendo compensa mais do que eu deixar ele em outro?

Também serve de base para o cálculo do Custo de Capital de uma empresa. O que é muito importante, por que o Custo de Capital é o retorno necessário para se fazer um projeto ou aplicar em algum projeto. É amplamente usado em empresas para avaliar se um projeto é viável ou não, paralelamente, é viável para o investidor avaliar se o investimento dele é viável ou não também.

Preciso ser franco, nem tudo são flores quando se trata do CAPM. O modelo apresenta alguns problemas, mesmo assim, apesar dos problemas ela é amplamente usada porque é simples e permite comparações fáceis de alternativas de investimentos. Mas devemos ficar atento a alguns pontos.

No caso de incluir o beta na fórmula, pressupõe que o risco está sendo medido somente pela volatilidade do preço de uma ação. No entanto, sabemos que o risco não pode ser medido somente pela oscilação de um papel, mas que existem milhares de outras variáveis por trás que compõem todo esse risco (variáveis que muitas vezes estão até fora de nosso alcance e são difíceis de quantificar).

O CAPM também assume que a Taxa Livre de Risco permanecerá a mesma durante o período de desconto. Ou seja, num período de 10 anos podemos supor uma taxa de 5% ao ano. Mas isso é difícil de acontecer num período relativamente longo como esse, uma vez que a taxa pode aumentar ou diminuir nesse período várias vezes.

Outro problema é que a Taxa Espera de Retorno pelos investidores não é algo concreto e preciso, é simplesmente uma aproximação muitas vezes do que se espera que aconteça ou do que já aconteceu no passado.

Por fim, pode ser concluir que o modelo permite estimar o retorno esperado de um ativo, além de te dar a Taxa do Custo de Capital Próprio, que vai servir para outro cálculo mais importante. Vou abordar ele nas próximas semanas, então fiquem ligados! Vale ressaltar que não se deve deixar de usar o CAPM, todo investidor deve ter conhecimento dessa ferramenta e usa-la quando for necessário.

Espero ter ajudado!

Breno Bonani

 

Saiba mais sobre indicadores importantes do mercado no blog BUGG – Análises Econômicas e de Investimentos, de William Castro Alves. Clique aqui e confira.

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Economista pela UFRGS, iniciou sua carreira em 2004 na Solidus Corretora, tendo passado pelo Koliver Merchant Bank e Banco Alfa. Atuou como analista de Investimento na XP e responsável pelas gestão das Carteiras Recomendadas.

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