Quando um investidor escolhe um ativo financeiro, é esperado que ele tenha determinado retorno ao longo do tempo. Afinal, o investimento deve compensar o risco que ele está correndo. Uma das formas de calcular essa expectativa de ganho é por meio do CAPM.
Essa métrica ajuda a analisar os ativos e chegar a conclusões sobre o potencial desempenho deles. Por isso, vale a pena saber como calcular esse indicador e basear suas decisões de investimento, verificando se o possível retorno está alinhado aos seus objetivos.
Neste artigo, você entenderá o que é CAPM e saberá como calcular o retorno exigido de um ativo. Continue a leitura!
O que é CAPM?
A sigla CAPM significa capital asset pricing model, o que pode ser traduzido como precificação de ativos financeiros. Essa métrica é utilizada para analisar a relação entre risco e retorno de determinado investimento em uma carteira diversificada.
Esse modelo de precificação permite determinar uma taxa de retorno teórica. Para tanto, o CAPM considera fatores como o comportamento dos investidores, as projeções de distribuição de risco e os fundamentos do mercado.
Como o modelo funciona?
Você já entendeu o significado da sigla, mas ainda falta saber como esse cálculo funciona, certo? Vale saber que esse método de precificação foi desenvolvido com base no trabalho de Harry Markowitz sobre a Teoria do Portfólio.
Esse conceito considera que os investidores podem alcançar um equilíbrio entre risco e retorno ao diversificar os investimentos de maneira inteligente. A teoria tem como base o entendimento de que não é possível evitar os riscos, apenas gerenciá-los de maneira eficaz.
Para tanto, Markowitz criou um modelo matemático com o objetivo de orientar a tomada de decisão dos investidores. Diante dessa teoria, o CAPM baseia seu funcionamento em quatro hipóteses principais.
Veja quais são elas:
- com a diversificação da carteira de investimentos, a tendência é que ocorra a eliminação de riscos;
- não há custos relacionados às transações;
- existe liquidez para compra e venda dos ativos;
- as informações sobre os ativos estão distribuídas de maneira igualitária entre os participantes do mercado.
Você pode ter percebido que, muitas vezes, essas hipóteses não correspondem à realidade do mercado financeiro. Por esse motivo, o ideal é utilizar o CAPM junto a outros indicadores antes de tomar uma decisão de investimento.
Quais são os riscos considerados pelo CAPM?
Outro ponto que você deve saber sobre o CAPM está relacionado aos tipos de riscos usados pelo método. O primeiro deles é o risco não sistemático, ou diversificável. Esse tipo costuma causar impactos mais concentrados em determinados investimentos da sua carteira.
Exemplos de riscos diversificáveis são o de mercado, de crédito e operacional. Já o risco sistemático afeta todo o mercado e não pode ser diversificado. Logo, fica mais difícil mitigar esses impactos no seu portfólio.
Os efeitos do risco sistemático variam conforme a situação gerada na economia e a magnitude das oscilações. Se houver uma crise econômica temporária, por exemplo, os resultados dos investimentos podem ser prejudicados a curto e médio prazo.
Já uma crise econômica profunda pode fazer com que os investimentos sejam afetados no longo prazo. Portanto, os riscos podem ter efeitos consideráveis na sua carteira e devem ser analisados no momento de investir.
Quais são as limitações desse método de análise?
Além das hipóteses nas quais o CAPM é baseado, o método possui algumas limitações. Isso corrobora o fato de que você deve utilizar essa métrica junto a outros indicadores no momento de tomar uma decisão de investimento.
Uma das limitações do CAPM é considerar que a taxa livre de risco permanecerá constante. Contudo, na prática, ela tende a variar no longo prazo. O cálculo também costuma utilizar condições históricas — mas você provavelmente já sabe que rentabilidade passada não é garantia de retorno futuro.
Portanto, o cálculo pode não corresponder ao retorno que o investidor realmente terá. Ademais, o risco é medido com base na volatilidade do ativo. Porém, o mercado apresenta outros perigos não relacionados com as variações de preços, mas que podem afetar o retorno de um investimento.
Como calcular o CAPM de um ativo?
Depois de compreender os aspectos envolvendo o CAPM, é hora de saber como o cálculo é feito. A equação utilizada é a seguinte:
Rcp = Rlr + ß x (Rm – Rlr)
Na fórmula, o Rcp representa o retorno mínimo esperado pelo investidor. Ele é composto pelo ganho por espera e pela remuneração pelo risco do investimento. O Rm é o retorno esperado do mercado, que pode ser dado pelo Ibovespa, por exemplo.
Já o coeficiente ß representa o risco que não é diversificável. Por fim, o Rlr significa o retorno que poderia ser obtido ao investir em um ativo livre de riscos.
Em geral, os investimentos usados como referência para fazer o cálculo são o Tesouro Selic ou outros títulos atrelados ao Certificado de Depósito Bancário (CDI). Isso acontece porque o CDI é um índice que fica próximo à taxa Selic, e esse retorno seria o mínimo aceitável para um investimento, já que há opções seguras que oferecem esse rendimento na renda fixa.
Afinal, você pode obter esse resultado ao investir no Tesouro Selic, que é um título público considerado o mais seguro do país. Ou seja, só vale a pena correr maiores riscos se o potencial de rentabilidade também for mais elevado.
Após substituir as variáveis e fazer o cálculo, o resultado será o retorno mínimo esperado.
Exemplo prático
Para entender melhor como o cálculo funciona, vale conferir um exemplo prático. Para tanto, considere que a taxa livre de risco está em 12%, o coeficiente ß em 1,5 e o retorno do mercado seja de 15%.
Substituindo esses valores na fórmula, o resultado é:
- Rcp = 0,12 + 1,5 x (0,15 – 0,12)
- Rcp = 0,12 + 1,5 x 0,03
- Rcp = 0,12 + 0,045
- Rcp = 0,165
Transformando o retorno mínimo esperado em porcentagem, o resultado para o investidor seria de 16,5%, considerando o cenário estabelecido. Vale lembrar que esse é um parâmetro a ser analisado em conjunto com outros indicadores do mercado.
Com a leitura deste artigo, você aprendeu como calcular o CAPM de um ativo. Essa métrica foi desenvolvida para dar mais embasamento ao investidor para tomar decisões de investimento mais acertadas e alinhadas aos seus objetivos.
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