O início de 2020 tem sido bom para os investidores que apostaram pelo dólar norte-americano (USD) como ativo principal das suas operações. O mercado Forex, por exemplo, não regulamentado no Brasil, tem mostrado uma tendência positiva da moeda dos Estados Unidos da América, ao mesmo tempo em que Euro (EUR) sofre uma crise importante.
A moeda europeia atingiu, em relação com o dólar, mínimos que não se registavam desde maio de 2017. Mas, por que é que este movimento está acontecendo?
Há vários fatores que ajudam a entender essa situação. Mas tudo parece indicar que, se um investidor procura hoje um ativo seguro, poderá ouvir especialistas de mercado e corretoras de Forex no exterior sugerirem o dólar norte-americano como um investimento com pouco risco. Afinal, a economia dos EUA neste ano de 2020 – que acabará com uma eleição presidencial – tem se mostrado forte e estável até o momento.
Os dados da economia dos EUA e a pressão sob o Fed
Nos últimos meses, a acumulação de notícias positivas sob a economia dos EUA ajudou o dólar norte-americano a dar um salto. Apesar da guerra comercial com a China, o acordo inicial assinado pelos presidentes Donald Trump e Xi Jinping fechou temporariamente uma crise que ameaçava o conjunto das economias do primeiro mundo.
Em relação a outros indicadores macroeconômicos, todos os índices de produção industrial (PMI), a taxa de desemprego e os chamados Non-Farm Payrolls (Payroll) ou ordenados não agrícolas apontam que a economia norte-americana é confiável. O único elemento que poderia complicar o cenário nos últimos meses do ano são as eleições presidenciais de novembro.
Após ter superado com sucesso o processo de impeachment contra ele, Donald Trump parece ter ganho vantagem sob qualquer rival do Partido Democrata, em lutas internas para eleger seu candidato.Uma nova vitória de Donald Trump ajudaria a manter a estabilidade da economia dos EUA, apesar da atitude temperamental e o comportamento errático do líder do país, especialmente quando utiliza as redes sociais.
Por isso, os investidores não são muito favoráveis a uma mudança política que leve um democrata à Casa Branca. Especialmente se esse democrata é Bernie Sanders ou Elizabeth Warren, duas figuras tidas por muitos como inimigas de Wall Street e do mundo dos negócios e finanças.
Fed em foco
Não podemos esquecer também a pressão crescente que Donald Trump tem feito sob o Fed (Banco da Reserva Federal dos EUA). Sua aposta pelo recuo das taxas de juros, que incentivariam ainda mais o consumo, não é partilhada pelos diretivos do banco.
A estratégia de baixar as taxas de juros, que muitos outros bancos centrais — como Banco Central Europeu— tem aplicado nos últimos tempos tem efeitos negativos para as economias. E os índices de confiança dos consumidores dos EUA na economia e os dados de consumo doméstico e comércio interior reforçam a posição da Fed: não é preciso reduzir as taxas de juros para incentivar o consumo nem os movimentos de dinheiro líquido.
O que se pode esperar nos próximos meses?
Boa aprte dos analistas coincidem em um aspeto: as tendências do primeiro mês e meio de 2020 não vão mudar assim tão rápido. E os efeitos serão vistos no resto mundo, também no Brasil no tocante às exportações, fundamentalmente.
Mas quem mais deve ficar atento à evolução da economia dos EUA e da sua influencia sob o dólar norte-americano são os investidores. Até agora, aqueles que têm apostado no dólar, especulando no par EURUSD, ganharam dinheiro com a cotação crescente da moeda dos EUA.
É impossível fazer ainda uma previsão a longo prazo pelas incertezas politicas e também sociais. O coronavírus da China tem influenciado muito os mercados nos últimos meses, tanto ou mais do que tinha afetado em 2019 a guerra comercial entre China eEstados Unidos.
Os mercados mundiais que dependem da China sofrem as consequências do cesse da produção nas fábricas chinesas. Agora, nos próximos meses veremos como evolui a crise sanitária e como segue afetando essas economias.
Mas o dólar norte-americano continuará ainda um tempo como ‘ativo refugio’ para os investidores que não querem se arriscar muito – e que não estão dispostos ainda a comprar ouro. Por isso, muitos analistas apontam nessa direção para o curto prazo.
Depois, as decisões dos Bancos Centrais, a evolução dos acontecimentos políticos e a forma de gerir as crises comerciais, sanitárias e sociais decidirão o rumo dos mercados cambiais ao redor do mundo.