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A contratação do brasileiro Neymar Jr. pelo time francês Paris Saint Germain (PSG), há alguns dias, ganhou as manchetes de todo o mundo não só pelo negócio em si, mas pela cifra inédita paga pela compra de um jogador de futebol: 222 milhões de euros (cerca de R$ 822 milhões).

O montante multimilionário envolvido na contratação de Neymar, por si só, já impressiona. Porém, ao compararmos o valor pago pelo Paris Saint Germain para ter o jogador a alguns números relacionados ao mundo dos negócios, é possível ter uma dimensão ainda maior do que esta grande contratação representa, em termos financeiros.

A quantia de 222 milhões de euros (US$ 262 milhões  ou R$ 822 milhões) chega a superar o valor de mercado de importantes empresas brasileiras, assim como ultrapassa transações de compras entre grandes companhias e se aproxima do lucro de gigantes brasileiras. Confira:

Empresas da Bolsa

A negociação envolvendo o PSG e Neymar Jr. supera amplamente o valor de mercado de diversas empresas listadas na Bolsa de Valores. O valor de mercado da Bombril (BOBR4), por exemplo, é de cerca de R$ 303 milhões atualmente, com cada ação a R$ 5,57. A Gafisa (GFSA3), que atua no mercado imobiliário, tem valor de mercado de cerca de R$ 316,57 milhões, com papéis sendo negociados a R$ 11,40 no mercado brasileiro.

Já a Livraria Saraiva (SLED4) vale cerca de R$ 128,96 milhões na bolsa, com ações negociadas a  R$ 4,60 cada. O valor de mercado da Saraiva representa pouco mais de um sétimo da quantia total da contratação do jogador.

Resultados corporativos

Os 222 milhões de euros – ou US$ 262 milhões pagos pelo PSG para ter Neymar Jr. na equipe também se aproximam de resultados corporativos obtidos por empresas de grande porte. A GOL, por exemplo, apresentou um lucro líquido de 247 milhões de euros durante o ano de 2016, de acordo com a empresa Economatica – valor que supera em apenas 25 milhões de euros o montante pago pelo PSG ao Barcelona – antigo clube do brasileiro.

O montante também se aproxima do faturamento mundial da Alpargatas – dona das Havaianas –no primeiro trimestre de 2017: 238 milhões de euros. O valor desembolsado pelo PSG, no entanto, supera o lucro da operadora TIM no ano passado, que foi de 218 milhões de euros, segundo levantamento da Economatica.

A quantia também é maior que o valor pago pelo grupo escandinavo AINMT por 30% da operadora Nextel, que possui mais de 3 milhões de clientes em São Paulo e Rio de Janeiro. O negócio, fechado em junho deste ano, envolveu a cifra de US$ 200 milhões.

Somas do Brasil

Em comparação aos valores envolvendo o governo e a economia brasileira, o valor da transação de Neymar Jr. também impressiona: supera em mais de R$ 100 milhões o orçamento previsto para o Ministério da Cultura para todo o ano de 2017, de R$ 721 milhões, e supera, em dólares, o superávit registrado pela Balança Comercia Brasileira na primeira semana de 2017, de US$ 222 milhões, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

Quantia gigantesca além da contratação

As cifras impressionantes, no entanto, não se limitam à contratação do jogador. De acordo com informações da imprensa, Neymar deverá receber cerca de 30 milhões de euros (R$ 111 milhões) por temporada – o equivalente a 2,5 milhões de euros por mês (ou R$ 9,25 milhões), 83.300 euros por dia ( ou R$ 308 mil, em média), 3.470 euros (R$ 12,8 mil) por hora e, aproximadamente, 57 euros (cerca de R$ 210) por minuto.

Para acompanhar e tentar mensurar os ganhos de Neymar no PSG – que estão bem distantes da realidade da imensa maioria da população mundial – um um usuário do navegador Chrome, do Google, decidiu criar uma extensão que detecta valores nos textos das páginas da internet e converte, automaticamente, para “tempo que o Neymar levaria para receber esse dinheiro”, baseado nos valores em minutos, horas, dias e mês que o jogador irá ganhar do PSG nas próximas temporadas.

Com ele é possível, inclusive, mensurar números que parecem não fazer tanto sentido se enxergados em sua composição habitual, mas que se tornam imensos (muito superiores às somas apresentadas neste texto até aqui) ao compararmos com outros valores – igualmente impressionantes – que são os ganhos do craque brasileiro. Olha só:

Com a extensão do Chrome, os números ficam assim:

Depois de ler estes números em “salários de Neymar”, eles parecem agora muito maiores do que você imaginava anteriormente, não é mesmo?

 

Mais que uma transação no futebol, um negócio

Brincadeiras à parte, não é qualquer clube – ou empresa – que pode investir esta gigante soma de dinheiro na contratação de um jogador ou em qualquer outra transação. Por isso, é preciso identificar e visualizar a contratação do Neymar pelo PSG como um grande negócio entre gigantes: de um lado, um jogador empreendedor e, do outro lado, uma empresa que busca resultados, que investiu forte em uma contratação e que espera gerar receita compatível com o tamanho e as cifras do negócio.

O presidente do PSG, Nasser Al Khelaifi, declarou, na apresentação de Neymar, em Paris (França), que o jogador não foi caro para o PSG, e que o clube deve ganhar “no mínimo, o dobro” de dinheiro que pagou pelo atleta nos próximos dois anos. E esta meta do clube francês pode não estar tão distante quanto muitos imaginam.

Imagine a quantidade de camisas de futebol o Neymar ajudará o PSG a vender? Ou a quantidade de público que ele atrairá para os jogos do time? Isso sem levar em consideração o uso da própria imagem do jogador – que é conhecido em todo o mundo – pela equipe francesa.

Do outro lado, temos um jogador que tem se comportado como um verdadeiro empreendedor: alguém que sabe do seu valor e que está em busca de novos desafios, novas conquistas; que deseja se provar, se reinventar e sim, ganhar dinheiro ao longo desta caminhada.

A cifra multimilionária certamente impressiona, e não é à toa que a maior contratação de toda a história do futebol ganhou as manchetes dos jornais de todo o mundo. A contratação, no entanto, vai muito mais além: ela representa um acordo entre gigantes jamais visto no mundo do esporte, uma aposta de ambas as partes que pode vir a ser um dos negócios mais lucrativos de todos os tempos.

 

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Jornalista e redatora. Atuou como editora de Economia no Jornal DG e Revista Quem é Quem - Economia, assinou por três anos coluna diária de Economia e já produziu conteúdo para diversos portais de notícias do Brasil.

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