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Semanas atrás, recebi uma consulta de uma leitora aqui do blog:
Preciso saber se um banco pode me proibir de desistir de uma aplicacao de
meu dinheiro! ( F.M).
Bom, em princípio isso não existe. Mas depois de algumas trocas de emails e entender melhor a situação, achei interessante compartilhar com todos vocês.
Nesse caso, a leitora F.M. informou que recebeu contato de seu banco de relacionamento ofertando uma oportunidade de investimento. Basicamente, a oportunidade consistia em fazer aportes mensais de um valor X durante um tempo Y.
Quero resgatar um investimento, mas o banco não deixa!
É importantíssimo que tenhamos em mente o seguinte: quando tratar-se de uma obrigação, uma dívida, um empréstimo, por exemplo, realmente temos a obrigação de honrar com o compromisso nos pazos estabelecidos. No entanto, em se tratando de um investimento, é totalmente diferente. Os aportes mensais numa modalidade de investimento destinam-se à construção de uma reserva financeira e isso não é uma obrigação do cliente.
Por outro lado pensei o seguinte: “aportes mensais?” Sabedor de que há um hiato entre a compreensão de um consumidor e os produtos ofertados pelo banco, não é incomum a ocorrência de falhas na comunicação, que ocasionam entendimento equivocado e consequente quebra terrível de expectativa.
Ocorreu-me que poderia tratar-se de uma plano de previdência ou, quem sabe, de um título de capitalização (QUE NÃO É UM INVESTIMENTO). Ambos possuem a característica dos pagamentos mensais.
Diante desse fato, perguntei a leitora se era um dos dois produtos. E informei que a cessação dos aportes mensais seria plenamente possível, no entanto, o resgate nesses dois casos poderia estar sujeito à carência.
Após alguns contatos da leitora com seu banco, finalmente chegamos a resposta para o caso: tratava-se de um plano de previdência privada com 6 meses de carência inicial para resgates. Ou seja: F.M. teve um imprevisto e, como não tinha outra modalidade de investimento com liquidez imediata, envolveu-se numa situação desconfortável.
Qual é a lição que fica?
A escolha dos investimentos sem um planejamento financeiro adequado, que contemple outros aspectos da vida financeira é um dos erros mais comuns dos investidores.
A instituição financeira fez seu papel normal, de vendedora de produtos, fez a oferta e teve a concordância da cliente, que o contratou sem entender bem como eram as características da aplicação em questão.
Infelizmente não há erro por parte da instituição financeira, pois a decisão de contratação é exclusivamente do cliente. Há que se considerar que existe uma grande assimetria de informações, já que os produtos financeiros são bem específicos e que conhecê-los foge à realidade da maioria esmagadora das pessoas.
Um outro erro é esperar que a instituição faça um papel de assessoria financeira, consultoria ou educação financeira para que o seu cliente tenha plenos conhecimentos sobre cada um dos produtos. Isso não ocorre, cabendo ao próprio investidor dedicar-se a esse aprendizado.
Quando o cliente NÃO estiver completamente seguro se um produto lhe atende, NÃO deve contratar, nunca. O caso de F.M. ocorre DIARIAMENTE.
E quando compramos um produto, seja financeiro ou não, sem ter certeza de como ele funciona, FATALMENTE seremos frustrados em nossas expectativas.
Outro ponto da análise é a seguinte: a nossa vida financeira é complexa. Envolve MUITOS OBJETIVOS e contratempos. As decisões de investimento, crédito, seguros e etc, devem estar SEMPRE subordinadas a um planejamento financeiro e não a oferta de produtos.
Isso fica claro com a seguinte constatação: previdência é ruim? NÃO! Mas não era um produto adequado para o momento da vida, das necessidades, das expectativas nem tampouco do nível de conhecimento de F.M. sobre os complexos produtos e variáveis envolvidas. Portanto, contratar algo que alguém oferece, tem que fazer sentido dentro de um planejamento.
Resumindo: nunca compre produtos financeiros sem que se encaixem em seu planejamento.
Prezada F.M., obrigado pelo contato e estarei sempre a disposição. Sua experiência foi maravilhosa como “case”, por isso, conforme te escrevi no email, achei muito importante compartilhá-la com os nossos leitores.
Grande abraço a todos,
André Bona