Olá!
Por intermédio do meu amigo e planejador financeiro pessoal Oswaldo Sena, com quem já registrei aqui no Blog uma entrevista, conheci em 2014 o Matthew Goss, CEO da StrategyDB.
Eu gosto muito de novidades e, após algumas reuniões vi que o relacionamento com o Matthew deveria culminar numa entrevista a ser publicada aqui no Blog, para que os leitores conhecessem seu trabalho e o que ele está trazendo para o Brasil.
Matthew atua no mercado financeiro desde 1981, e seu vasto curriculum inclui atuação no Goldman Sachs – como especialista em metais preciosos (Nova Iorque), no Bankers Trust Singapore (Cingapura) e no CME Group (Nova Iorque). A partir de 2006, Matt passou a atuar como consultor analista de trading, com soluções desenvolvidas utilizando o TradeStation. Atualmente é o CEO da StrategyDB e traz consigo todo o expertise acumulado ao longo da carreira para terras brasileiras há alguns anos.
De nossas longas reuniões com muita troca de informação, extraí algumas questões que achei relevantes para o nosso público, especialmente no que se refere ao uso de sistemas automatizados de operação nos mercados.
Veja como foi esse papo:
André Bona: Matthew, os sistemas automatizados de negociação são populares por algum tempo em mercados desenvolvidos, especialmente nos EUA, onde você começou sua carreira como um trader profissional. Como base na sua experiência, você pode nos dizer quais são os prós e os contras do uso dessa tecnologia em relação à negociação tradicional? É também recomendado para os traders não profissionais?
Matthew Goss: Vejo como principal vantagem do uso das soluções automatizadas, a possibilidade do trader expandir suas possibilidades para além de uma única classe de ativo e utilizar uma visão de túnel. O principal desafio, por outro lado, são os longos ciclos de desenvolvimento que são requeridos para que um investidor possa chegar a estratégias potencialmente rentáveis de operação em tempo real.
André Bona: Você tem uma idéia da percentagem do volume de mercado de ações e futuros nos EUA que utilizam essa tecnologia? É possível estimar?
Matthew Goss: Calculo que 75% das operações com ações e 35% das operações com futuros no mercado americando utilizem ferramentas tecnológicas de automatização de trades, e isso segue em crescimento.
André Bona: Hoje você está vivendo e trabalhando no Brasil, um mercado emergente. Quais são as oportunidades que você imagina para o seu negócio no Brasil e como você acha que a sua empresa pode capitalizar isso?
Matthew Goss: O mercado brasileiro, que é um mercado emergente como você bem lembrou, está atualmente mal servido pelo uso de algoritimos, especialmente para os investidores individuais que queiram eventualmente se beneficiar do uso desses algoritimos. A minha empresa, a StrategyDB, é capaz de fornecer educação, aplicações baseadas em nuvem e também serviços de consultoria na parte de programação, testes de algorítimos e também expertise em tecnologia financeira destinada a permitir que os investidores o façam por meio de suas corretoras. Um exemplo disso, é a parceria que estamos estabelecendo com a plataforma DOD (www.executive.com.br), que é um parceiro estratégico para disponibilizar sinais de negociação ao investidor individual nos mercados futuros e a vista da BMFBovespa.
André Bona: Como nasceu a StrategyDB e como está a empresa hoje?
Matthew Goss: A StrategyDB surgiu em 2009 e era apenas uma idéia nascida a partir do meu trabalho de consultoria. Constantemente eu verificava as idéias de negociação e achei que seria bom se eu e outros investidores pudéssemos ter acesso a um banco de dados contendo estratégias de negociação atualizadas em tempo real e como utilizar esses back-tests como referências em negociações futuras.
André Bona: Tenho a percepção de que a StrategyDB está concentrada nos traders institucionais, como fundos, por exemplo. Você mencionou a parceria com a plataforma DOD. Existem planos para oferecer serviços similares aos investidores individuais, como nossos leitores aqui? Quando você acha que eles serão capazes de se beneficiar desse tipo de serviço?
Matthew Goss: Na verdade, para os clientes que necessitam entender uma estratégia técnica básica, StrategyDB já é amigável. Nenhuma personalização é necessária para o usuário individual. Normalmente, quando se trata dos clientes institucionais, a StrategyDB personaliza de acordo com os requisitos de sistemas e de fluxo de trabalho.
Quanto aos investidores individuais, já é possível entrar e usar nossas atualizações de investigação em tempo real, que já estão disponíveis na “prateleira”, para localizar estratégias vencedoras potenciais que poderiam ser utilizadas em suas plataformas de negociação. Com essa parceria com a plataforma DOD, certamente poderemos criar também a condição para que as próprias operações sejam feitas de maneira automatizada.
Assim o investidor poderá simplesmente escolher um ou mais robôs e garantir que suas operações sejam executadas de forma automatizada segundo critérios pré-estabelecidos. Enquanto o investidor cumpre seus compromissos diários, ligados ao seu trabalho e a sua vida pessoa, os robôs trabalham efetuando suas operações nos mercados.
André Bona: Obrigato Matt! Em breve espero apresentar novidades aqui sobre esse serviço disponível ao investidor individual!
Sem dúvida a utilização dos algorítimos para operações nos mercados “profissionaliza” o trade do investidor, uma vez que os parâmetros estabelecidos são estudados, geram uma base de conhecimento, permitindo ao investidor estudar os resultados e fazer ajustes na sua estratégia.
Além disso, retira os fatores emocionais que frequentemente atormentam a cabeça dos que fazem operações mais curtas, transformando o processo decisório em algo objetivo.
Como estamos no Brasil, tudo o que se refere a processos tecnológicos pode gerar algum tipo de resistência inicial, no entanto, na minha opinião, trata-se apenas do atraso normal entre a dianteira do desenvolvimento tecnologico mundial para países em desenvolvimento como o nosso.
Grande abraço,
André Bona