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*Este artigo foi produzido pelo Mobills com exclusividade para o Blog de Valor.

 

O Brasil infelizmente ainda não é um país onde se privilegia a educação financeira desde cedo. Nós não costumamos aprender sobre como administrar nosso dinheiro na escola. Por isso, nossa maior base acaba sendo os hábitos financeiros de nossos pais ou responsáveis.

Desse modo, o problema financeiro de muitos brasileiros já surge na infância, onde aprende-se a lidar com o dinheiro da forma errada. É quando os pais compram pelo desejo e amam a frase “não tenho dinheiro agora, mas posso passar no cartão de crédito e pagar só no mês que vem”.

Ao crescermos tendo essas pessoas como exemplo, nos tornamos adultos consumistas e que se endividam cada vez mais. Crianças que não recebem “não” como resposta não são capazes de entender que se o dinheiro não for bem administrado acaba e que isso normalmente traz consequências indesejáveis.

Celina Macedo, que possui doutorado em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e ministra desde 2011 a primeira disciplina de Educação Financeira do país voltada para os alunos do Ensino Médio no Colégio de Aplicação UFSC, explica que “quando o assunto dinheiro surge em uma conversa familiar é quase sempre por motivos ruins, como a falta dele”.

E o maior erro está aí.

“O pior é que, mesmo dizendo que não tem dinheiro, a mãe volta feliz do passeio no shopping com uma bota nova. Com essa atitude, ela passa ao filho a lição de que o importante é realizar o desejo, independentemente de ter ou não dinheiro, de ter que pedir emprestado ao banco, de pagar em várias vezes com juros ou mesmo de passar a ser devedora”, afirma Celina.

Claro que não podemos generalizar. Ninguém é igual e existem exceções. Mas o que eu quero mostrar é que os bons  exemplos contribuem para gerar adultos financeiramente conscientes.

Sendo assim, é muito importante você ensinar os filhos corretamente sobre dinheiro, como eles devem administrar seus bens e fazer o controle financeiro pessoal. Quer saber como? Então, não deixe de ler este artigo até o final!

Qual a idade ideal para conversar sobre finanças com crianças?

A partir de 3-4 anos, a criança já passa a ter noção de tempo e quantidade, ou seja, você já pode começar a conversar com ela sobre educação financeira, mas claro que utilizando uma linguagem lúdica.

A verdade é que não existe uma idade definida para iniciar a conversa sobre finanças com seus filhos, porém, quanto mais cedo melhor, desde que respeitando sua idade e maturidade. Não adianta tentar explicar conceitos financeiros complexos se a criança ainda não tem capacidade para entendê-los.

Converse sobre o seu trabalho

Crianças são curiosas e nada melhor do que atiçar a curiosidade delas em prol disso. Pergunte aos seus filhos se eles sabem qual é o trabalho da “mamãe e do papai”. Provavelmente eles vão dizer que não sabem ou falar uma resposta bem divertida.

Quando eu era criança, amava ir ao escritório do meu pai. Eu não tinha noção do que ele fazia exatamente, mas dizia que queria ser a secretária dele.

Portanto, explique para os seus filhos a sua profissão de uma maneira que ele consiga entender e depois converse sobre a importância de trabalhar. “Sabe aquele seu brinquedo preferido? Mamãe te deu, pois com o trabalho dela, ela pode comprar.”

Esclareça que com o seu trabalho você recebe dinheiro e com ele você compra brinquedos, além de pagar as contas da casa. Lembre-se de explicar que o dinheiro é importante sim, embora não seja tudo na vida.

Faça jogos e dinâmicas

Crianças reagem melhor a jogos e dinâmicas, então elabore algo que os seus filhos realmente gostem. Se você não é uma pessoa criativa, você pode pesquisar no bom e velho Google. Uma dinâmica que eu vi no YouTube é dar R$ 6,00 para a criança e levá-la naquelas lojas de R$ 1,99 (a brincadeira original era com dólar).

Explique que ela só pode comprar três coisas, pois cada uma custa R$ 2,00 (arredonde para melhor entendimento). Ao chegar na loja, se ela pedir mais de três, diga que ela terá que abrir mão de algum, para no final ter três coisas no carrinho.

Desse jeito, os seus filhos entenderão de uma forma prática como funciona o dinheiro. Você também pode optar por jogos que já existem, como Banco Imobiliário e Jogo da Vida.

Estimule o desapego

É importante despertar nos seus filhos desde cedo a arte do desapego de itens como brinquedos e roupas. Converse sobre a doação e que outras crianças gostariam muito de ter uma boneca, um carrinho e que eles (seus filhos) têm vários.

Junto com eles separe todos os brinquedos e roupas e comece a perguntar “quer doar esse aqui?”, o segredo é conhecer bem os seus filhos. Por exemplo: se eles falarem que querem ficar com tal brinquedo, mas você sabe que eles não brincam mais com aquele, então converse com eles.

Você também pode explicar que ele pode vender (com a sua ajuda, claro) e usar o dinheiro para comprar roupas e brinquedos novos.

Lazer x consumo

Infelizmente, é comum que as crianças associem que sair de casa significa ir fazer compras no shopping, por exemplo. Talvez, isso não seja diferente com os seus filhos.

Isso acontece porque o comportamento consumista da criança já está sendo instalado aos poucos. Por isso, antes de sair para iniciar uma atividade, deixe claro como ela será.

É importante que você mostre para os seus filhos várias alternativas de lazer, como ir ao parque, praia e museu. Além de estimular a inteligência, mostra a eles que não é preciso sempre ir ao shopping quando forem sair de casa.

Assim, ele começa a entender de uma maneira simples a diferença entre lazer e consumismo, e que por mais que fazer compras seja prazeroso, o lazer não está ligado necessariamente ao consumismo.

A mesada é necessária?

A mesada é uma ótima maneira de ensinar os filhos que juntar dinheiro é importante. Lembre-se de sempre explicar que se eles gastarem o dinheiro todo de uma vez, você não dará mais. Eles precisam ter consciência de que aquele valor é mensal e não irá aumentar.

Ou seja, se eles desejam comprar algo que ultrapasse aquele valor, então precisam economizar para conseguir comprar. Porém, caso seus filhos não levem lanche de casa para comer na escola, o dinheiro do lanche escolar não deverá estar incluído na mesada, pois há o risco da criança deixar de comer para não gastar o dinheiro.

Deixe seus filhos errarem

Como eu falei no tópico anterior, se eles gastarem o dinheiro da mesada todo de uma vez, você não dará mais. Mas será que você deve influenciar nas escolhas deles?

Por mais que seja difícil não se meter, deixe os seus filhos tomarem as próprias decisões financeiras. Dessa maneira, eles aprenderão mais fácil e rápido como lidar com o dinheiro.

Um velho ditado diz que “é errando que se aprende”. Então, sempre que eles gastarem com coisas desnecessárias e acabarem com toda a mesada, explique para eles o que fizeram de errado e como podem fazerem certo no próximo mês.

Seus filhos precisam de educação financeira

Pais que querem dar tudo para os filhos erram, pois podem estar tirando deles a capacidade de sonhar e correr atrás do que tanto almejam. Eles precisam estar preparados para enfrentar a realidade da vida adulta.

Ensinar os filhos corretamente sobre dinheiro é muito importante. Somos os maiores exemplos que eles têm, logo, nosso papel é fornecer uma boa educação. A educação financeira é essencial para que eles não cresçam como adultos consumistas e sofram as consequências depois.

Como meus pais sempre me dizem: a maior herança que eles vão me deixar é a boa educação: na escola, em casa e a educação financeira.

 

Isabelle Lima

*O Mobills é um aplicativo de controle financeiro, que permite ao usuário cadastrar e gerenciar suas contas de forma eficiente, em qualquer lugar e a qualquer hora.

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Sócia-fundadora e CEO da ABContent. Cursou Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, tem formação em Marketing e Pós-Graduação em Gestão de Mídias Digitais pela Universidade Metodista de São Paulo. Foi repórter, colunista e editora em diversos veículos de comunicação nas editorias de Economia, Negócios e Mercado de Capitais.

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