Os investimentos de renda fixa são conhecidos por sua previsibilidade e segurança. Porém, isso não significa que eles não contenham riscos a serem ponderados. Inclusive, um deles está associado ao default — você sabe o que é esse conceito?
Os títulos do Tesouro Direto, por exemplo, possuem o menor risco do mercado. Afinal, eles estão atrelados ao Governo Federal — que, em um contexto econômico, seria a instituição mais confiável no país. Entretanto, ainda podem existir riscos, como o default, tornando fundamental conhecê-lo.
Se você se interessou pelo assunto, continue a leitura deste artigo e veja o que é default e quais efeitos para a economia de um país.
Boa leitura!
O que é default?
A palavra inglesa default pode ter várias definições. Contudo, no contexto dos investimentos, ela é conhecida como “calote”. Ou seja, ela costuma ser utilizada quando o devedor não consegue realizar o pagamento de um título que ele emitiu.
Entretanto, não é somente a falta de pagamento que pode ser considerada como default. O termo também pode ser usado para definir mudanças significativas impostas pelo devedor nas condições de um contrato ou em caso de descumprimento de uma cláusula importante.
Ademais, alterações que tenham o objetivo aparente de facilitar as condições para que o devedor não se torne inadimplente também podem ser consideradas como default (calote). Isso pode envolver diminuição de juros, aumento de prazos, corte de garantias, entre outros.
Por outro lado, não será considerado default as situações de comum acordo entre o credor e o devedor, sem que isso seja resultado de imposições das partes.
Como ele ocorre?
O funcionamento de grande parte dos investimentos de renda fixa é bastante parecido com um empréstimo. Nesse caso, empresas, instituições financeiras ou o Governo emitem títulos no mercado visando levantar recursos.
Em contrapartida, eles pagam juros ao investidor, que são somados ao montante inicial no resgate ou vencimento. Então, geralmente, um título de renda fixa contém o valor do aporte mínimo inicial, a sua data de vencimento, a rentabilidade proposta e o modo de pagamento dos juros.
Assim, antes mesmo de realizar o aporte, o investidor já conhece todas as informações acerca do investimento.
Por exemplo, imagine um título com aporte mínimo de 500 reais, vencimento em 5 anos, rentabilidade prefixada de 11% ao ano e pagamento dos juros ao final do investimento. Nesse caso, se o investidor mantiver a aplicação até o final, receberá 55% sobre o valor investido.
No entanto, ao longo desse período, o emissor do título pode passar por alguma dificuldade estrutural ou financeira que lhe impeça de honrar com esse compromisso. Diante desse cenário, existe a possibilidade de ele modificar as condições do título ou simplesmente deixar de pagar o valor acordado.
Quais são os exemplos reais de default?
Você aprendeu o que é default e conferiu um exemplo hipotético. Porém, saiba que ele já aconteceu com empresas, bancos e diversos países.
Confira alguns exemplos reais!
Lehman Brothers
Considerado o maior default da história, a falência do Banco Lehman Brothers, em 2008, deu início à crise imobiliária nos Estados Unidos. Na ocasião, a instituição deixou de pagar mais de 600 bilhões de dólares aos seus credores e investidores.
Crise na Grécia
No ano de 2011, uma grande crise econômica teve início na Europa. Muitos países europeus gastavam mais do que conseguiam arrecadar e realizavam empréstimos junto ao FMI (Fundo Monetário Internacional) para equilibrar suas contas.
A Grécia foi um dos países mais afetados, chegando a acumular um endividamento de 300 bilhões de euros. Isso gerou encolhimento econômico no país e redução da sua nota de crédito para as mais baixas (C). Além disso, a Grécia foi o primeiro país desenvolvido a dar um calote no FMI.
Recuperação judicial da Rodovias Tietê
No Brasil, o pedido de recuperação judicial da Concessionária Rodovias do Tietê, em 2019, fez com que os fundos da XP marcassem como “zero” o preço das debêntures da companhia. Na época, existiam mais de 15 mil debenturistas e uma dívida superior a 1,7 bilhão de reais.
Guerra entre Ucrânia e Rússia
A invasão ao território ucraniano, no ano de 2022, rendeu à Rússia uma série de sanções econômicas. Isso aumentou significativamente o risco de default dos títulos em rublos emitidos pelo Estado russo.
Em março daquele ano, o banco central russo anunciou que os estrangeiros detentores de títulos de dívida soberana não iriam receber a remuneração combinada. Estima-se que os estrangeiros detinham mais de 20 bilhões de dólares em títulos russos.
Quais os efeitos para a economia de um país?
Depois de conhecer o que é default e ver alguns casos reais, é possível que você esteja se perguntando sobre os efeitos disso para a economia de um país.
Um dos principais impactos de um default para um país é a perda de credibilidade no mercado. Isso acontece porque o país deixa de ser confiável. Então é natural que, diante de cenários de default, as agências de rating reduzam a nota de crédito do país e aumentem a sua classificação de risco.
Dessa forma, é comum observar a queda no número de investidores interessados em aplicar o capital no país. Nesse sentido, o Governo encontrará maiores dificuldades para emitir novos títulos, fazer empréstimos, captar recursos no exterior e reequilibrar o seu endividamento.
Além disso, a ocorrência do default tende a impactar severamente as taxas de juros do país e a inflação, reduzindo o crescimento da economia. Consequentemente, esses fatores causam a desaceleração comercial, redução de empregos e diminuição da renda em um ciclo cada vez mais prejudicial.
A depender do tamanho da economia do país e o quanto ela influencia no mercado mundial, diversos outros países podem ser impactados. Por exemplo, a Rússia é uma grande exportadora de commodities como o petróleo, o gás natural, grãos, entre outros.
Com as sanções comerciais que lhe foram impostas, muitos países estão impedidos de fazer comércio com a Rússia. Isso traz volatilidade para os preços das commodities, afetando países que têm a sua economia baseada nesses produtos e precisam readequar sua economia para evitar prejuízos financeiros.
Conclusão
Sabendo, agora, o que é default, você poderá tomar decisões mais acertadas no momento de investir, considerando os diferentes cenários do mercado. Portanto, não deixe de avaliar o risco de calote do emissor de um título antes de aplicar o seu capital, visando evitar problemas futuros.
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