Pouco antes da Copa do Mundo de 2018, publicamos um texto nesse blog. Nele, traçamos paralelos entre os fracassos da seleção brasileira nas Copas de 1986, 1998, 2006, 2010 e 2014 e erros comumente cometidos por investidores.
A Copa do Mundo da Rússia, por sua vez, viria a representar mais um fracasso para a nossa seleção, que perdeu por 2 x 1 para a Bélgica nas quartas de final. Assim, mais uma vez surge a pergunta: quais lições essa partida pode nos trazer ao pensarmos na forma com a qual lidamos com as nossas finanças e investimentos?
Considerando os fatos
Antes de tudo, é importante constatar o seguinte: a seleção belga lidera o ranking da FIFA desde 2018, e venceu nada menos que 16 dos 18 jogos que disputou entre 2019 e 2020. Assim, não é por acaso que na Betfair, um site para fazer aposta esportiva, em março de 2021, os “Diabos Vermelhos” – como são conhecidos – apareciam como a terceira seleção mais cotada para vencer a Euro 2020 (que acontecerá de junho a julho de 2021).
O retorno oferecido pelo inédito título europeu da seleção liderada por De Bruyne, Hazard e Lukaku era de 6.5 – apenas um pouco maior que o retorno oferecido pelos títulos das duas principais favoritas, a Inglaterra e a França.
E foi a inegável qualidade da atual geração de jogadores belgas que fez com que poucas derrotas do Brasil em Copas fossem tão bem digeridas pela nossa imprensa quanto aquela de dois anos atrás. Desta vez, não se verificou estrelismo, falta de atenção aos detalhes, falta de comprometimento ou quaisquer outros dos “pecados capitais” normalmente associados à nossa seleção.
Para muitos, a melhor explicação para mais essa eliminação – que não pode ser considerada um vexame – é dolorosamente simples: é possível – talvez até provável – que tenhamos perdido para uma seleção melhor que a nossa, como foi defendido por André Avelar antes mesmo do encontro entre Brasil e Bélgica.
O jogo e as finanças
Traçando um paralelo entre essa situação e o mundo das finanças e investimentos, em particular com o mercado de renda variável, tal derrota nos serve, acima de tudo, como uma lição de humildade.
Afinal, é perfeitamente possível fazer tudo que está ao nosso alcance e, ainda assim, os resultados nem sempre serem alcançados – principalmente no curto prazo. É claro que ninguém faz tudo “certo” o tempo todo e, mesmo se fizesse, isso não seria garantia de nada.
De fato, uma das marcas dos grandes investidores é o reconhecimento da própria incapacidade de prever todas as variáveis que podem afetar o mercado financeiro – assim como Tite não poderia ter previsto que um dos seus melhores jogadores faria um gol contra no jogo com os belgas.
Evidentemente, após um revés, não é difícil encontrar os motivos que levaram uma equipe a sofrer determinados gols, ou os motivos para que uma ação não trouxesse os resultados projetados.
Mas, por mais doloroso que essa situação possa ser, é nessas horas que todo investidor que se preze – assim como todo técnico de futebol – deve fazer um esforço para não se culpar por não ter antecipado tais movimentos do mercado. Mais do que nunca, é nessas horas que se deve confiar no processo, e saber que, ao mesmo tempo em que tudo pode – e deve – ser aprimorado constantemente, poucas coisas estão realmente sob nosso controle.
Então monte um plano de investimentos e siga-o da melhor maneira possível. No longo prazo, você verá que manter-se fiel ao processo – apesar de eventuais tropeços – terá sido a escolha mais acertada para o seu patrimônio!