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Olá!

Estive recentemente com o pessoal da Sherpany, uma empresa com sede na Suíça e que está iniciando suas atividades aqui no Brasil.

Como uma das nossas metas aqui no Blog de Valor é também trazer as novidades que estão chegando no mercado financeiro, achei muito interessante registrar a conversa com o Mathias Brenner – diretor de operações da Sherpany – e disponibilizar aqui.

A novidade que a Sherpany está trazendo para o nosso mercado brasileiro é a seguinte: na Europa, existe a possibilidade dos investidores individuais (pessoa física) que possuam ações participem das assembleias gerais das companhias abertas e inclusive exerçam seu direto ao voto de maneira eletrônica.

A Sherpany é uma referência nessa tecnologia que, em breve, estará disponível também aqui no Brasil por meio da implementação da instrução CVM 561.

Veja como foi a conversa que tive com o Mathias:

André Bona: Qual é o trabalho e a principal contribuição da Sherpany no mercado financeiro europeu hoje?

Mathias Brenner: A Sherpany veio para aproximar companhias e acionistas. A nossa intenção sempre foi essa: conectá-los.

Os investidores institucionais têm acesso direto aos diretores financeiros (CFOs) das companhias em que investem. Mas isso não é bem verdade para os investidores individuais (pessoa física). Para alguns, ir pessoalmente às Assembleias Gerais (AGOs) é a única forma de ter contato direto com tais líderes. Apenas uma vez ao ano. Nos pareceu muito pouco.

Hoje nós fomentamos a comunicação bilateral entre companhias e investidores. Acredito que nosso principal mérito está em alcançar também os pequenos acionistas. Apesar de serem maioria em números absolutos, eles estavam inacessíveis às companhias até então.

Havia uma lacuna a ser preenchida, e acho que conseguimos.

André Bona: Que deficiências/oportunidades vocês enxergaram no mercado para criar a Sherpany e quando a companhia surgiu?

Mathias Brenner: Antes de ser co-fundador e CEO da Sherpany, o Tobias (Häckermann) já era acionista de algumas companhias. Para ele, era difícil acreditar que algumas coisas aparentemente básicas não eram feitas online. Em pleno século XXI, era possível até mesmo comprar uma casa via internet. Mas ele não conseguia sequer se comunicar de maneira satisfatória.

É assim que crescemos. Desde 2012, a Sherpany liga acionistas espalhados pelo mundo. Eles conseguem até mesmo votar determinados assuntos sem terem de se deslocar à sede. Em um país do tamanho do Brasil, isso é ainda mais desafiador. E necessário.

André Bona: É muito claro para mim que a Sherpany é uma companhia intensiva em tecnologia, estou certo? Hoje, qual é a estrutura da companhia para entregar as soluções e tecnologia que ela entrega? Onde ficam as sedes? Qual é o pessoal envolvido? Quantas pessoas acessam os serviços da companhia atualmente?

Mathias Brenner: Somos uma equipe relativamente enxuta e extremamente qualificada. Mesmo assim, já nos destacamos enquanto companhia global. Somos cinquenta colaboradores ao todo – em sua maioria, programadores. Nossa sede administrativa fica em Zurique. Também mantemos um centro de programação em Lisboa, onde estão alocados dois terços da nossa equipe. Em julho inauguramos uma unidade de negócios na capital paulista.

Hoje, mais de 40 mil acionistas utilizam nossa plataforma para se conectarem às companhias. Cerca de 22 mil destes optaram pelo voto on-line para as Assembleias Gerais. Pessoas que não possuem ações também podem utilizar nossa plataforma. Investidores, jornalistas e outros interessados podem criar logins para monitorar as companhias brasileiras. Facilita o dia-a-dia de todos, pois conseguem ler conteúdo relevante sobre o mercado de capitais em um único lugar. A Sherpany funciona como agregador. Ela é gratuita. E estará disponível no mês que vem.

André Bona: A Sherpany está chegando no Brasil agora. Quais são as perspectivas da companhia e onde vocês enxergam espaços para contribuir de maneira diferenciada para o investidor brasileiro?

Mathias Brenner: Na Europa, somos líderes num mercado extremamente pulverizado. Vou usar a Suíça como exemplo. Nossa market share é de 20%. Nossa base de clientes conta com mais de cinquenta companhias. Entre elas estão multinacionais que atuam no Brasil, como a Novartis, Nestlé, Zurich. Somos uma ponte entre investidores e companhias nos dois lados do Atlântico.

Mais importante, temos uma proposta diferenciada. As companhias publicam atualizações e relatórios, mas também se comunicam. Investidores podem debater uns com os outros.

Nossa premissa é ser uma comunidade virtual, ponte entre companhias, acionistas e potenciais investidores.

Em termos práticos, podemos também oferecer conveniência. A Sherpany é uma one-stop-shop. Não é preciso ir atrás do site de RI de cada companhia. As informações de todas as companhias do seu portfólio de investimentos estão centralizadas. Tudo organizado, tudo acessível. Há também o aplicativo para iOs e Android.

André Bona: Como andam os projetos da CVM para facilitar a participação dos acionistas nas assembleias das companhias de capital aberto? Será que podemos pensar num sistema eletrônico, como vocês já fazem na Europa, para breve aqui?

Mathias Brenner: Não é questão de pensar. É para implementar! O Brasil já possui os requisitos necessários para implantar tais sistemas. Há infra-estrutura de rede e, agora, quadro legal-regulamentar. A relação dos brasileiros com a internet é bem mais próxima do que em outros países. Mais de 90% dos participantes do mercado financeiro possuem smartphone ou tablet.

Agora é questão de tempo até que as companhias abracem este novo contexto. Há potencial para que se torne estratégia de engajamento, ao invés de obrigação. As que souberem se adaptar, ganharão credibilidade dentro e fora da base de acionistas.

Além do mais, é um sistema auditável.

André Bona: E com relação a segurança desses sistemas? O que vocês podem nos falar sobre isso?

Mathias Brenner: Nós trabalhamos em um ambiente delicado. Diariamente, precisamos ajudar companhias no equilíbrio entre transparência e confidencialidade. É preciso que seja um canal de relacionamento eficaz, mas sem comprometer informações sensíveis. É por isso que existem controles de autenticação e autorização que permitem diferentes níveis de acesso às informações das companhias.

Também nos preocupamos com as informações de usuários. Usamos a mesma tecnologia dos bancos, como firewalls, criptografia e autenticação bidirecional. Em cima disso tudo, contamos com auditores independentes. São especialistas em segurança que nos auditam com frequência para testar e identificar oportunidades de melhoria.

André Bona: Vi também que estão iniciando a comunidade virtual onde todo e qualquer investidor pode se cadastrar para participar da comunidade, de maneira gratuita, certo? Gostaria que falassem mais da comunidade. Que recursos a plataforma disponibilizará para as pessoas que queiram se cadastrar, quando estará disponível e saber se já é possível para as pessoas se cadastrarem antes do início.

Mathias Brenner: A resposta é SIM! A Sherpany é gratuita para pessoas físicas. Uma versão especial da nossa plataforma está sendo desenvolvida para o Brasil. Ela será lançada em outubro, mas você já pode se pré-cadastrar em www.sherpany.com.br.

Claro que temos muitas informações e relatórios. Mas não se trata apenas de números: queremos conectar. A atuação das companhias deve estar em acordo com os valores pessoais de cada investidor. Por isso aconselhamos as empresas a juntar ao mix informações sobre sustentabilidade, mídia e outras coisas que homebrokers não fornecem. Tentamos filtrar e dar ordem às informações que costumam estar dispersas. Queremos mostrar as histórias e as pessoas que são a essência das companhias.

André Bona: Gostaria que deixasse uma mensagem final para nossos leitores aqui do Blog e da nossa audiência geral, que inclui também nossos assinantes do canal do Youtube, do Facebook e Twitter.

Mathias Brenner: É ótimo ver a educação financeira ganhando espaço no Brasil, e que aos poucos o número de investidores está crescendo. Por isso tenho um convite e um pedido.

Primeiro, acesse a Sherpany para conhecer a fundo as companhias. Segundo, permita-se envolver. Comunidades precisam de interação e colaboração. Ajude a sanar dúvidas de outros investidores; interaja com as companhias. Dê sua opinião. É assim que vamos fortalecer os brasileiros e o mercado de capitais.

Aproximar investidores individuais e companhias é um belo desafio que fortalece o investidor individual e melhora a governança das empresas. Excelente!

Um grande abraço,

André bona

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André Bona possui mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro, tendo auxiliado milhares de investidores a investir melhor seus recursos e é o criador do Portal André Bona - site de educação financeira independente.

1 comentário

  1. Boa noite André,

    Primeiramente gostaria de te parabenizar pela excelente atuação na área de educação financeira e pelas orientações referentes aos mais diversos investimentos.

    Em segundo lugar, gostaria de entender melhor como funciona a rentabilidade do tesouro selic. Tipo, supomos que em um dado período a selic tenha permanecido na taxa de 12,5% a.a e eu fiz um investimento de 10.000,00 durante um ano, ao término deste ano a minha rentabilidade bruta será os 12,5% sobre o valor do investimento?

    Vamos complicar mais un pouco a situação, imagine que eu tenha um investimento de 10.000,00 no tesouro selic, a nos primeiros 6 meses a taxa de juros básico era de 8,5% e que após os primeiros seis meses a taxa mudou para 11,75%. E que eu gostaria se saber é se nos primeiros seis meses a minha rentabilidade real seria os 8,5% proporcionais aos seis meses e se após os seis meses essa rentabilidade passaria aos 11,75%?

    Grato por teu apoio!

    Atc,
    Jilmaikel Francisco de Lima
    Bacharel em Administração

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