Quem já anunciou a venda de um imóvel, veículo, celular ou outros bens pode ter recebido de algum interessado o questionamento: “aceita permuta?”. Nesse caso, você pode pensar “o que é permuta?” e ter dúvidas sobre como deve proceder.
Embora a permuta, ou troca, seja uma das formas de negociação mais antigas já registradas, sua utilização ainda é bastante comum. Isso acontece, principalmente, em tempos de crise — quando se busca o reaquecimento do mercado.
Neste artigo, você entenderá o que é permuta, como ela funciona e quais são as modalidades mais utilizadas. Acompanhe a leitura!
O que é permuta?
A permuta consiste na troca de um produto por outro de valor semelhante, sem que seja necessário utilizar o dinheiro. Ela surgiu na antiguidade, antes do surgimento da moeda. Na época, as pessoas se valiam da permuta nos mais diferentes tipos de comércio.
Ademais, mesmo com o surgimento das moedas de troca, a prática continuou presente. Um padeiro, por exemplo, podia trocar parte de sua produção de pães por litros de leite, ovos de galinha, peças de carne e outros alimentos. Assim, ele diversificava a sua alimentação e usufruía de itens que não produzia.
Portanto, ela foi uma ferramenta essencial para a continuidade e evolução das civilizações antigas. Assim, ainda que a maior parte das negociações sejam feitas de outras formas, a permuta ainda é uma ferramenta válida — e muito utilizada em certos contextos.
Como funciona a permuta?
Você acabou de ver o que é permuta e sabe que seu uso reduziu após o surgimento do dinheiro. Entretanto, mesmo com a evolução da civilização moderna, ela ainda é utilizada como uma forma contratual de comercializar bens e produtos.
No Brasil, inclusive, ela é regulamentada pelo artigo 533 do Código Civil. Nesse caso, ela consiste em um contrato de duas ou mais pessoas, no qual cada uma fornece um bem para trocar. Porém, há a necessidade de que as partes concordem quanto à equivalência de valores entre os bens que serão permutados.
Caso os valores dos bens não sejam semelhantes, a parte que detém o item de menor valor poderá complementá-lo com outro bem ou com dinheiro. Isso dependerá do que for acordado entre as pessoas envolvidas.
Assim, com ou sem dinheiro a mais, a permuta pode ser utilizada em diversos tipos de negociação, desde que sejam respeitadas as respectivas formalidades legais.
Quais os tipos de permuta mais comuns?
Agora que você já tem o conhecimento sobre o que é permuta, como ela ocorre e qual a sua finalidade, vale a pena conferir alguns exemplos na prática.
Confira a seguir alguns dos tipos mais comuns de permutas:
Permuta de imóveis
Geralmente, a compra e venda de imóveis envolve valores muito expressivos. Por isso, não são todos que conseguem ter a quantia suficiente em dinheiro para adquirir esse bem à vista. Nesses casos, a permuta imobiliária é uma alternativa bastante utilizada, facilitando a negociação.
Pode ser o caso, por exemplo, de alguém que precisa mudar de cidade. Imagine que a pessoa já tem um imóvel e não quer acumular dois bens — ou está com dificuldade para vender seu imóvel atual.
Via permuta, essa pessoa não precisará ter dinheiro para comprar uma nova casa, nem precisará vender sua propriedade. Ela pode procurar por interessados que estejam anunciando imóveis no mesmo valor ou abaixo do seu e sugerir a permuta entre eles.
Contudo, pode ser necessário complementar o valor do imóvel, caso o seu bem valha menos que aquele que despertou o seu interesse. Ademais, antes de decidir pela troca de imóvel, é importante verificar a documentação, a situação fiscal junto às prefeituras e até mesmo a existência de processos judiciais em nome do proprietário.
Se durante a negociação surgir alguma dúvida acerca da permuta, sobre o imóvel ou qualquer outra questão que a torne arriscada, a busca por auxílio de um profissional do ramo pode ser necessária. Afinal, ele saberá aconselhar e garantir a legalidade da troca.
Permuta de automóveis
Carros novos, mesmo os mais básicos, estão custando valores cada vez mais altos. Com isso, o mercado de veículos seminovos e usados se revela como uma boa oportunidade de encontrar permutas interessantes, facilitando o processo
Contudo, é fundamental analisar com cautela os prós e contras, pois são inúmeras as possibilidades que podem surgir. É preciso considerar o estado de conservação dos carros, a diferença entre eles e outros fatores relevantes.
Vale destacar que a permuta de automóveis é bem aceita até mesmo por concessionárias. Muitas aceitam o veículo usado como parte do pagamento de um novo. Assim como o inverso também acontece — a chamada “troca com troco” pega um veículo usado e devolve um valor para o proprietário.
Permuta de roupas
Já pensou em poder trocar uma peça de roupa que ainda está em boas condições, mas que você não usa mais? A permuta pode ser uma boa ideia para evitar novos gastos com a renovação do guarda-roupa. Essa é uma prática comum, por exemplo, em brechós — que aceitam roupas usadas em boas condições e fornecem dinheiro, roupa ou vouchers em contrapartida.
Além disso, com o crescimento e popularização da internet, atualmente existem diversos negócios virtuais especializados na permuta de roupas, sapatos, joias, brinquedos, mobília e acessórios. Para ter acesso a uma dessas lojas, basta realizar uma pesquisa para descobrir sites do segmento.
Outras esferas de permuta
Com a popularização das redes e mídias sociais, figuras como influenciadores digitais e artistas famosos, surgiram outras formas de permuta. É o caso de quem oferece divulgação em seus canais em troca de produtos ou serviços de determinadas empresas.
Por exemplo, agências de viagem podem providenciar a estadia do influencer ou artista em hotéis e parques temáticos em troca de publicidade. Assim, sem envolver dinheiro diretamente, ambos são beneficiados. O profissional viaja sem custo e a empresa tem divulgação.
Nesses casos, são comuns os mais diversos tipos de permutas, desde roupas e acessórios até serviços de saúde ou lazer. Uma vez que os influenciadores apresentam um grande alcance online, marcas de todo tipo de produtos e serviços se interessam por esse tipo de negócio.
Quando vale a pena fazer uma permuta?
Como foi possível notar, a permuta é uma alternativa de negociação válida, que pode trazer benefícios para todas as partes envolvidas. Contudo, para fazê-la corretamente e evitar prejuízos, é necessário reconhecer os contextos em que fazer uma permuta pode valer a pena.
Confira os principais!
Mudanças emergenciais
Como você viu, um dos cenários em que a permuta pode ser atrativa é quando uma pessoa ou família precisa se mudar de cidade. Isso ocorre, por exemplo, com a conquista de um novo emprego em local distante da residência atual ou pela necessidade de estar mais próximo dos familiares.
Nesses casos, permutar pode ser uma alternativa mais prática e rápida para mudar de casa. Afinal, optar pela troca de imóveis torna o processo menos burocrático e simples para os envolvidos.
A permuta também pode ser uma alternativa para encontrar um novo lugar para morar em condições semelhantes às que você já tinha. Para isso, basta encontrar um imóvel adequado que pertença a outra pessoa interessada na troca para negociar as condições.
Entretanto, lembre-se de tomar todos os cuidados mencionados para garantir uma permuta adequada e sem problemas em relação aos imóveis.
Atraso na construção da casa própria
Algumas pessoas podem adquirir terrenos com boas localizações com o sonho de construir um imóvel. Porém, existem casos em que a construção da propriedade demora mais que o esperado. Para quem deseja sair do aluguel e mudar-se logo para sua casa própria, essa situação pode ser bem incômoda.
Por isso, existe a possibilidade de proprietários de terrenos negociarem o lote na troca por imóveis já prontos. Muitas vezes, é possível fazer negócios diretamente com construtoras e imobiliárias que tenham interesse em terrenos bem localizados.
Diversificação de investimentos
Também é possível utilizar a permuta como forma de diversificar os investimentos. Nesse caso, quem investe diretamente no mercado imobiliário pode utilizar imóveis que já tem para trocar por outros. Essa pode ser uma opção para buscar outros caminhos para a sua estratégia.
Por exemplo, quem está acostumado a negociar imóveis residenciais pode experimentar o mercado de imóveis comerciais a partir de uma permuta. Assim, é possível aprender sobre as particularidades desse nicho de modo tranquilo e com menos burocracia.
Facilita as negociações em geral
Apesar de ser bastante comum ouvir sobre a permuta de imóveis, você aprendeu que ela pode ser feita com veículos e outros bens ou serviços. Nesses casos, ela costuma valer a pena sempre que o negócio puder auxiliar na conquista dos seus objetivos.
Afinal, a permuta pode viabilizar o pagamento de um item desejado ou agilizar um processo que envolveria a venda de um bem para, só então, permitir a realização da compra de outro.
Como fazer uma permuta?
Depois de entender as principais características da permuta, é hora de compreender de que maneira essa negociação funciona na prática. Afinal, se ela for uma boa alternativa para você, é necessário saber como agir para evitar problemas e prejuízos no processo.
Para isso, acompanhe o passo a passo a seguir:
Avalie a opção com cautela
Antes de fazer a permuta, o primeiro passo é avaliar se essa opção vale a pena para você. É importante compreender que cada situação deve ser analisada de forma cautelosa, pois nem sempre a troca de um bem por outro é a melhor solução.
Nesse momento, é fundamental considerar o preço de cada item que será trocado, além dos prazos e condições que regem a troca.
Se você for trocar serviços, por exemplo, é crucial verificar a qualidade da empresa e o valor que ela cobra para terceiros. Também é preciso se questionar se de fato você precisa daquele serviço e se compraria ele com dinheiro em outro contexto, por exemplo.
Coloque todos os valores e condições na ponta do lápis para saber se o negócio compensa para você. Caso contrário, o ideal é optar pelo pagamento em dinheiro, evitando contratempos na realização dos seus objetivos.
Além disso, principalmente quando a permuta for realizada entre bens de valor elevado, como carros e imóveis, é indispensável que você comprove a regularidade deles antes de fazer a troca.
Faça um contrato corretamente
Outro ponto importante, principalmente na permuta de imóveis, é a realização de um contrato entre as partes. Nesse caso, embora seja simples, é fundamental que esse documento seja devidamente elaborado e assinado pelas partes.
Lembre-se de que esse documento é essencial para proteger ambas as partes legalmente, evitando problemas no decorrer da negociação ou após finalizar a transação. Portanto, é preciso que ele apresente todas as informações e condições relevantes para a negociação.
No caso da permuta de imóveis, por exemplo, vale tomar alguns cuidados, como:
- recorrer a uma escritura pública registrada em cartório;
- especificar quando os imóveis serão entregues aos devidos donos;
- solicitar uma vistoria;
- deixar claro quem será responsável pelo pagamento do registro;
- outras condições que você julgar indispensável para uma negociação clara.
Conte com o auxílio de profissionais
Apesar de a prática de permuta ser recorrente e, de certa forma, simples, é importante contar com a ajuda de profissionais especializados nessa área para que sua troca aconteça de maneira correta.
Como existem diversos detalhes que podem interferir na negociação, contratar especialistas pode evitar uma série de problemas. Essa é uma forma de assegurar que a troca que você está realizando acontecerá de forma adequada, garantindo que as condições não sejam prejudiciais para nenhuma das partes.
Conclusão
Compreendendo o que é permuta, você amplia sua capacidade de negociação, podendo optar por uma alternativa mais fácil em diferentes contextos. Além disso, essa é uma forma inteligente de aquecer o mercado com o reaproveitamento de recursos já existentes – gerando sustentabilidade.
Você já realizou uma permuta? Foi um bom negócio? Conte para nós no campo de comentários!05