Em algum momento, muitos de nós acabamos ouvindo os termos Liberalismo e Neoliberalismo, seja na escola, nos noticiários ou até mesmo em debates com amigos sobre governo, economia ou política em geral.
Alguns podem até imaginar que haja divergências nessas correntes de pensamento. Mas, pelo nome, a ideia geral que se tem é de que uma seja apenas a “reformulação” da outra, ou seja, a mesma concepção repaginada. Apesar de serem muito confundidas, é preciso compreender que são duas correntes de pensamento diferentes.
E tem mais: as duas são muito utilizadas em diversos países ao redor do globo. Por isso, conhecê-las pode esclarecer diversas dúvidas que temos sobre os pensamentos econômicos que influenciam no nosso governo e, consequentemente, em nossas vidas cotidianas.
Conheça mais sobre a diferença entre Liberalismo e Neoliberalismo e entenda mais como essas correntes de pensamento influenciaram a economia mundial!
Liberalismo
Devemos começar entendendo a corrente que veio antes, o Liberalismo. Essa doutrina surgiu já na modernidade, mais precisamente no século XVIII na Europa.
Trata-se de uma corrente de pensamento econômico, politico e social que apareceu para rebater o Mercantilismo, que foi um conjunto de medidas econômicas adotadas no continente europeu logo após o fim do Feudalismo.
O mercantilismo foi um sistema marcado pelas interações econômicas entre os Estados. Contudo, foi marcado por uma forte intervenção estatal na economia, e o Liberalismo surgiu querendo combater esse sistema estabelecido.
Podemos dividir o Liberalismo em: Liberalismo político e Liberalismo econômico. Entenda um pouco sobre cada um.
Liberalismo político
O Liberalismo político surgiu a partir das teorias de John Locke, um filósofo inglês adepto do Iluminismo. Locke defendia que não havia poder que se originava de uma divindade e acreditava que todos os cidadãos eram livres, e tinham direito natural à liberdade, à propriedade privada e à expressão.
Além disso, defendia que um estado absolutista deveria ser substituído por uma relação “contratual” entre os governantes e o povo, sendo estabelecido por meio de uma constituição e leis escritas. Ou seja, o filósofo ia contra as ideias de Thomas Hobbes, que defendia um estado absolutista.
Liberalismo econômico
Dentre os dois, o Liberalismo econômico talvez seja o mais conhecido. Ele surgiu com Adam Smith, economista considerado o pai dessa corrente de pensamento.
Adam Smith, em sua obra “A Riqueza das Nações” defendia que a divisão no trabalho é essencial para o crescimento do mercado. Suas teorias reforçam a importância da livre concorrência, fazendo com que os donos de empresas ampliem a produção, melhorem seus produtos e baixem os custos de produção ao máximo.
O autor defendia a mão invisível, ou seja, que o Estado não deve intervir na economia e no mercado, o qual deve se autorregular. Além de Adam Smith, outros pensadores surgiram depois.
Os mais conhecidos são: Ludwig Von Mises e F. A. Hayek, ambos da Escola Austríaca de Pensamento, e outros mais antigos, como John Stuart Mill e Alexis de Tocqueville.
Quais as características do Liberalismo?
Surgido para fazer oposição ao Mercantilismo e com acontecimentos que modificaram a economia mundial, como a Revolução Industrial, o Liberalismo hoje é uma das correntes mais predominantes do mundo atual. Confira agora as características que um estado liberal apresenta:
- defesa da liberdade e direitos individuais (não há reconhecimento de direitos coletivos);
- liberdade de religião, reunião e imprensa;
- baixa ou nenhuma intervenção estatal (Estado Mínimo);
- igualdade de direitos para todos;
- meritocracia (tudo deve ser conquistado por esforço próprio);
- direito de propriedade privada (não há obrigação de objetivos sociais para a sociedade privada);
- livre mercado (funcionando de acordo com a lei da oferta e demanda).
O Estado, nesse caso, só atuaria para fornecer as condições mínimas, que são essenciais para o livre crescimento do cidadão. Assim, o Estado não seria assistencialista, pois o Liberalismo é o oposto de um Estado paternalista, que interfere na vida dos indivíduos e, muito menos, na economia e no mercado.
Neoliberalismo
Pelo nome, é possível presumir que o Neoliberalismo tem fundamento no Liberalismo. Essa corrente defende, principalmente, maior autonomia dos indivíduos na política e na economia e pouca intervenção estatal, apresentando concepções particulares.
Como dito, o Liberalismo clássico surgiu em oposição ao Mercantilismo e se fortaleceu com a Revolução Industrial. No entanto, foi deixado de lado pelo surgimento de uma outra corrente de pensamento, o Keynesianismo.
De maneira resumida, o Keynesianismo defende uma atuação forte do Estado para proporcionar um bem-estar para todos na sociedade, gastando mais com isso e, ainda, regulando um pouco a economia. O New Deal ocorrido nos anos 30 após o crash da Bolsa de Nova Iorque é um grande exemplo.
Após serem apontadas algumas falhas, as ideias do economista John Maynard Keynes foram criticadas publicamente, dando margem para o regresso de ideias mais voltadas ao Liberalismo econômico. Então, ocorre uma volta dessas concepções no século XX com formulações peculiares à nova era, sendo denominado Neoliberalismo ou Neoliberalismo econômico.
Quais as características do neoliberalismo econômico?
Ele é bastante recente, começou a ganhar destaque a partir da década de 1970. O objetivo era retirar o modelo Keynesianista e dar força para os princípios do capitalismo, estimulando o desenvolvimento econômico e defendendo a não interferência do Estado na economia.
As principais características de um estado que aplica o Neoliberalismo são:
- economia guiada pelas forças do mercado para garantir um bom crescimento econômico e o desenvolvimento social de uma nação;
- circulação livre de capital estrangeiro;
- privatização de empresas estatais;
- abertura para entrada de empresas multinacionais;
- implementação de medidas contra o protecionismo econômico;
- redução dos tributos cobrados, para os indivíduos mas principalmente, para as grandes empresas.
O Neoliberalismo defende ideias que deixaram os países propícios para a globalização. Os pensamentos do economista liberal, Milton Friedman, influenciou alguns governantes considerados neoliberais, como Margareth Thatcher, Ronald Reagan e Augusto Pinochet.
O Estado neoliberal seria ainda mais “invisível” que no Liberalismo. Ainda, há grande ênfase no mercado e no capitalismo financeiro.
Estudar economia pode ser divertido e pode ajudar a compreender como a sociedade e a economia funciona! Por isso, confira outros artigos relacionados:
- Economia de mercado: você sabe o que significa isso?
- Desemprego: tudo o que você precisa saber sobre o assunto!
- Por que estudar economia é interessante para todos (inclusive para investidores)?
- 7 Livros para entender sobre economia
Conclusão
Em um primeiro momento, é difícil notar a diferença entre Liberalismo e Neoliberalismo. De fato, são parecidas e possuem ideias comuns.
Enquanto o liberalismo se preocupa mais em defender a mínima intervenção estatal, liberdades individuais e o livre mercado, com ênfase na produção, o neoliberalismo foca em diminuir mais ainda a presença estatal, defendendo privatizações, circulação de capital estrangeiro, entrada de empresas estrangeiras nos países e obtenção de lucros através do mercado financeiro.
No entanto, fica evidente que as duas defendem uma economia livre e um mercado forte como o regulador da sociedade e exercem muita influência na maioria dos países no mundo, em menor ou maior grau.
Gostou de aprender um pouco sobre essas duas correntes de pensamento? Então que tal acompanhar a série sobre Crises Financeiras do nosso canal do Youtube? Clique aqui, confira e aprenda mais!
Quer aprender a investir melhor? Então clique aqui!