Anotar gastos diários é uma recomendação básica dada por quase todos os educadores financeiros. Muitas pessoas, contudo, consideram tal ato desnecessário.
Será mesmo que não há necessidade de anotar os gastos diários, independentemente da natureza de cada um deles?
Primeiro, é preciso entender o que gera essa recomendação.
Você não sabe com o que gasta!
Apesar da afirmação acima parecer ser bem forte, a probabilidade de ser verdade é bem alta. A maioria das pessoas não sabe com o que gasta, e isso é um grande problema.
A pessoa pode até saber o valor de uma parcela fixa, aquela mensalidade de algum serviço. Mas, no geral, não sabe exatamente quanto está gastando com o resto das coisas, como lazer e transporte.
E não adianta dizer “ah mas eu sei que gasto mais ou menos X com tal coisa”. Esse é um erro muito grande que nós cometemos, pois geralmente somos mais otimistas sobre a nossa situação financeira do que a realidade.
É muito provável, portanto, que você esteja se sabotando, pensando que sabe o quanto gasta em uma despesa determinada, mas o que o ocorre, de fato, está além de seu conhecimento. E é por isso que você deve anotar os gastos diários.
Se você vem de uma situação de descontrole ou de incômodo financeiro, isso é mais importante ainda. E não tem jeito: tem que andar com um caderninho do lado anotando tudo ou utilizando seu smartphone para registrar qualquer movimentação financeira, todo e qualquer toque na sua carteira.
Mas deve-se ir além.
Anotar os gastos diários não basta
Apesar de ser um passo fundamental, anotar tudo é só o começo. Você deve analisar os dados obtidos.
Deve-se analisar os gastos mês a mês, analisando o que pode ser melhorado ou até o que pode ser cortado. Com os números em mãos, você poderá analisar muito mais objetivamente sua situação financeira e quais dos gastos atuais são realmente necessários.
Depois de anotar diariamente seus gastos, absorver esse novo hábito e instituir um controle financeiro na sua vida, as coisas irão melhorar. E, se você utilizar meios digitais para pagamento (débito ou crédito), fica muito mais fácil ter acesso a como o dinheiro foi utilizado.
Afinal, você poderá utilizar o extrato para verificar o que houve. Ou seja, numa fase “avançada”, você pode até determinar uma periodicidade de análise dos seus gastos. Pode ser semanalmente, quinzenalmente, mensalmente, etc; só tenha cuidado para não demorar muito nessa análise, pois você pode sair dos trilhos sem perceber de novo.
Se você não for fazer essa análise e nem instituir uma periodicidade, sinto muito: sugiro que você nem comece a anotar nada. Tenha em mente que esse é um trabalho um pouco chato, mas que não terá propósito se você não utilizá-lo para melhorar suas finanças.
Focando no propósito
Acredito, portanto, ser necessário anotar os gastos diários a qualquer momento. E que uma verificação de como as coisas estão indo deve ser feita periodicamente. Mas, para que serve isso?
O propósito deste blog é falar de educação financeira e investimentos. Então, no fim, o propósito não poderia ser outro: é fazer você conseguir investir seu dinheiro.
Muitas pessoas dizem que não podem investir porque não lhes sobra dinheiro mas, muitas vezes, esse dinheiro está sendo mal utilizado e elas nem sequer percebem. Através do registro financeiro, ela terá uma real noção de para onde vai seus recursos, tendo poder em mãos de tomar alguma atitude para melhorar suas finanças.
Como você vai cortar despesas se nem sabe quanto, com o que e onde gasta?
Para todo o sempre?
Muitas pessoas se questionam se terão que manter o hábito de anotar os gastos diários para sempre. Há certa controversa nisso, mas acredito que este é um hábito que não pode ser abandonado.
Ao iniciar um projeto de academia e ficar no “shape” que você queria, o que acontece se você não ir mais? Ao iniciar uma dieta, para emagrecer ou de engordar (sim, tem esse tipo), e atingir o objetivo, o que acontece se você sair totalmente da linha?
Claro que você não precisa virar um atleta, um fisiculturista, pode só seguir de maneira equilibrada para manter os resultados. E acredito que assim seja com o controle financeiro.
No começo, você tem que anotar tudo, saber com o que gasta, realizar cortes, começar a poupar e a investir. E, a partir daí, as coisas ficam mais fáceis, mais naturais, e você pode se dar ao luxo de ver os números de vez em quando.
Porém, se você abandonar esses hábitos de controle por muito tempo, logo os problemas podem voltar. E assim como aquela roupa volta a não entrar mais no corpo, aquele dinheiro pode começar a não sobrar mais no seu orçamento, e todo o processo será iniciado do zero outra vez.
Márcio Douglas, Formado em Administração pela UFPI e Servidor Público lotado junto ao PROCON MPE/PI. Notou que assuntos de consumo e financeiros devem ser cada vez mais trabalhados a fim de permitir que todos tenham uma vida mais próspera e tranquila.