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Em uma instituição financeira é comum a existência de informações importantes que não podem ser compartilhadas entre todos os colaboradores. Isso porque elas poderiam levar a um conflito de interesse. Para evitar esse problema, o conceito de chinese wall foi adotado pelo mercado financeiro.

O termo traduzido para o português quer dizer Muralha da China. E a adoção do conceito pelo mercado financeiro visa explicar, por meio de uma metáfora, a necessidade de impedir a troca de informações entre alguns departamentos de instituições financeiras.

Quer entender por que a prática é necessária e qual a relação da chinese wall com o mercado financeiro? Continue a leitura para se aprofundar no assunto!

O que é chinese wall?

Como você viu, chinese wall se refere à Muralha da China, construída ainda no século XV, a partir de pedras, tijolos e demais materiais. A construção se estende por mais de 21 mil quilômetros de comprimento e visa proteger o Império Chinês contra invasões.

A utilização do conceito no mercado financeiro remete à capacidade de proteção ele proporciona ao isolar eficientemente o lado interno do externo. Assim, o termo chinese wall é uma metáfora para a construção de uma grande barreira de proteção das instituições financeiras.

Nessa situação, em vez de elas serem protegidas contra invasões, como no caso do Império Chinês, a proteção é diante da circulação de informações. Ou seja, ela tem foco de evitar os riscos e possíveis conflitos de interesse que poderiam surgir se elas fossem vazadas.

Na prática, a chinese wall pretende dividir os departamentos das instituições bancárias que lidam com os recursos de terceiros — como os fundos de investimentos — dos responsáveis pelo gerenciamento de recursos próprios.

Como funciona a barreira da chinese wall?

Para entender mais sobre o conceito, é preciso conferir o seu funcionamento. Essa barreira ocorre por meio do controle interno. Trata-se de uma área bancária que realiza a manutenção do chinese wall para garantir a separação entre os departamentos citados.

Visando maior proteção, o controle ocorre com testes periódicos de segurança, por exemplo, para certificar o seu correto funcionamento. Além disso, a barreira pode ser criada por meio de duas estratégias principais.

Saiba mais sobre elas!

Virtualmente

A primeira forma de atingir os objetivos citados e minimizar qualquer risco é o isolamento dos departamentos virtualmente. Ele acontece a partir do desenvolvimento de uma maior proteção de dados nos sistemas.

Uma das formas de fazer isso é por meio da criação de login e senhas com acessos restritos. Também é possível utilizar sistemas computacionais que restrinjam o acesso a determinados documentos e a plataformas digitais.

Fisicamente

A outra maneira de aplicar a barreira é fisicamente. É o caso de instalar os departamentos distantes um do outro — seja em andares ou até mesmo em prédios diferentes. Além disso, é possível restringir o acesso dos colaboradores às informações disponíveis, com o auxílio de senhas e cartões.

Qual a importância da chinese wall para o mercado financeiro?

Após entender as medidas adotadas para conseguir separar os departamentos que lidam com informações financeiras e estratégicas, é preciso descobrir a importância dessa prática. Para tanto, tenha em mente que a instituição financeira lida com os recursos de terceiros e recursos próprios.

Imagine, então, que no departamento que gerencia os recursos próprios há profissionais responsáveis por trazerem mais rentabilidade para a instituição. Já no setor que gerencia os fundos de investimento, existe o gestor que busca a rentabilidade para os investidores.

Se os dois setores entram em contato e compartilham informações confidenciais, ocorre um possível conflito de interesse entre os investidores e a instituição. Esta poderia utilizar as descobertas para obter vantagem, configurando práticas antiéticas e ilícitas, como o insider trading.

Se um banco precisa coordenar a fusão de duas corporações que são suas clientes e buscam se tornarem mais fortes e competitivas no mercado, por exemplo, é indispensável que tudo ocorra de modo sigiloso para não comprometer os planos.

Por esse motivo, a chinese wall, administrada pelos controles internos, é fundamental. Ela permite garantir o controle das informações e a manutenção da confidencialidade entre os diferentes departamentos. Assim, a instituição pode passar mais confiança para os clientes.

O que aconteceria se não houvesse a chinese wall?

O entendimento da importância de barreiras rígidas de proteção, tal qual a Muralha da China, leva a necessidade de conhecer os impactos que a fragilidade ou a inexistência dessa proteção poderia ocasionar. Quais são as consequências de não ter a divisão entre os setores?

Um dos principais riscos é comprometer o negócio dos clientes. Se o setor de gerenciamento de recursos de terceiros entrasse em contato com o setor de gestão de recursos do próprio banco para compartilhar informações, os profissionais poderiam incorrer em práticas negativas.

Com o objetivo de ter lucro para o banco ou para si mesmos, eles poderiam cometer crimes e trazer prejuízos para seus clientes. Assim, além de causar danos a quem busca seu serviço, a instituição teria problemas com a justiça.

Diante das consequências, a prática é considerada crime em alguns países — inclusive no Brasil, desde 1997. Assim, a chinese wall é um cuidado obrigatório em nosso país, segundo a Resolução 2486/98 do Banco Central e a Instrução 306/99 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Escândalo da empresa Enron

A necessidade de regulamentar e exigir a chinese wall se tornou ainda mais nítida com o escândalo financeiro da empresa Enron, nos EUA, em 2002. Ela era atuante na produção de energia, commodities e serviços.

Na época, a corporação conseguiu manipular projeções de rendimentos futuros e elevá-los. Isso atraiu investidores e valorizou o preço das suas ações de modo ilícito. Assim, a prática escondeu dívidas bilionárias da Enron, que posteriormente, prejudicou diversos acionistas enganados.

Como você pode ver, a barreira criada pela chinese wall é indispensável para evitar escândalos e prejuízos aos envolvidos no mercado financeiro. Dessa maneira, o conceito é fundamental para a instituição financeira prevenir punições judiciais e crises na imagem.

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