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O mercantilismo é conhecido por alguns como o antecessor do capitalismo. Afinal, apesar de ser considerado um conjunto de ideias e de pensamento econômico ultrapassado, é possível encontrar semelhanças na atualidade com algumas de suas ideias.

Esse conjunto de práticas econômicas influenciaram muito na época a forma que a economia de grande parte do globo era organizada. Por isso, vale a pena saber mais sobre ela.

Continue a leitura do artigo e entenda um pouco mais sobre o mercantilismo, suas características e como esse sistema se comportou no Brasil!

O que foi o mercantilismo?

O mercantilismo foi um conjunto de práticas econômicas e ideias adotadas em diversas nações europeias entre o século XV e o século XVIII.  Os historiadores consideram as ideias mercantilistas como o estágio de transição do modelo de produção feudal para o modelo de produção capitalista.

Sendo assim, é equivocado afirmar que o mercantilismo foi um sistema econômico. Isso porque não se baseou em um modo de produção, tal como o feudalismo e o capitalismo.

As nações europeias o adotaram durante o período das grandes navegações e da montagem do sistema colonial no continente americano. Logo, muitas práticas do mercantilismo foram aplicadas pelos portugueses durante a colonização do Brasil.

Importante ter em mente que o mercantilismo não foi igual em todos os lugares. Esse sistema apresentou características distintas de acordo com a necessidade e realidade de cada país europeu.

Como surgiu o mercantilismo?

O surgimento desse conjunto de práticas econômicas está ligada diretamente ao fim do feudalismo e à formação dos Estados Nacionais Modernos (um conjunto de nações surgidas durante o processo de centralização do poder do rei).

Alguns desses estados que surgiram com o poder centralizado na figura do rei foram: Inglaterra, França, Espanha e Portugal. Os Estados Modernos surgiram com o apoio direto da burguesia, que lutava para pôr fim aos privilégios de parte da nobreza feudal.

Esse apoio direto da burguesia permitiu que essa classe pudesse investir no desenvolvimento comercial e de manufatura, este último podendo ser considerado como o início da indústria. Tal processo apoiou-se também na exploração comercial ocorrida no continente americano, principalmente na América Latina.

Dessa forma, o Estado Moderno surgido no período em que o poder era centralizado no rei assumiu o controle de questões relacionadas à economia como uma maneira de garantir seus interesses e resolver problemas que impediam o fortalecimento do poder real.

Foi nesse cenário de forte intervenção do Estado na economia, expansão comercial mediante exploração das colônias e crescimento das manufaturas que se consolidou as práticas econômicas que receberam o nome de mercantilismo.

Estas práticas são consideradas o estágio embrionário do capitalismo, sendo chamado por alguns como capitalismo comercial.

Quais as características do mercantilismo?

Como você pode perceber, as práticas e ideias mercantilistas não foram aplicadas de maneira homogênea. Ou seja, as características não foram iguais em todos os lugares.

Contudo, podemos dizer que o mercantilismo apresentou alguns elementos, principalmente entre os países europeus. Confira-os a seguir:

Forte intervenção do estado na economia

O controle estatal da economia é uma das características mais marcantes e conhecidas desse período. Os reis contavam com apoio da burguesia mercantil para assumir o controle da economia nacional.

O intuito era fortalecer ainda mais o poder central e conseguir os recursos essenciais para expandir o comércio.  Sendo assim, esse controle é considerado a base do mercantilismo.

Ideal metalista

Os mercantilistas acreditavam que a riqueza de uma nação era medida pela quantidade de ouro e prata que possuíam. Estes ideias foram debatidas com o surgimento do liberalismo econômico, de Adam Smith.

Monopólio

Os estados governavam a economia em uma corrida de acumulação de capital, estabelecendo monopólio sobre atividades mercantis e manufatureiras, tanto na metrópole quanto nas colônias.

Como dono do monopólio, o Estado o passava para a burguesia em forma de dinheiro. A burguesia, favorecida por esse privilegio exclusivo, comprava por valores menores o que os colonos produziam. Além disso, vendiam por preços mais altos tudo o que eles precisavam. Assim, a economia colonial complementava muito a economia da metrópole.

Protecionismo

Esse protecionismo do Estado era realizado por diversas ações, como:

  • barreiras alfandegárias;
  • aumento de tarifas que aumentavam os preços dos produtos importados;
  • proibição da exportação de matérias primas que ajudassem no crescimento industrial do país concorrente.

Balança comercial favorável

Os mercantilistas defendiam a ideia de que a riqueza de um país está na capacidade de exportar mais do que importar. Para fazer com que as exportações superassem sempre as importações, o Estado precisava se encarregar de aumentar a produção e buscar mercados externos para a venda de seus produtos.

Como foi o mercantilismo no Brasil?

As grandes navegações e a expansão marítima feita por países como Espanha e Portugal fizeram com que essas duas nações descobrissem novas terras, inclusive o que hoje é o Brasil. Na época em que Portugal era a metrópole e o Brasil sua colônia, a nação portuguesa estabeleceu o sistema que ficou conhecido como Pacto Colonial.

Nesse sistema, a colônia fornecia a metrópole metais preciosos e matéria prima. Em troca, recebia os produtos manufaturados.

Isso significa que o Brasil tinha que seguir as imposições de Portugal quanto a exclusividade na comercialização de produtos. A colônia era vista apenas como uma fonte de enriquecimento da metrópole.

Quais os tipos de mercantilismo que existiram?

A Espanha adotou o mercantilismo metalista para enriquecer com o ouro, prata e metais preciosos do continente americano. Entretanto, como não desenvolveu o comércio, agricultura e a indústria, passou a importar produtos com ouro e prata. Dessa forma, as importações passaram a superar as exportações, e a economia espanhola entrou em crise.

Na França, por outro lado, o mercantilismo tinha o intuito de desenvolver manufaturas de luxo para vender ao mercado espanhol. Procurou expandir suas companhias de comércio e a construção naval. O mercantilismo francês ficou conhecido como mercantilismo industrial ou colbertismo, pois foi o ministro Colbert que mais o incentivou.

Portugal foi o país que teve maior flexibilidade na aplicação das práticas mercantilistas. Com a viagem para as Índias, colocou em prática o mercantilismo comercial, comprando e revendendo mercadorias do Oriente.

Nas terras do continente americano, aplicou o mercantilismo de plantagem, focando na produção para o mercado internacional.

Com a descoberta do ouro em Minas Gerais, pôs em prática o mercantilismo metalista. E, com a crise do ouro, surgiu o mercantilismo industrial, com produção de artigos para abastecer o mercado colonial.

Críticas ao mercantilismo

Provavelmente o maior crítico desse sistema foi Adam Smith, considerado o criador do liberalismo econômico. Smith era contra a ideia de que a riqueza de uma nação era medida pelo acúmulo de ouro e prata. Ele defendia que era medida pelo trabalho.

Além disso, era um forte crítico da intervenção do Estado na economia. Adam Smith dizia que a economia devia ser regida por leis naturais de oferta e demanda.

Algumas ideias semelhantes, como forte intervenção do Estado na economia, por outro lado, eram defendidas pelo keynesianismo. Por esse motivo, Keynes já foi acusado de ser considerado mercantilista por alguns teóricos, apesar de suas teorias não terem relação com o mercantilismo.

O mercantilismo pode ser considerado antiquado e não ser aplicado nos dias atuais. Apesar disso, exerceu enorme influência por diversos anos no modo como parte da economia global se comportou. Saber mais sobre ele, portanto, é sempre enriquecedor.

E você, gostou de aprender sobre o mercantilismo? Então continue aprendendo sobre economia e confira agora qual a diferença entre a Escola Austríaca e a Escola de Chicago de Economia!

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