Entender os termos do mercado financeiro é importante para que os investidores saibam identificar oportunidades. Por exemplo, você já ouviu falar do underwriting? Ele é uma forma de ofertar papéis e títulos ao público e levantar capital.
Contudo, o processo envolve a interposição de uma empresa especializada e tem regras bem específicas para o funcionamento. Assim, entendê-lo é fundamental para conhecer essa captação de recursos e saber quando ela é vantajosa.
A seguir você saberá o que é underwriting, como ele funciona e seus principais tipos. Ao final, também entenderá algumas vantagens para os investidores. Acompanhe!
O que é underwriting?
O underwriting serve como uma forma de desburocratizar e reduzir custos em relação ao lançamento de ativos no mercado. Assim, ele acontece por meio de instituições chamadas de subscritoras.
O interessado em ofertar os ativos, que podem ser empresas ou o próprio Governo, recorrem a essas instituições para intermediação. Elas também são conhecidas como underwriters e devem se enquadrar em uma dessas 3 categorias:
- banco múltiplo;
- banco de investimento;
- sociedade corretora e distribuidora.
Underwriting pode ser traduzido como “assinar embaixo” e é exatamente esse papel que as subscritoras empenham. Elas possuem a responsabilidade de buscar investidores, publicar a oferta, negociar os títulos e ativos e, até mesmo, assumir os riscos.
Portanto, underwriting é a intermediação realizada por uma empresa especializada na oferta de ativos. Isso acontece entre a companhia ou Governo e os interessados.
Devido à complexidade e capital relacionado a esse empreendimento, é possível que as subscritoras se unam como um consórcio. Dessa forma, elas atuam em conjunto para realizar o procedimento de underwriting.
Como funciona esse processo?
O underwriting possui um procedimento próprio. Como você viu, quando uma empresa ou Governo precisa de recursos, pode recorrer ao lançamento de títulos e ativos no mercado. Eles captam investidores para levantar capital, financiar o projeto pretendido e cobrir custos.
Esse procedimento pode ser custoso e com bastante etapas — além de conter riscos. Por isso, é comum utilizar uma instituição subscritora. Com esse intermédio, é a contratada que tomará conta da conexão entre a emissora e os investidores.
Vale ressaltar que, no caso de empresas de capital aberto ou fundos imobiliários, os acionistas e cotistas têm preferências de subscrição. Dessa maneira, ao lançar os novos títulos no mercado, eles podem manter sua proporção de participação nos ativos.
Papel da underwriter
Claro que a empresa underwriter obtém uma vantagem com esse procedimento. Com as negociações dos ativos e títulos, uma parte dos ganhos é direcionada para ela. Já em relação à emissora, o benefício é facilitar o processo, reduzir custos e compartilhar riscos.
As subscritoras possuem expertise em avaliação de riscos. Dessa maneira, farão um estudo da emissora e do mercado a fim de captar dados para essa análise. Com essa estratégia, é possível definir a cotação adequada dos ativos para o lançamento.
Dessa forma, o processo de underwriting funciona, basicamente, com as seguintes etapas:
- contratação de uma subscritora ou um consórcio para emissão de papéis;
- escolha do tipo de underwriting utilizado, de acordo com as regras sobre o assunto;
- estudo de análise de riscos para definição de preços e procedimentos;
- negociação dos ativos no mercado, com a devolução, ou não, à emissora.
Vale ressaltar que a subscritora pode ou não assumir esses riscos da emissão. Isso dependerá do tipo de underwriting utilizado, como você verá no próximo tópico.
Quais são os tipos de underwriting?
Existem três tipos de underwriting: melhores esforços, residual e firme. A principal diferença entre eles se dá em relação aos compromissos da subscritora com a comercialização dos ativos.
Entenda melhor a seguir cada um!
Underwriting melhores esforços ou best-effort
O underwriting de melhores esforços ou best-effort é aquele que gera menos riscos para a subscritora. Sua responsabilidade se dá por empregar os esforços necessários para a oferta dos papéis e títulos no mercado.
Dessa maneira, não há exigência para que todos os ativos oferecidos sejam necessariamente vendidos aos interessados. Ou seja, ela não tem a responsabilidade de subscrever os títulos que não forem comercializados.
Pode-se dizer que, aqui, há uma obrigação de empregar o procedimento correto e com responsabilidade. Contudo, não há uma exigência de fim, ou seja, a underwriter não precisa arcar com a venda de todos os papéis.
Underwriting residual ou stand by
Já o residual ou stand by aumenta um pouco os riscos da subscritora. Com esse tipo de underwriting, além de empregar os melhores esforços para a oferta, há ainda mais responsabilidades.
Após oferecer os papéis ou títulos ao público, a empresa pode optar por subscrever os não vendidos. Dessa forma, há um compartilhamento de riscos. Após o período de vendas, ela escolhe se os papéis voltarão à empresa emissora ou serão subscritos.
Underwriting firme ou straight
Por fim, o underwriting firme, também conhecido como straight, é o que acarreta mais responsabilidades à subscritora.
Com ele, a underwriter assume totalmente os riscos da oferta realizada. Assim, sejam os títulos vendidos ou não, todos serão de sua responsabilidade — inclusive em relação aos prejuízos.
Nessa modalidade, a subscritora realmente atua como uma revendedora. Dessa maneira, a empresa emissora, que precisa de capital, ficará totalmente protegida em relação à insegurança da oferta.
Vale ressaltar que, nesses casos, é possível a inserção de uma cláusula chamada de market out. Com ela, a underwriter pode se eximir das responsabilidades em situações que prejudiquem a qualidade dos ativos ou títulos.
Por que o investidor deve conhecer esse conceito?
Ao conhecer o procedimento de underwriting e seus tipos, o investidor pode tomar decisões de investimento mais embasadas.
Se o seu perfil e objetivos permitirem o investimento em renda variável, por exemplo, o underwriting pode fazer parte da sua rotina em algum momento. Assim, a avaliação para saber se ele vale a pena deve considerar o funcionamento e o tipo de garantia utilizada.
No caso das firmes, o investidor deve considerar que a subscritora assumiu o risco da operação. Assim, há indícios de que ela confia no resultado desse lançamento de ativos no mercado, sendo um procedimento mais sólido.
Por outro lado, nos casos de melhores esforços, por exemplo, é possível que a cotação lançada seja atraente. Logo, a valorização dos papéis pode ser maior — o que traz expectativas de boa rentabilidade, com maiores riscos.
Conseguiu entender o que é o underwriting e como ele funciona? Atentar-se aos seus tipos é fundamental para fazer uma boa análise de oportunidade. Sabendo as responsabilidades da subscritora, é possível avaliar os riscos e possibilidades de um aporte.
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