Todo empreendedor precisa conhecer os indicadores financeiros mais relevantes em seu negócio para tomar decisões estratégicas. Afinal, a gestão deve compreender esses números e acompanhá-los como parte da rotina corporativa para alcançar os objetivos do negócio.
No Brasil, é comum o empreendedor se concentrar na gestão do dia a dia da companhia e negligenciar a área financeira. A prática resulta em dificuldades para medir o desempenho da empresa, podendo levar a problemas de fluxo de caixa, endividamento excessivo e até a falência.
Para evitar esse tipo de situação, vale a pena saber quais métricas seguir. Neste artigo, conheça os 8 principais indicadores na análise das demonstrações financeiras que merecem a sua atenção!
Por que é importante analisar indicadores financeiros do negócio?
Um acompanhamento próximo dos indicadores financeiros da empresa oferece uma visão detalhada da saúde das finanças do negócio. A medida possibilita saber se a companhia está gerando dinheiro suficiente para cobrir seus custos e obter lucro, por exemplo.
Outro aspecto que reforça a importância dessa gestão é que os indicadores ajudam a entender se o retorno sobre os investimentos é adequado e se os preços praticados estão corretos. Ou seja, mesmo que as vendas estejam indo bem, esse não é o único fator a ser considerado.
Ainda, os indicadores de finanças oferecem base para tomar decisões estratégicas e operacionais. Sem eles, os gestores ficam sem uma direção clara, o que pode resultar em escolhas baseadas em suposições ou intuições, em vez de dados concretos.
Quais indicadores analisar nas demonstrações financeiras?
Cada indicador financeiro oferece uma perspectiva diferente sobre a saúde da empresa. Parte do processo de análise deve envolver a consideração de como eles se relacionam e contribuem para o panorama financeiro geral do seu negócio.
A análise deve ser feita tendo em mente os objetivos estratégicos da empresa. Por exemplo, se a meta é melhorar a liquidez e garantir que ela tenha recursos suficientes para suas operações diárias, dados sobre a liquidez corrente e a seca podem ser fundamentais.
Além disso, a avaliação deve considerar o contexto da empresa, incluindo o setor de operação e suas condições financeiras específicas. Assim, mesmo que alguns indicadores possam ser mais críticos em certos contextos, eles devem ser avaliados em conjunto para formar uma visão abrangente.
Veja 8 indicadores essenciais na análise de demonstrações financeiras
Tendo em vista a relevância de acompanhar os indicadores financeiros do negócio, resta se familiarizar com as métricas mais estratégicas nesse sentido. Com elas, você consegue realizar um acompanhamento cuidadoso da saúde financeira da empresa.
A seguir, veja quais são os 8 indicadores mais importantes na análise das demonstrações financeiras da empresa!
1. ROI
O ROI (return on investment, ou retorno sobre o investimento) é um dos indicadores mais úteis para entender se o negócio é bem-sucedido financeiramente em suas iniciativas. Em termos simples, ele revela quanto se obteve de retorno a partir de determinada ação.
Por exemplo, se uma empresa investe em uma campanha de marketing e deseja saber se o dinheiro alocado trouxe retorno positivo, o ROI oferece a resposta. O índice também pode avaliar o retorno de um departamento inteiro, além de projetos individuais.
A métrica é muito utilizada para embasar decisões que envolvam iniciativas de investimento de capital em uma companhia. Mais uma função do ROI é contribuir para a comparação de desempenho entre diferentes empresas.
O ROI é calculado a partir da seguinte fórmula:
ROI = Lucro operacional / Investimento
O resultado do cálculo é uma porcentagem que indica o retorno financeiro gerado de cada unidade de investimento realizado. Se o ROI é positivo, ele significa que a iniciativa gerou mais dinheiro do que o investido. Do contrário, a métrica aponta prejuízo.
2. ROA
O ROA (retorno sobre os ativos) é um indicador financeiro similar ao ROI, mas com um propósito distinto. Ele serve para avaliar a eficiência com a qual a empresa utiliza seus ativos para gerar lucro. Assim, há como ter uma visão clara sobre a eficácia dos investimentos neles.
A fórmula para calcular o ROA é:
ROA = Lucro operacional / Ativos
Um ROA elevado indica que a empresa está utilizando seus ativos com eficiência para gerar lucros. Então, quanto maior o ROA, melhor o desempenho dela em transformar seus ativos em ganhos.
O indicador ainda ajuda a enxergar como seu negócio se posiciona em relação aos seus concorrentes. Ao analisar o ROA de outras empresas, você pode identificar se a sua companhia está utilizando seus ativos da melhor forma ou se há oportunidades de otimização.
3. ROE
Completando o trio de indicadores financeiros que analisam diferentes tipos de retorno, há o ROE (return on equity, ou retorno sobre o patrimônio líquido). Ele mede a capacidade da empresa de gerar valor a partir de recursos próprios.
Para calcular o ROE, use a seguinte fórmula:
ROE = (Lucro líquido dos últimos 12 meses / Patrimônio líquido) x 100
Um ROE alto indica que a empresa gera um bom retorno sobre o capital investido pelos acionistas, o que costuma ser um sinal de eficiência e lucratividade. Já o contrário tende a demonstrar problemas operacionais, má gestão ou investimentos não rentáveis.
4. Margem Ebitda (ou Lajida)
A margem Ebitda (earnings before interest, taxes, depreciation and amortization) demonstra a receita da empresa gerada por sua atividade principal. Como o nome indica, a métrica é calculada antes de serem computadas as incidências de juros, impostos, depreciação e amortização.
O indicador pode ser um grande aliado na hora de verificar como decisões não relacionadas às operações principais ou ao núcleo do negócio da empresa afetam seus resultados. Isso tende a mascarar a real produtividade dela, exigindo atenção e análise.
Dessa forma, para calcular a margem Ebitda, você deve utilizar a seguinte fórmula:
Margem Ebitda = (Ebitda / Receita líquida) x 100
Já a fórmula de cálculo do Ebitda é:
Ebitda = Resultado líquido + Juros + Impostos + Depreciação + Amortização
5. Índices de liquidez
Os índices que calculam a liquidez de uma empresa mostram o capital disponível que ela tem para cumprir seus compromissos financeiros. Logo, eles se referem à capacidade de pagamento das obrigações da companhia.
A partir do balanço patrimonial da empresa, é possível calcular os índices de liquidez. Vale observar que, quanto maior o resultado, maior a liquidez.
A seguir, conheça os principais tipos de liquidez e descubra como calculá-los!
Liquidez corrente
A liquidez corrente mede a disponibilidade de recursos do negócio no curto prazo. Ela pode ser calculada da seguinte forma:
Liquidez corrente = Ativo circulante / Passivo circulante
Liquidez seca
A liquidez seca indica os recursos disponíveis para obrigações de curto prazo sem necessidade de venda de estoques. Para calcular a liquidez seca, utilize a seguinte fórmula:
Liquidez seca = (Ativo circulante – Estoques) / Passivo circulante
Liquidez imediata
A liquidez imediata indica a porcentagem dos compromissos que a empresa tem condições de liquidar imediatamente. Para chegar à métrica, basta aplicar a seguinte fórmula:
Liquidez imediata = Recursos disponíveis / Passivo Circulante
Liquidez geral
A liquidez geral considera o cálculo de direitos e obrigações de curto, médio e longo prazo. Para tanto, use a fórmula, a seguir:
Liquidez geral = (Ativo circulante + Realizável a longo prazo) / (Passivo circulante + Passivo não circulante)
6. Margem líquida
A margem líquida é um indicador financeiro que ilustra os lucros gerados pela empresa em relação à receita total. Ela permite ter uma visão nítida sobre quanto da receita se converte em lucro após a dedução de todos os custos, despesas, impostos e juros.
A fórmula para calcular a margem líquida é:
Margem líquida = Lucro líquido / Receita total
Uma margem líquida elevada indica que o negócio gera um bom retorno em relação às suas vendas. Ela costuma ser um sinal positivo para investidores e para a própria gestão. Se a métrica está baixa, ela pode indicar problemas como altos custos operacionais ou ineficiências.
7. Margem de contribuição
A margem de contribuição de um produto mostra o ganho bruto que a empresa tem com aquele item, naquele preço. Desse modo, a margem de contribuição é o valor das vendas, subtraindo os custos e as despesas geradas por elas.
A seguir, conheça a fórmula para calcular a margem de contribuição:
Margem de contribuição = Valor das vendas – (Custos variáveis + Despesas variáveis)
Uma margem de contribuição negativa representa uma operação que gera prejuízo para a empresa. Inclusive, é normal que a companhia tenha produtos com diferentes margens, reforçando a importância de fazer análises individuais.
Existem itens com margem maior, mas com valor unitário ou volume de vendas baixos. Por outro lado, há o caso de produtos com margem menor, mas também com volume de vendas superior ou valores mais elevados.
8. Ponto de equilíbrio
Após obter a margem de contribuição dos produtos e serviços vendidos, é possível calcular o volume mínimo de vendas necessário para pagar as despesas do negócio. Trata-se do ponto de equilíbrio.
A análise do ponto de equilíbrio da empresa contribui para não operar com prejuízos e para que você tenha clareza do faturamento que precisa alcançar para gerar superávit. O índice mostra a partir de que montante de receita a companhia passa a gerar lucro.
O ponto de equilíbrio é proporcional ao risco do negócio. Então, quanto mais baixo ele for, menos arriscada é a empresa. Da mesma forma, quanto maior o percentual necessário da receita projetada para atingi-lo, maior o risco.
Agora você já conhece os 8 indicadores financeiros mais importantes para fazer uma boa análise dos demonstrativos da empresa. Basear-se neles permite tomar decisões mais estratégicas e visualizar um quadro preciso do cenário em que seu negócio se encontra.
Continue aprendendo mais sobre gestão empresarial e investimentos lendo quais são os principais desafios de uma boa gestão empresarial!