Todos nós já ouvimos diversas histórias de investidores que ganharam muito dinheiro na bolsa. Já ouvimos diversas histórias de muitos investidores que perderam muito dinheiro na bolsa.
Volta e meia ouvimos das pessoas “vou esperar o preço se recuperar aí eu vendo”.
A pergunta que faço é: “E quem te disse que vai se recuperar?”
Bem, se é para investir em ações, existem as escolas de análise fundamentalista e técnica.
Dentro da escola de análise técnica existem diversas estratégias. Gosto muito das estratégias que utilizam médias móveis, pois elas podem ser executadas por crianças e macacos e serem muito bem sucedidas no que se propõem.
Não é preciso saber que a China está com a produção industrial em queda, que a Finlândia quebrou, que o parlamento Grego aprovou o pacote. NADA DISSO.
O que quero é: possuir ações de empresas enquanto seu preço sobe e não possuí-las enquanto seu preço cai. Nada mais do que isso.
A estratégia de médias móveis funciona como um rastreador de tendências, onde o investidor pode captar o momento em que a tendência é de alta e captar o momento em que a tendência é de queda.
Como funciona a estratégia com médias móveis?
No artigo “Ações tipos gráficos e periodicidade gráfica” mostrei como são os gráficos e os candles.
Veja abaixo uma figura contendo o gráfico do IBOV.
Bom, agora, vamos adicionar uma média. O que é uma média móvel. Neste caso usaremos uma média móvel de 40 períodos. Como o gráfico acima é um gráfico diário (lembrar da periodicidade gráfica do outro artigo), cada ponto dessa média corresponderá a uma média dos últimos 40 dias de pregão, o que equivale a praticamente 2 meses, já que só tem pregão em dia útil.
O gráfico fica assim:
Olhando o gráfico acima, pode-se observar uma linha, que é justamente a média que colocamos. Portanto, nesse gráfico, se os candles encontram-se abaixo da linha da média de 2 meses, dizemos que o mercado está com tendência de baixa, já que os preços estão sendo negociados abaixo da média dos últimos 2 meses daquele ativo.
Por outro lado, se os preços estão acima da linha da média, dizemos que a tendência é de alta e que os preços estão sendo negociados acima da média dos últimos 40 dias.
Partindo dessa idéia, pensaremos o seguinte: queremos ter ações no momento em que elas estão em tendência de alta, certo? Então como identificar o momento certo da entrada na ação? Utilizando uma outra média, mais curta. Nesse caso, usarei uma média exponencial de 9 períodos.
A diferença entre a média aritmética e a exponencial, é que a primeira pega todo o intervalo soma e divide. A segunda dá maior peso para as últimas cotações. Dessa forma, ela se torna mais rápida, muito mais próxima dos preços.
Agora vamos ver como fica o gráfico com as duas médias:
A média de 9 é a linha pontilhada. Vejam que ela acompanha os candles bem de perto. Isso ocorre porque é de 9 períodos, ou seja, intervalo menor de tempo, e por ser exponencial.
Quando são as oportunidades de entrada e saída?
Quando a média curta cruza a longa pra cima, oportunidade de compra. Quando cruza pra baixo, hora de vender.
Veja abaixo:
Esse gráfico está mostrando o IBOV num período aleatório de 12 meses.
A seta vermelha indica o momento de vender as ações e ficar fora do mercado. A seta verde, indica o momento de comprar. Repare que quem usa essa estratégia se protegeu, no início do gráfico, de uma grande queda, ficando fora do mercado de abril de 2011 até o final de outubro, quando voltou a entrar. Saiu novamente em dezembro e voltou no início de janeiro, pegando toda a alta do início de ano. E no final do mês de março já saiu de novo. E está esperando o mercado virar a tendência para entrar novamente.
Essa estratégia capta a tendência e torna desnecessário o acompanhamento de qualquer notícia. Basta comprar quando as médias cruzarem pra cima e vender quando cruzarem pra baixo. Simples, direto, sem subjetividade, técnico e nada emocional.
Estratégias gráficas normalmente devem ser usadas em ativos que possuem boa liquidez, bom volume de negociação, pois quanto maior a amostragem, maior a possibilidade de que as análises sejam mais apuradas. Coloquei do IBOV, mas poderia ter colocado de outros ativos, como VALE, PETR, GGBR, USIM, etc… todas que possuem liquidez proporcionam esses resultados.
Segue abaixo a análise do IBOV segundo a estratégia das médias móveis na crise de 2008 e na recuperação de 2009.
Observem as entradas e saídas do IBOV segundo as médias móveis de 40 A com 09 E no gráfico diário acima:
O momento de venda foi dado em 67.700 pontos do IBOV. Quem ficou, tomou um prejuízo que chegou a 56% no final de outubro. Quem usou a média, se protegeu de toda essa queda.
O momento de nova compra ocorreu com 36.000 pontos. Ou seja, quem seguiu a média móvel, comprou quase o DOBRO da quantidade de quem ficou parado olhando.
No rally de 2009, tivemos, por essa estratégia, uma pernada de ganha inicial de 6,7%, depois outra de 26,52% e por fim outra de 31,22%.
Dessa forma, quem usou as médias móveis:
1) se protegeu na queda brusca evitando um prejuízo de 56%
2) com os preços mais baixos, voltou ao mercado comprando quase o dobro do que tinha em dezembro.
3) somando os três trades de 2009, se o investidor tivesse 50 mil no início, entraria 2010 com nada menos do que 88 mil! Uma rentabilidade de 77% em cerca de 18 meses.
4) o investidor que tinha 50 mil no início desse gráfico e ficou esperando, entraria 2010 com os mesmos 50 mil, não ganhando nada nos 18 meses…
Portanto, eu considero a estratégia de médias móveis muito interessante e recomendo que todos os iniciantes a aprendam. Lembrando que iniciante não é aquele que nunca investiu na bolsa, mas sim aquele que nunca aprendeu nada na bolsa… rs…
Grande abraço,
Bons negócios!
André Bona