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Olá!

No artigo de hoje, nós vamos falar sobre economia americana e suas perspectivas.

Para isso, eu tive a satisfação de conversar com o Vinicius Langoni, da Western Asset Management, que é uma gestora de recursos dos Estados Unidos e que administra mais de 450 bilhões de dólares de investidores ao redor do mundo. Aqui no Brasil, a Western Asset administra 36 bilhões de reais e é a maior gestora independente do país. Maiores informações: www.westernasset.com.br

Segue abaixo a transcrição da nossa conversa que está disponível aqui nesse artigo em vídeo e também no nosso canal do Youtube.


Economia americana e perspectivas

André: Tudo bem Vinicius?

Vinicius: Obrigado André, é um prazer.

Conforme o André introduziu, vamos falar sobre economia americana, e de uma forma fácil de se entender. Como a economia americana tem se recuperado e em que momento estamos.

O que eu sempre digo aos meus clientes, é que hoje, agosto de 2015, o mundo todo ainda vive uma recuperação daquilo que foi o epicentro da crise financeira em setembro de 2008, ainda na década passada.

André: Perfeito! Então, Vinicius, é justamente esse ponto que eu queria começar contigo. Quando se fala de Estados Unidos hoje, se está falando de 2015; porém, como você bem colocou, estamos vivendo uma calda de 2008 com os efeitos desde lá até então. Gostaria que você desse este Overview: como é a situação americana desde o “fundo do poço”, em 2008, e como isso vem se desencadeando até hoje?

Vinicius: Certo. Em 2008, o mundo teve sorte de ter como presidente do Banco Central americano o Ben Bernanke, pois o Bernanke tinha bastante conhecimento sobre períodos de crise aguda do sistema financeiro. Lá em 2008 nós perdemos, ou quase perdemos aquilo que é a regra básica do sistema financeiro: a confiança. Ou seja, você deixa seu dinheiro no banco confiando que amanhã, no dia em que você for buscar, o dinheiro vai estar lá.

O que aconteceu nos Estados Unidos naquele momento, é que os próprios bancos entre si – e as empresas, extrapolando para mercado europeu, e do europeu para o asiático. Ou seja, o mundo todo naquele momento, estava confiando em estruturas financeiras para as quais faltavam o lastro no final do dia. O baixo potencial, quando a economia de todos os blocos se retraiu, era porque ninguém confiava em ninguém.

O que se teve ali foi uma atitude do banco central americano (e depois do Banco Central Europeu) de nacionalizar as dívidas que eram particulares.

André: O que foi alvo de muita crítica…

Vinicius: Muita crítica, porque eles abriram os seus balanços, mas no sentido de evitar que o sistema financeiro global se rompesse. Como eles conseguiram fazer isso? Abrindo seus balanços e, ao mesmo tempo, levando a taxa de juros da remuneração do capital para praticamente 0.

André: Então isso na verdade foi uma medida pra conter o efeito da crise, para que as pessoas não simplesmente guardassem o dinheiro e fossem remuneradas por isso.

Vinicius: É isso aí.

André: Então as pessoas precisam investir em produtividade (construir novas coisas, atividade econômica, etc).

Vinicius: Isso. Já a partir de 2009, e entre 2009 e 2012 teve períodos ainda de falta de confiança no mercado financeiro; depois muito se falou na possibilidade de quebra do bloco europeu. Mas, já nos últimos 18 meses, tem tido um pouco mais de confiança nesse ambiente global. Digo isso, mas aqui na Western tem uma alegoria que deixa claro para o investidor como o nosso equilíbrio ainda é um equilíbrio frágil.

Como a crise foi global, um país depende do outro para se recuperar via canal das exportações / comércio exterior. Então, na nossa visão, o mundo todo nesse momento da crise de 2008 caiu num poço. Um poço fundo, num terreno encharcado, e todo mundo ficou com lama até o pescoço. Passados 7 anos, essa lama foi secando, foi secando… e os Estados Unidos parece que têm sido aquele a sair primeiro desse buraco.

André: Puxando essa recuperação.

Vinicius: Puxando a recuperação, André, mas, ao mesmo tempo, ele precisa dos outros, pra se apoiar e sair do buraco…

André: Para que se forme uma base sólida de crescimento…

Vinicius:  É. Eu digo isso porque, aqui na Western, a estimativa é de que os EUA vão crescer, agora em 2015 e 2016, algo como 2 a 2,5% (crescimento do PIB). Esse número nem é tão bom, por outro lado não é tão ruim. Parece hoje que o pior da crise ficou pra trás, mas, ao mesmo tempo, é abaixo do potencial da economia americana, que pode facilmente crescer de 3 a 3,5% constantemente ao longo de vários anos, sem que isso cause inflação.

André: Isso eu também gostaria de falar. Durante esse processo de crise, a diminuição da taxa serviu para estimular a produtividade, como a gente conversou. E agora estamos vivendo a expectativa, já faz alguns anos…

Vinicius:  Há dois anos o próprio banco central americano já deu a entender que um dia iria começar esse processo.

André: E a dúvida que fica é a seguinte: no momento em que essa taxa começar a se elevar, qual o impacto esperado? Na própria economia americana, mas também de uma forma mais global; especialmente no caso dos emergentes; porque, com uma taxa de juros diferente, vem uma atratividade aos ativos de risco nesses países emergentes.

Vinicius:  A primeira ponderação a ser feita, em relação à taxa de juros, é que esse não vai ser um processo de rigidez monetária. Ele vai ser um processo de normalização monetária.

André: Ou seja, nós não estamos aumentando os juros, nós estamos reconduzindo…

Vinicius: Reconduzindo para o patamar histórico de remuneração.

O normal não é ter juro 0! O normal não é ter um título do tesouro americano pagando 2% ao ano, em um título de 10 anos. O normal, anteriormente à crise, era um Yield (retorno esperado) ao ano de pelo menos 4 / 4,5%.

Então, ao começar esse processo de aumento de juros de normalização, da maneira como o banco central americano vem fazendo — ou seja, ainda o bernanke, em maio de 2013, sinalizou que em algum momento que o juro não poderia ficar 0 para sempre — a Janete vem fazendo um trabalho de muita comunicação, e uma comunicação muito clara para os agentes econômicos. Qual é a nossa expectativa hoje? Qual é o quadro que o banco central americano vê?

O banco central americano vê uma recuperação da atividade econômica em curso com sinais mais consistentes de melhora no mercado de trabalho (ou seja, o desemprego tem caído); porém, ele ainda não vê inflação.

André: Então isso é um cenário bom?

Vinicius: É o paraíso para o banco central de qualquer lugar. Então o que se espera: que o processo de aumento de juros seja lento e gradual. E que, quando terminado, ele não vá ser superior a mais ou menos 2% (que é o mesmo esperado da taxa de inflação).

E outro ponto: o mercado sempre antecipa através dessa comunicação. Então, hoje, o mercado já está preparado e já precifica em seus ativos que o banco central deve começar a subir juros americanos já partir de setembro provavelmente, em um passo muito gradual (ou seja, de 0,25 em 0,25); começando esse ano se estendendo ao longo de todo o ano que vem, provavelmente; e chegando a uma taxa de juros na casa de 2%.

André: E com essa recuperação toda, tivemos uma valorização nas bolsas americanas, justamente antecipando essa expectativa de recuperação econômica. Uma dúvida que os investidores têm é a seguinte: “Poxa, eu estou vendo o S&P nas máximas históricas, será que, ainda hoje, vale a pena eu fazer investimentos em ativos americanos — expor o meu portfólio de investimentos ao S&P — ou ainda tem especo para valorização dos ativos?”

Vinicius: Bom, você está certo quando diz que o mercado se antecipa aos fatos. Não por outro motivo, se vê a recuperação dos preços no S&P 500 (as 500 maiores empresas dos EUA), um crescimento de mais de 100% desde 2009. De 800 a 900 pontos, para a faixa de 2100 pontos hoje. Então, não há como não dizer que o melhor esperado é uma consolidação desse processo de alta do S&P. Não esperamos uma valorização recorrente de 30 ou 40% como nos últimos anos.

Porém, com o processo de normalização de juros sendo conduzido dessa maneira, também não se espera uma catástrofe.

Não se espera o que seria potencialmente ruim bolsa, que seria um processo em que o banco central americano subisse mais do que o mercado esperava, ou mais rapidamente.

Quando se fala em aumento de juros, as pessoas tendem a dizer: “Não, mais juros é ruim para as empresas”. Não nesse momento. Nesse momento, o aumento de juros significa estabilidade de preços: não ter inflação. Não é ruim para as empresas.

Voltando, o cenário até junho de 2015 ocorreu em linha com o que vínhamos antecipando desde o início do ano. Vale lembrar: O que é o “ar que enche o balão” de uma bolsa? O resultado das empresas!

Acabou a temporada de resultados do segundo trimestre, e mais de 75% das empresas têm vindo com resultados até acima das estimativas dos analistas.

André: Ótimo Vinicius. Você deu o panorama geral pra nós. Agora como, na visão de vocês, o investidor brasileiro deve se posicionar em relação à possibilidade de alocação em bolsa americana?

Vinicius: Certo. A opinião da casa, é que antes de tudo o investimento em uma bolsa americana deve ser visto como uma possibilidade de diversificação regional , algo que até pouquissímo tempo não tínhamos no Brasil: querendo investir em bolsa, você teria de investir no nosso Ibovespa, ou fundos. Hoje, você tem a possibilidade de participar do S&P 500.

Não achamos o S&P caro, o preço está razoavelmente bem precificado. Não é mais a barganha que foi em 2009, mas está longe de ser uma bolha. Não acreditamos em bolha no S&P…

André: Nem se fala?

Vinicius: Não se fala. Achamos que o investidor que entrar no S&P hoje, não deve esperar resultados estelares, mas muito mais um cenário de consolidação. Então, muito mais que tentar acertar o ponto de entrada, você deve pensar na oportunidade que te espera. Porque, isso é o ar que enche o balão da Bolsa de Valores o lucro resultante das empresas.

Então você falando num ambiente onde esse lucro das empresas deve crescer, achamos que é um bom investimento.

André: Perfeito. E quais são os veículos de investimento que a Western disponibiliza hoje para os investidores que queiram acompanhar o mercado americano?

Vinicius: Nós temos dois fundos, André, que trabalham com a bolsa americana. O primeiro é o Western Asset US Index 500 (Western Asset US Index FI Multimercado. Tipo ANBIMA: Multimercado Estratégia Específica): um fundo que criamos para replicar o resultado do S&P…

André: Então esse é um fundo passivo?

Vinicius: É um fundo passivo, aqui no Brasil. Não mandamos nenhum dinheiro pra fora, ele é baseado em um instrumento da BM&F no qual exatamente o que ele vê na TV ou na tela da Bloomberg de valorização do o S&P em dólar, o investidor vai receber em real.

Com um grande diferencial: ao final de um ano, esse fundo te dá não só o resultado do S&P, mas todo o diferencial entre o Brasil e os EUA. Quanto está os juros aqui: 14,25%; nos Estados Unidos: próximo a 0. Então esse fundo vai capturar o resultado do S&P, mais o que chamamos carregamento dos juros locais.

O segundo fundo da Western, é o Western Asset BDR FIA (Western Asset FI Ações BDR Nível I. Tipo ANBIMA: Ações Livre). No que ele se difere do outro? Ele é uma carteira de ações concentrada; tem cerca de 25 papéis, escolhidos pela ClearBridge, uma parceira do grupo Legg Mason que possui 110 bi de dólares administrados nos Estados Unidos (maiores informações: www.clearbridge.com). Então é a carteira das melhores ideias da ClearBridge, feito com base no universo que temos de BDRs.

Quais os dois diferenciais em relação ao primeiro fundo? No Western Asset BDR FIA, o investimento tem proteção cambial: tem a proteção do dólar para balancear a variação cambial do BDR. Segundo, ele é uma carteira concentrada. Muita gente fala que o S&P não está mais barato; isso não é necessariamente verdade quando você vai para o universo das empresas especificamente. Então, diferentemente do pegar 500 empresas como no primeiro fundo, nesse segundo vamos escolher aquelas com melhores perspectivas de crescimento e ganhos.

André: Então, um deles tem como objetivo acompanhar a carteira do S&P; e o outro tem uma gestão ativa na busca das melhores empresas americanas, via BDRs. É isso?

Vinicius: É isso mesmo.

André: Bom, então esse foi o meu papo aqui com o Vinicius da Western Asset. Vinicius, muito obrigado pela sua atenção.

Vinicius: Obrigado André.

André: Espero que você tenha gostado, que você tenha aprendido um pouco sobre o mercado americano, as perspectivas atuais… E foi uma prazer estar em uma casa americana, que tem no DNA a compreensão de todos esses fatores globais essencialmente ligados à economia americana, para que você possa sempre tomar a sua decisão com a melhor das informações que queremos sempre levar pra vocês.

Vinicius, fique à vontade para deixar o seu recado.

Vinicius: Agradeço André.

Obrigado pela oportunidade. Espero ter contribuído para decisões de investimentos do leitor.

Bom, é isso aí!

Espero que essa informação seja útil para sua tomada de decisão!

Grande abraço!

André Bona

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André Bona possui mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro, tendo auxiliado milhares de investidores a investir melhor seus recursos e é o criador do Portal André Bona - site de educação financeira independente.

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