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Quem investe deve ter em mente que os rendimentos podem sofrer tributação. Dessa maneira, é preciso contar com os deságios causados pelos impostos na hora de calcular o lucro obtido. Mas você sabia que existem investimentos sem Imposto de Renda (IR)?

Por conta dessa vantagem, eles são muito procurados pelos investidores que desejam aumentar a sua rentabilidade. Porém, é necessário ter cuidado ao utilizar esse critério para a escolha dos investimentos.

Quer entender se vale a pena escolher um investimento só pela isenção do IR? Continue a leitura e descubra!

Como funciona o Imposto de Renda nos investimentos?

O Imposto de Renda é um tributo do Governo Federal que incide sobre os ganhos de uma pessoa ou empresa, como salário, lucros e investimentos. Além disso, ele é cobrado anualmente e pode ser retido diretamente na fonte ou recolhido pelo contribuinte.

No caso dos investimentos, as regras variam conforme a alternativa. Nos títulos tributados de renda fixa, por exemplo, o IR é calculado a partir de uma alíquota que varia conforme o tempo de alocação. Assim, o tributo acompanha a seguinte tabela regressiva:

  • até 180 dias: 22,5%;
  • de 181 a 360 dias: 20%;
  • de 361 a 720 dias: 17,5%;
  • acima de 720 dias: 15%.

Nesse caso, o imposto é retido na fonte. Porém, há investimentos em que as alíquotas do IR são distintas e a apuração do imposto deve ser realizada pelo próprio investidor. Esse é o caso das alternativas que precisam da emissão do Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF), como as ações.

Quais são os principais investimentos sem Imposto de Renda?

Agora que você sabe como o Imposto de Renda incide sobre os investimentos, é importante conhecer as principais alternativas isentas de IR para pessoas físicas. Confira a seguir!

LCI e LCA

A letra de crédito imobiliário (LCI) e a letra de crédito do agronegócio (LCA) são títulos privados emitidos por instituições financeiras. Elas funcionam como um empréstimo do investidor para o banco, que paga juros por isso.

Assim, a rentabilidade pode ser:

  • prefixada: há uma taxa fixa combinada antes do aporte;
  • pós-fixada: acompanha um índice de referência do mercado, como o Certificado de Depósito Interbancário (CDI);
  • híbrida: há uma taxa fixa e outra que acompanha um indicador do mercado, como o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Com o dinheiro levantado com a venda dos títulos, os bancos podem oferecer financiamentos e empréstimos aos seus clientes em setores específicos da economia. Na LCI, os recursos são direcionados para o segmento imobiliário, enquanto na LCA eles são destinados ao agronegócio.

Vale a pena saber que a isenção de IR desses títulos é uma forma do Governo incentivar os investimentos nesses mercados com objetivo de ajudar no desenvolvimento do país.

CRI e CRA

O certificado de recebíveis imobiliários (CRI) e o certificado de recebíveis do agronegócio (CRA) são títulos parecidos com os anteriores. Contudo, eles são emitidos por securitizadoras — empresas que antecipam recebíveis aos clientes.

Nesse caso, elas transformam os recebíveis em títulos para vender aos investidores. Se o direito creditório foi obtido de um produtor rural, por exemplo, ele é vendido como CRA. Porém, se esses recebíveis forem de uma empresa do setor imobiliário, a securitizadora os vende como CRIs.

Nesse caso, a isenção do IR também é determinada pelo incentivo ao investimento nos setores da economia. Além disso, assim como LCI e LCA, a rentabilidade dessas aplicações pode ser prefixada, pós-fixada e híbrida.

Debêntures incentivadas

As debêntures são títulos emitidos por empresas com objetivo de captar recursos para o seu negócio. Assim, o investidor que aplica nessa alternativa empresta dinheiro para as organizações em troca de rentabilidade.

Um tipo específico de debêntures, as incentivadas, é emitido por empresas ligadas a projetos de infraestrutura. Com isso, o Governo não cobra IR dessas aplicações como forma de incentivo ao desenvolvimento do país.

Ações

As ações são a menor parte do capital social de uma empresa listada na bolsa de valores. Assim, ao comprar um papel, o investidor se torna sócio do negócio. Consequentemente, ele compra o direito de participar dos resultados dessa companhia.

Em relação ao Imposto de Renda, o acionista é isento em duas situações. A primeira é no pagamento de dividendos, que é a distribuição de parte do lucro líquido da empresa. Já a segunda acontece na venda de ações, caso o total negociado no mês seja inferior a 20 mil reais mensais em operações comuns.

Fundos imobiliários

O fundo imobiliário (FII) é uma modalidade de investimento composto pelo capital de diversos investidores e que foca no setor de imóveis. Além disso, ele é gerido por um gestor profissional, que realiza o manejo da carteira.

Nesse fundo, a distribuição de dividendos é obrigatória. Assim, o lucro obtido com os investimentos é dividido proporcionalmente aos cotistas — sendo isento de Imposto de Renda. Mas há regras para que o lucro do FII seja isento.

A primeira delas é que as suas cotas devem ser negociadas somente em bolsa ou mercado de balcão. Ademais, o fundo precisa ter, pelo menos, 50 cotistas. Por fim, o investidor não pode ter mais de 10% das cotas do veículo.

Ademais, cabe ressaltar que a isenção vale somente para a distribuição de dividendos. No caso de lucro com as vendas de cotas, é aplicada a tributação de 20% sobre o rendimento.

Vale a pena escolher um investimento só pela isenção de IR?

Após conhecer as principais alternativas isentas de IR, é o momento de descobrir se vale a pena escolher um investimento considerando apenas a isenção do imposto. Na prática, existem outros fatores que devem ser ponderados antes de tomar uma decisão.

O primeiro deles é o perfil de investidor, que mensura a sua tolerância aos riscos. Desse modo, ele ajuda a entender quais investimentos estão mais alinhados à sua capacidade de arriscar.

Além disso, é preciso considerar os seus objetivos financeiros e o horizonte de tempo do investimento. Afinal, cada alternativa pode se encaixar melhor em uma meta. Por exemplo, as ações tendem a ser mais bem aproveitadas no longo prazo, pois o tempo pode minimizar os efeitos da volatilidade.

Portanto, se o seu propósito é utilizar o dinheiro em poucos meses, o mercado acionário pode não ser tão interessante. Nesse caso, há títulos de renda fixa que oferecem maior segurança, podendo ser mais vantajosos.

Então, após considerar esses fatores, você pode olhar para a isenção de IR como um ponto a mais. Contudo, é imprescindível calcular a rentabilidade, pois é possível que outras alternativas ainda sejam mais vantajosas, mesmo com tributação.

Neste artigo foi possível descobrir quais são os principais investimentos sem Imposto de Renda. Além disso, você pôde entender que utilizar essa vantagem como fator para compor a sua carteira nem sempre vale a pena e que é preciso considerar outros fatores na decisão.

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