Você já ouviu falar da “japonização” da economia? Quem gosta de saber como andam as economias e os mercados mundiais, precisa conhecer essa expressão. Afinal, o mundo todo está com medo de ser “japonizado” economicamente.
Mas, afinal, o que isso quer dizer? Para muitos, o Japão é um país com alta qualidade de vida, boa economia e com potencial de crescimento tecnológico alto. Logo, essa expressão pode parecer algo positivo ou relacionada à tecnologia, mas infelizmente não é isso.
A japonização preocupa alguns estudiosos. Quando se trata de economia, nem sempre algo que aparenta estar bem, realmente está. Quer entender o que é a japonização da economia? Então leia o artigo e entenda mais sobre o assunto!
Por que “japonização” da economia?
Para entender o conceito, precisamos saber um pouco sobre história da economia japonesa. Antes de tudo, cabe mencionar que o Japão é uma das maiores economias do mundo. Tem um PIB alto, é membro do G-7 e considerado um país desenvolvido.
Apesar disso, o Japão é muito dependente da economia mundial. Ou seja, sua economia depende muito da importação e da exportação de produtos para poder funcionar com perfeição. Essa realidade está presente em diversos países.
Contudo, o termo “japonização” se dá por outros motivos. O país vive uma situação econômica inusitada há cerca de três décadas. Desde 1980, o Japão não consegue sustentar períodos de grande crescimento econômico e, por isso, presencia alguns dos seus principais indicadores económicos se comportar de forma negativa e incomum
Há 4 fatores que indicam que o país pode estar entrando em um período crítico: crescimento lento do PIB, juros baixos, população envelhecida e inflação baixa. O país parece estar estagnado permanentemente. Esses quatro fatores indicam que o Japão pode ter problemas para sair dessa situação, caso nada se altere.
Por isso, em 2019, o termo “japonização” ficou em alta entre os economistas. Utiliza-se a palavra para se referir às condições peculiares da economia do país asiático. Surgiu, em especial, nos debates sobre a atual situação da economia europeia.
Por isso, a palavra nada tem a ver com tecnologia e muito menos possui um bom significado. Economistas temem que a Europa já esteja ou venha a passar por um período peculiar semelhante, o que não é nada positivo.
O que está acontecendo na Europa?
Nos últimos anos, parece que a Europa está repetindo a mesma combinação de economia lenta e juros baixos do Japão. Após a crise de 2008, os países europeus cortaram os juros para estimular a economia.
A partir de 2011, essas taxas foram reduzindo mais ainda, chegando a um valor baixo até os dias atuais. No curto prazo isso pode indicar uma armadilha da liquidez mas, no longo prazo, demonstra que a União Europeia segue os mesmos passos do Japão.
Ainda, de acordo com especialistas, a Europa está correndo o risco de entrar nos juros negativos, modalidade que o Japão usou pela primeira vez em 2016. Os juros servem como estímulo para a atividade econômica e podem ser usados pelos Bancos Centrais para combater a inflação. Tanto no caso do Japão quanto no da Europa, os cortes nos juros não fizeram a inflação crescer.
Inflação baixa pode ser ruim, pois atrapalha a atividade econômica. Ou seja, inflação muito baixa é sinônimo de consumo e investimento não sendo realizados. Imagine o seguinte cenário: você quer muito um determinado produto, mas não há expectativa de que o valor aumente.
Provavelmente não vai se sentir pressionado a comprar no momento, certo? Então, é isso que acontece, a demanda acaba sendo menor que o desejável.
O Japão já teve taxas de juros abaixo de zero, ou seja, deflação. A deflação pode ser mais perigosa que a inflação baixa, pois assim a população fica mais desestimulada a consumir, afetando a produção e o PIB, por consequência.
Na zona do Euro, as taxas não chegaram a ficar negativas, mas chegou perto de zero em 2014, 2015 e 2016. Mesmo assim, a inflação está abaixo de 2%, o que e considerado muito baixo.
Outro motivo que preocupa os estudiosos é o fato da Europa passar pelo mesmo problema que o Japão em relação à população: número alto de idosos e baixas taxas de natalidade.
Quais as diferenças entre o Japão e a Europa?
Foram apresentadas algumas semelhanças no cenário econômico entre a Europa e o Japão. Contudo, há diferenças que devem ser destacadas. A primeira delas é que o bloco europeu apresenta países muito diferentes entre si economicamente.
Há diversos países bem estáveis e outros que não estão tão bem consolidados. A discrepância é visível entre muitos deles, como é o caso entre Alemanha, país de economia forte, e a Itália – que apresenta menor estabilidade, por exemplo.
Cabe ressaltar que os fenômenos apresentados no tópico anterior não acontecem em todos os países europeus. Mesmo que a moeda seja a mesma, os preços e outros indicativos econômicos, não apresentam níveis semelhantes em todos os países.
Outro aspecto a ser mencionado é que a dívida pública do Japão está num nível mais preocupante que a dívida europeia. A dívida japonesa já chegou a quase 200% do PIB, enquanto que podemos perceber uma redução nas despesas na Europa.
Por último, deve-se citar que o desemprego no Japão é baixo. Em 2018, chegou a 2,4%. Na Zona do Euro, o desemprego é maior, apresentando uma taxa de cerca de 9%.
Como evitar a “japonização”?
Como visto, essa situação é muito ruim para a Europa, pois significa que a economia do bloco corre o risco de estagnar-se. Além de não crescer, a Zona do Euro corre o risco de ter sua economia reduzida, podendo enfrentar problemas financeiros e até mesmo encontrar dificuldade para sair dessa situação.
Para que a Europa possa remediar esse problema, faz-se necessário a adoção de medidas para combater a deflação e evitar estágios mais avançados, nos quais o nível geral de atividade econômica cai e pode ocasionar o fechamento de empresas e o aumento do desemprego.
Portanto, a japonização da economia pode ser mal interpretada por quem não compreende o termo e não detém informação sobre a real situação japonesa e europeia. O vocábulo nada tem a ver com algo positivo.
Pelo contrário, quando se fala que algum lugar está sofrendo com uma “japonização” pode significar que o país está com a economia apresentando sinais atípicos e alguns fatores que podem prejudicar toda a população.
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