Economia sempre é um assunto complexo, mas essencial. Afinal, envolve todos os aspectos do cotidiano. Dos inúmeros fatores econômicos que afetam a vida das pessoas, os períodos de instabilidade e as crises econômicas com certeza estão entre os mais importantes.
Crises econômicas acontecem de tempos em tempos e, por mais perfeito que seja um país, ele jamais passará intocado por algumas delas. Períodos de instabilidade econômica são inevitáveis, e nem políticas para tentar amenizar ou atrasar uma crise conseguem ser eficientes a ponto de evitá-las.
As ondas de Kondratiev são interessantes principalmente porque ajudam a explicar o aparecimento dessas crises e mostram porque é impossível viver sem elas. Acompanhe o artigo, aprenda um pouco sobre as ondas de Kondratiev e entenda como a economia funciona!
Por que crises econômicas são inevitáveis?
Como dito, não adianta tentar fugir, as crises econômicas vão aparecer em algum momento. Engana-se quem pensa que crises só afetam países em desenvolvimento. Todos os países, com a maior certeza absoluta, sofreram e irão sofrer com instabilidades em sua economia.
Ainda mais nos dias de hoje, com um mundo globalizado e interconectado. As economias mundiais são, em menor ou maior grau, dependentes umas das outras, e uma crise que ocorre em um país acaba afetando outros.
Instabilidades como essas sempre ocorreram na história e, mesmo inevitáveis, são essenciais. O próprio capitalismo é um sistema cheio de falhas e propicia o aparecimento de crises, mas também alimenta as inovações que dão novo fôlego ao sistema.
Ocorre que, atualmente, os governos acabam adotando medidas para tentar amenizar os efeitos ou até, retardá-los. Esse intervencionismo é bem comum, mas por mais eficiente que seja, não evita pequenas crises,
Por isso, é essencial entender que não há como evitá-las. O que pode ser feito é tentar prever as próximas crises para preparar-se para enfrentá-las.
Mas, por que e como as grandes crises financeiras ocorrem? As ondas de Kondratiev podem explicar.
Ondas de Kondratiev: o que são?
As Ondas de Kondratiev, também conhecida como Teoria dos Ciclos Longos ou Teoria dos Ciclos de Kondratiev, foi criada por Nikolai Kondratiev, um economista russo. Ele escreveu a teoria na antiga União Soviética. De forma resumida, ela pode ser entendida assim:
A teoria do economista defende que a economia global tem uma dinâmica única. Dizia que, a partir da Primeira Revolução Industrial, a economia se constitui em ciclos, nos quais as fases de expansão econômica são sempre seguidas de fases de recessão.
Tanto o lado socialista quanto o capitalista do mundo não aceitaram a teoria de Nikolai. O lado soviético acreditava que o capitalismo não iria se recuperar após a Crise da Bolsa de 1929. Por outro lado, os defensores capitalistas não aceitaram bem a ideia de que o capitalismo enfrentaria crises econômicas de tempos em tempos.
A teoria dos ciclos de Kondratiev (também escrita em outra grafia: Kondratieff) parece ser complicada, mas é bastante simples. Para entendê-la, é necessário voltar na história e ver os ciclos citados pelo criador da teoria.
Veja a seguir.
Primeiro ciclo
O processo dinâmico deve ser explicado começando pelo primeiro ciclo longo, que originou-se em 1790 no início da Primeira Revolução Industrial. Nesse momento o capitalismo estava começando a se tornar o que é hoje.
O período ficou marcado pela criação da máquina a vapor e das indústrias têxteis, criando novas oportunidades de lucro, fazendo muitos apostarem nesse ramo. Houve uma superprodução e grandes lucros do setor, o que caracterizou a fase A.
Começa então a existir uma produção muito alta e uma concorrência que prejudica a lucratividade das outras empresas. Assim, em 1820, começou a fase recessiva do ciclo, que é a fase B.
Os períodos recessivos são acompanhados pelo surgimentos de novas invenções que, quando aplicadas no mercado, acabam impulsionando uma nova fase de crescimento. Isto é, a fase A.
As principais inovações da fase depressiva desse primeiro ciclo foram os meios de transporte movidos a vapor, como os navios e os trens.
Segundo ciclo
O primeiro ciclo acabou em 1848 e logo começou o segundo. Como dito, na fase depressiva do primeiro ciclo surgiram os transportes movidos a vapor. Logo, o segundo ciclo começa com a aplicação dessas invenções, transformando-as em inovações e impulsionando uma nova expansão.
Isso culminou com a abertura de novas oportunidades de mercado e atraiu investimentos, o que resultou em lucros altíssimos. Diversas pessoas investiram nesse mercado e, dessa forma, aumentou-se a produção e também a concorrência. Esse cenário gerou uma nova fase decadente, em meados de 1873.
Com essa fase B, novas invenções precisaram surgir, como a eletricidade e o motor a combustão. Tais inovações foram implantadas no mercado e, em 1896, iniciou-se uma nova fase ascendente – fase A.
Terceiro ciclo
Começou na Segunda Revolução Industrial, liderado por Alemanha e Estados Unidos. Período que iniciou o capitalismo financeiro. Na fase recessiva, foram criados o avião a jato, telecomunicações e o uso massivo do petróleo.
Quarto ciclo
O quarto ciclo acontece até os dias de hoje e está ligado à Terceira Revolução Industrial. Sua fase A teve início em 1948 e estendeu-se até 1973. A fase B, continua até hoje e é marcada por invenções tecnológicas como robótica, biotecnología, informática e nanotecnologia.
Entretanto, a fase recessiva, ou fase B, está durando um tempo muito maior do que nos ciclos anteriores. Isso acontece porque a partir dos anos pós-Segunda Guerra Mundial, as nações – principalmente as pertencentes ao bloco capitalista – passaram a adotar processos de administração, mais especificamente pela intervenção de seus Bancos Centrais.
Os Bancos Centrais, muitas vezes, intervêm na economia para tentar evitar problemas maiores com as crises econômicas. Por mais que a intenção seja ajudar, esse intervencionismo não consegue fazer a crise desaparecer e, cedo ou tarde, os efeitos da crise aparecerão, podendo até virem de forma mais grave.
Eles atuam tentando gerenciar o descompasso entre a economia concentrada em produtos e serviços e a economia centrada no comércio de ações e títulos públicos.
Assim, adotam medidas para impedir que a crise prejudique os novos períodos de ascensão econômica, pois os investimentos não são revertidos em invenções que fariam surgir um novo ciclo. Em resumo, o que acontece atualmente é um descolamento entre a economia real (produção) e a virtual (mercado de ações).
Mas qual o motivo para essa intervenção?
O motivo para que haja esse intervencionismo dos Bancos Centrais é que as nações não querem passar pelo mesmo processo que ocorreu na Inglaterra no terceiro ciclo. Na época, as indústrias inglesas ficaram desatualizadas e isso proporcionou o aparecimento de nações mais fortes, como a Alemanha e os Estados Unidos.
Os governos desses e de outros países não querem passar pelo mesmo problema em virtude do início de um novo ciclo.
Como as Ondas de Kondratiev ajudam você a entender a economia?
A teoria de Nikolai Kondratiev pode esclarecer o aparecimento das crises econômicas. O Brasil já passou por diversas crises e muitos não têm ideia por que isso acontece.
Lendo as explicações do economista é possível entender que todo período histórico é marcado por um período de auge, o qual causa uma euforia, seguido de superprodução e lucros altos, gerando problemas econômicos futuros, que é a fase de recessão.
Nessa fase, ocorrem novas invenções para tentar melhorar a economia e, assim, inicia-se um novo ciclo. Essas fases são cíclicas e sempre acontecem uma após a outra. Nesses altos e baixos, novas ideias surgem, afetando nosso modo de viver.
Conclusão
As Ondas de Kondratiev é uma teoria econômica explicada nos mais diversos cursos de Economia. Mesmo sendo especificamente dessa área, todos devem conhecê-la para entender melhor como o mundo e sua economia funcionam e compreender o que causa as crises financeiras.
Períodos de recessão são inevitáveis e acontecem depois de um período de auge econômico. Esse ciclo sempre acontece e, como visto, devem se repetir várias vezes.
Diversos governos começaram a intervir para tentar evitar que um novo ciclo ocorra. Mas, por mais que estejam conseguindo retardar, é praticamente certo que, cedo ou tarde, esse novo ciclo aconteça.
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