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Com um número recorde de desempregados e com as pessoas registrando um alto índice de endividamento, é normal que lidemos cada vez mais com dívidas em todas as esferas de nossa vida. Neste contexto, a dívida mais complicada de se lidar, no entanto, é o financiamento imobiliário – o endividamento mais longo da vida de muita gente.

Pelo fato de ter um elevado prazo de financiamento, o crédito imobiliário tende a ser sensível e preocupante, porque “prende” seu devedor aos elevados juros e o expõe de forma considerável a possíveis riscos de perda da principal fonte de renda, variação de juros e mudanças de regras do governo.

Infelizmente, muitas pessoas buscam este tipo de financiamento pelos motivos errados, não se preparam para eventuais emergências e acabam ficando sem o dinheiro e o imóvel.

Você se encontra nessa situação ou conhece alguém que pensa em entrar no financiamento imobiliário e está totalmente despreparado para um “desvio de curso”? Então continue lendo este artigo que tentarei lhe guiar para os possíveis imprevistos advindos dessa modalidade de financiamento.

A disciplina no financiamento imobiliário

Com frequência, ouvimos histórias de pessoas que não possuíam disciplina para poupar dinheiro, mas, após fazerem o financiamento imobiliário, passaram a poupar o recurso suficiente para cobrir as parcelas mensais. Esse argumento ou situação, pode até ser verídico, porém, traz consigo algumas implicações negativas.

Primeiro que a quantidade de juros paga é extremamente elevada a ponto de consumir 75-80% do valor da parcela, ou seja, na prática, o valor amortizado foi de apenas 20-25%. De forma mais ilustrativa, se a parcela mensal do imóvel fosse R$ 2.000,00, então os juros totalizariam R$ 1,500,00.

Segundo, pode existir uma situação adversa na vida do endividado e, caso a pessoa não tenha uma reserva de emergência, pode se complicar e pagar multa e mais juros sobre o financiamento. Convenhamos que boa parte das pessoas que estão em um financiamento não possui muita sobra de recursos e, se somarmos ao imprevisto utilizado de exemplo, esta pessoa pode estar se encaminhando para um abismo financeiro de dívidas.

Em terceiro lugar, infelizmente, muitas pessoas ignoram o fator de imprevisto na sua vida, quase que deixando a vida ao acaso da sorte. Porém, situações adversas não são pautadas por “se” acontecerem, mas sim por “quando” acontecerão.

Vale lembrar que, dependendo da fase do financiamento, é possível desistir do financiamento e reaver algum dinheiro de volta, mas isso acarreta em uma grande perda financeira e patrimonial, porque o endividado terá apenas uma parte do dinheiro de volta e perderá o imóvel financiado.

Mudança de regras e cláusulas contratuais em financiamento imobiliário

Imagine que você finalmente conseguiu quitar seu financiamento imobiliário no valor de R$ 400 mil mas, após algum tempo, recebe uma notificação de que ainda deve cerca de 50% do valor em taxas e encargos. Você acha impossível ou improvável?

Bom, conforme notícia veiculada no Extra, essa foi a realidade de 45 mil brasileiros que não possuíam a cláusula de garantia de cobertura do FCVS. Eles passaram a ser cobrados por valores, taxas e reajustes com parcelas mensais muito superiores ao que pagavam de financiamento.

Por isso, é sempre importante ler com cautela o contrato e, caso tenha dúvida, consultar um advogado. Lembre-se que você estará comprometendo 30 anos de sua renda.

Nosso país possui uma insegurança jurídica muito grande e está suscetível a diversas mudanças de regras com certa freqüência. Daí o perigo de estar devedor de algo por 30 anos. Cabe analisar o pensamento controverso de preterir algumas atitudes consideradas “arriscadas” devido à economia e outros, mas estar exposto a um risco de 30 anos em uma dívida.

“No financiamento imobiliário, o imóvel é meu”

Esta é uma falácia reproduzida por milhares – senão milhões – de brasileiros que estão buscando comprar seu próprio imóvel. As pessoas utilizam esse argumento quando têm o motivo do financiamento contestado. Muitas vezes, este argumento também é utilizado pelos vendedores do produto em si.

O fato é que as pessoas desconhecem o produto e se deixam levar por um discurso ilusório de que ao financiar um imóvel ele é seu. Neste momento você, leitor, deve ter estar achando que estou maluco.

De fato, ao término do financiamento o imóvel será seu, mas durante a quitação das parcelas, a moradia estará alienada no nome da instituição credora – que pode, inclusive, tomar o bem em caso de inadimplência. Tal fato pode acarretar em diversas implicações caso ocorram algumas situações adversas em sua vida.

Por isso, sempre considere, nestes casos, uma situação em que tudo pode dar errado e responda com sinceridade: você teria recursos ou reserva para contorná-la?

“Prefiro pagar a parcela do financiamento imobiliário do que aluguel”

Outra falácia promulgada pela grande massa é da troca do aluguel, pelo imóvel próprio (que como já vimos, não é seu até que o financiamento seja quitado em sua totalidade). Na verdade, quando vamos a fundo na estrutura do financiamento, percebemos que também pagamos aluguel em um financiamento. Mas, como isso é possível?

O aluguel pago no caso do crédito imobiliário tem outro nome: ele se chama juros. Você paga “aluguel” do dinheiro que o banco te emprestou, com a diferença de que você fez um contrato de aluguel por 30 anos, sujeito a todo tipo de ajuste e mudança de regras.

Então, qual a melhor opção?

A forma ideal para se comprar um imóvel, seria juntar o dinheiro e comprar à vista, porém, sabemos que isso implica em uma grande soma de dinheiro e complica muito a situação. Também, no mundo real, possuímos diversas necessidades e, muitas vezes, temos que tomar decisões difíceis perante as escolhas que a vida nos traz.

A verdade é que não existe uma fórmula mágica para tomar esta importante decisão. Cada um deve realizar suas escolhas baseados naquilo que acredita. É importante apenas considerar algumas situações e consequências que, frequentemente, deixamos passar em branco, mas que têm um alto impacto na nossa qualidade de vida, saúde, família e nas finanças.

Se, ao mensurar os prós e contras, você ainda optar por realizar um financiamento imobiliário, procure sempre estar ciente dos riscos envolvidos na operação e se prepare para quando as coisas não saírem conforme o planejado.

Você conhece alguém que tem planos de entrar em um financiamento imobiliário? Então compartilhe este artigo com seus amigos e ajude-os a entender um pouco mais sobre este tema!

 

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Aluno do curso O Investimento Perfeito, possui experiência como analista de crédito PJ no mercado financeiro. Acredita que a educação financeira é um conhecimento primordial na vida das pessoas e busca espalhar essa filosofia para aumentar a qualidade de vida de todos ao seu redor.

2 Comentários

  1. Financiamento imobiliário = furada. Mas aqui na Banânia o que vale é a sensação de que se está ‘comprando’ um imóvel quando na verdade se está entregando a alma a uma instituição financeira. Uma armadilha em que muitos caem sem saber é a atualização do saldo devedor do contrato, o que torna a dívida praticamente impagável.

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