*Este artigo foi produzido pelo Instituto Segurado Seguro com exclusividade para o Blog de Valor.
Se você possui um plano de saúde próximo à data de renovação ou andou pesquisando opções de convênios para contratar, provavelmente já deve ter se deparado com duas modalidades que estão em alta e são muito oferecidas pelas corretoras: os planos de saúde com franquia e coparticipação.
Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), esses tipos de contrato respondem pela maior parte dos planos de saúde em vigor no país. O número de usuários enquadrados neles triplicou em 10 anos, passando de 8,3 milhões em 2007 para 24,7 milhões no ano passado.
Mas como saber qual tipo de plano contratar? Esta é uma dúvida recorrente de milhões de brasileiros. Continue a leitura para saber mais sobre os planos com franquia e participação e descubra o que você precisa saber antes de contratar o melhor plano para você e sua família.
O crescente interesse nos planos com franquia e participação
Uma das explicações para a crescente procura pelos planos com franquia e participação é a mensalidade mais atrativa: tais planos costumam ser de 20% a 30% mais baratos do que os regulares. Para ilustrar esses números, um exemplo: num plano empresarial regional da Amil, para pessoas de 34 a 38 anos, a mensalidade custa,em média, R$ 391. Na versão com coparticipação, a mesma cobertura é oferecida por R$344.
A economia mensal, ao optar pelo segundo formato, é de quase R$50 – valor que costuma ser ainda maior no caso de planos de saúde mais caros. “No entanto, é preciso avaliar e colocar tudo na ponta do lápis, pois nesses planos ocorrem outras cobranças eventuais e nem sempre compensa”, afirma o advogado Sandro Raymundo, presidente do Instituto Segurado Seguro.
Isso ocorre porque, nessas modalidades, além da mensalidade, o consumidor paga uma parte das despesas médicas, se elas vierem a ocorrer. Por exemplo: se precisar fazer um exame, pagará uma parte (prevista no contrato) do valor do procedimento e a seguradora o restante. É essa divisão de gastos que permite baratear a parcela fixa da mensalidade.
Por isso, é sempre importante ter muito cuidado e atenção antes de escolher um plano de saúde – sejam eles planos com franquia e participação ou planos nos quais não são cobradas outras taxas e despesas.
Como descobrir qual é o melhor plano de saúde?
Para ajudá-la a descobrir se esses planos são ideais para o seu perfil – e não fazer uma manobra errada, que comprometa seu orçamento – o presidente do Instituto Segurado Seguro destaca três coisas as quais você deve se atentar antes de fechar negócio. Confira:
1. A frequência de utilização do plano
Como já explicamos, esses planos de franquia e participação implicam em cobranças extras relacionadas à utilização. Portanto, se você usa muito serviços médicos, sinal vermelho: é possível que acabe gastando mais do que se optasse por um plano sem coparticipação ou franquia.
“Por outro lado, para quem usa pouco o plano, a economia pode ser muito interessante. Imagine que poderá poupar o valor a menos empregado mensalidade – os R$ 50, no exemplo citado – e destiná-lo para outros fins, como investimentos, uma viagem, pequenas reformas em casa…”, explica o advogado.
Dica importante: se você tem alguma doença (ou propensão, devido a histórico familiar, por exemplo) que indica que você vai precisar de muitos cuidados no futuro, o melhor é não optar por essas modalidades. Lembre-se: para elas, quanto maior o uso, maior o gasto.
2. Reserva de emergência
É essencial ter em mente que assumir o risco e contratar um plano com coparticipação implica em ter uma reserva financeira para pagar as eventuais despesas de consultas e outros procedimentos que forem realizados.
“O beneficiário economiza no pagamento fixo mensal, mas precisa contar com um aporte financeiro para arcar com os gastos que incidem sobre os serviços médicos realizados. Nesse sentido, minha orientação é pesquisar bastante ebuscar um plano que não pratique percentuais elevados para osatendimentos, para não comprometer o bolso quando a necessidade ocorrer”, diz Sandro.
Essas informações devem estar especificadas no contrato firmado com a operadora.
Leia com atenção e, antes de contratar, exija previamente informações completas e claras sobre os valores da coparticipação ou da franquia.
3. Caminho (possivelmente) sem volta
A tendência é que os planos sem coparticipação ou franquia sejam cada vez mais escassos no mercado, assim como já ocorre com os planos individuais, quase inexistentes nas tabelas de opções das operadoras. Por isso, avalie bem antes de migrar para planos coletivos e,aparentemente, mais baratos.
Nessa categoria (planos coletivos), as operadoras contam com regras menos rígidas e podem, por exemplo cancelar o plano sem motivo (avisando com 60 dias de antecedência), além de que o limite dos reajustes não é determinado pela ANS – o que acaba resultando em níveis abusivos.
“É preciso pensar bem antes de mudar de plano e categoria. Se o consumidor estiver em um plano individual e sem coparticipação é muito provável que seja desvantagem migrar para um coletivo com coparticipação. Aliás, mesmo que o individual tenha coparticipação, a migração de um plano individual para um coletivo sempre requer cautela, pois normalmente não é vantajosa para o consumidor”, afirma o advogado.
A decisão sobre contratar um plano com franquia e participação ou outros tipos de planos – individuais, empresariais ou coletivos, portanto, nunca deve ser baseada apenas no valor da mensalidade. Pesquise, compare, conheça seu perfil de uso e faça contas. Com cautela e bastante atenção é possível encontrar um plano de saúde que se adéque melhor ao seu perfil enquanto usuário e ao seu bolso.
*O Instituto Segurado Seguro é uma associação de proteção do consumidor de seguros, que tem como objetivo promover e difundir o conhecimento do contrato de seguro, em seus mais diversos ramos, atuar junto aos poderes públicos para contribuir com o implemento da legislação e regulamentação de seguros, promover a informação e orientação ao consumidor, entre outros.