Você já parou para pensar na forma como a sociedade se comporta e define os indivíduos? A obra “Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria” do sociólogo polonês Zygmunt Bauman apresenta uma visão inovadora sobre a formação da sociedade moderna e como ela foi definida pelo consumismo.
O autor trouxe observações que mostram a realidade das relações humanas como grupo social e demonstra como tudo o que fazemos e pensamos é idealizado com base no ato de consumir, e de sermos consumidos também.
Você já parou para pensar em sua vida como algo para consumo? Então confira o artigo e entenda como a sociedade atual transformou as pessoas em mercadoria e comece a enxergar tudo à sua volta com uma visão mais crítica.
Boa reflexão!
Um pouco sobre a sociedade moderna
Antes de adentrar nas reflexões sobre a obra, entenda um pouco sobre a sociedade em si. As pessoas são consumistas. Importante compreender que essa afirmação não envolve somente o ato de comprar produtos e ir em lojas a todo momento para adquirir objetos por impulso.
Tudo é feito para ser consumido, desde um filme, uma novela que passa na televisão ou uma música, por exemplo. As pessoas aprenderam a consumir depois das Revoluções Industriais, Guerra Fria e claro, com o avanço das tecnologias da sociedade moderna.
Ocorre que atualmente, o consumo tornou-se o principal foco das pessoas. Tudo na sociedade funciona ao redor do ato de consumir, isso acontece até mesmo nas relações humanas. O consumismo se tornou tão exagerado que as próprias pessoas passaram a ser mercadoria.
Engana-se quem acha que é um personagem ativo na relação de consumo. A realidade é que a mercadoria mais comum no mercado agora são as pessoas.
E se você acha que não é consumista, engana-se também, pois até os que se consideram os mais minimalistas são consumidores e “objetos” de consumo. Assim, podemos afirmar que sim, a vida está idealizada para o consumo.
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Vida para consumo: o que isso quer dizer?
Falar de consumismo geralmente envolve temas como: consumo desenfreado de produtos, exploração sem bom senso da natureza, produção alta de lixo, péssima utilização de recursos, desperdício, dentre outros. De fato isso tem a ver com consumismo e são temas importantes para serem debatidos, mas devemos ir além disso.
Isso porque os seres humanos passaram a ser mercadorias. E acontece a todo momento, mesmo que você não perceba.
Por exemplo, se você procura uma pessoa para se relacionar, pode utilizar sites e aplicativos de encontros. O que são esses aplicativos? Nada mais que um “catálogo” para você escolher a pessoa com quem deseja sair.
Se quiser, pode utilizar as redes sociais. As redes sociais, por sua vez, são vitrines que vendem uma vida ideal de um indivíduo para que os outros a vejam e consumam suas fotos, suas ideias, etc.
Inclusive, as pessoas são uma mercadoria tão proeminente nas mídias digitais que as empresas escolhem anúncios de seus produtos para aparecer nos seus perfis, induzindo-os a comprá-los.
Se você já comprou um produto de algum anúncio que apareceu em um blog que estava lendo ou nas redes sociais, percebeu que, apesar de ter efetuado a compra, era você que estava à venda? Você foi colocado na vitrine para as empresas direcionarem seus anúncios, logo, você foi “consumido” por elas.
O mesmo vale para as lojas físicas. Se está olhando uma vitrine, saiba que você está para consumo. Não é o produto que será comprado por você, mas sim você que está para ser consumido pela loja, que quer “comprá-lo”, conquistando seu dinheiro, tempo e atenção para evitar perdê-lo para o concorrente.
O ser humano como mercadoria no ambiente de trabalho
Os exemplos dados anteriormente não são os únicos que comprovam que o ser humano se tornou mercadoria. Com a leitura do livro, torna-se possível enxergar muitas outras provas de que o indivíduo converteu-se, em todos os aspectos, num mero produto despersonalizado.
Como exemplo, podemos citar o mercado de trabalho. O que é o mercado de trabalho senão uma vitrine de candidatos para uma vaga? Por mais que você adquira conhecimentos, não é isso que lhe garante seu emprego, mas sim o quanto você produziu para a empresa e o quão útil continua sendo.
Pessoas se tornaram entes despersonalizados e as empresas, de acordo com o livro, buscam cada vez mais profissionais que não reclamem, não tenham problemas pessoais, sejam úteis e baratos. Infelizmente, não há pessoas com problemas e isso desumaniza as relações de emprego e, principalmente, a própria condição de indivíduo.
Quando chegamos a esse ponto?
Primeiro, é essencial entender o que seria a sociedade sólida e a modernidade líquida. O conceito de modernidade líquida não é tão simples quanto parece. Inclusive, é um tanto complexo.
Para facilitar o entendimento, entenda a modernidade líquida como um período da humanidade em que nada é definitivo, ou seja, tudo muda a todo instante e o que apareceu hoje pode desaparecer amanhã.
Logo, a sociedade sólida pode ser entendida, de forma simples, como um momento em que tudo era definido, fácil de ver e diferenciar, na qual nada era passageiro. A sociedade sólida não tinha mudanças como a atual. Tudo era da mesma forma por muito tempo.
Lembrando que o conceito não é meramente isso. Para entender melhor, é aconselhável ler a obra “Modernidade Líquida” do autor.
Para Bauman, passamos de uma sociedade sólida de produtores para uma modernidade líquida, que deu origem a uma sociedade de consumidores.
Antes, as pessoas apenas trabalhavam. A sociedade se formava a partir e por meio do trabalho. As revoluções industriais são a prova disso. Como as pessoas viviam em prol e para o trabalho, a época ficou caracterizada por ter uma sociedade no qual todos produziam.
Depois de produzir e com o avanço e fortalecimento do capitalismo, a sociedade passou a viver para o consumo. As pessoas não trabalham para sobreviver, mas sim, para consumir.
Reflexos de uma sociedade de consumidores
Como citado, as pessoas devem consumir. Tanto que, quem não consome, é visto como um ser “desviante”. Os reflexos de uma sociedade de consumidores são bastante perceptíveis, principalmente nos últimos anos.
Para serem aceitas na sociedade e vistas como “alguém”, as pessoas precisam consumir. Se não tem dinheiro, utilizam cartões de credito, empréstimos e vivem devendo dinheiro para sustentar essa realidade.
A sociedade de consumidores também é marcada pela constante busca pela felicidade. Quem não é feliz e não busca isso parece estar cometendo um crime. As pessoas consomem para serem feliz e não param de consumir para não deixar o “agora” virar passado. Logo, as pessoas compram a todo momento para serem feliz “agora”, “agora” e “agora”.
Concluindo
O livro “Vida para Consumo”, do sociólogo polonês, traz reflexões interessantes para podermos analisar criticamente a sociedade em que vivemos. A sociedade atual é uma formada por consumidores e as pessoas são, em certos momentos, consumidoras e em outros, produto para consumo.
As relações humanas atuais tratam os indivíduos como mercadoria e isso se deu com o avanço do capitalismo. A obra é excelente para repensarmos como agimos e a leitura altamente indicada para aqueles que desejam entender as relações sociais na atualidade.
E você, concorda com essa reflexão do autor? Deixe seus comentários e impressões sobre o assunto!
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