Você já ouviu falar na expressão viés de ancoragem? Embora o termo possa soar diferente e até complexo, esse conceito faz parte do seu cotidiano. Além disso, ele tem o potencial de impactar suas decisões financeiras — muitas vezes de forma negativa.
Isso porque a ancoragem compõe o grupo de vieses comportamentais, que fazem parte de diversos estudos no campo da psicologia econômica. Eles servem para indicar como muitas das decisões que as pessoas tomam em seu dia a dia não são feitas de maneira totalmente racional.
Por isso, saber o que é o viés de ancoragem e como ele impacta suas decisões financeiras é importante para sua estratégia de investimentos. Entenda mais a seguir!
O que é o viés de ancoragem?
Para entender o que é viés de ancoragem, é necessário saber o que a psicologia define como viés comportamental. Esse termo é usado para definir processos decisórios irracionais, que tomam como base crenças e experiências em vez de fatos.
Um desses vieses é o de ancoragem. Ele consiste em decisões que se baseiam em uma informação ou experiência prévia sobre determinado assunto. Assim, independentemente dos fatos atuais, seu cérebro dará um peso maior a ela — mesmo que de forma involuntária.
Para facilitar seu entendimento, considere um exemplo. Imagine que quando era mais jovem, você leu notícias sobre o narcotráfico e a criminalidade em Medellín, na Colômbia, nos anos 80 e 90. Anos mais tarde, surgiu uma oportunidade de viagem para essa cidade e você prontamente negou.
Isso significa que seu cérebro pode ter se lembrado dos fatos que soube sobre a metrópole e rapidamente fez uma associação negativa. Ou seja, a informação inicial funcionou como uma “âncora” que tornou a decisão de não viajar automática.
Como ele se dá nas decisões financeiras?
Como você entendeu, o viés de ancoragem acontece nas mais diversas decisões que podemos tomar durante um dia — e com as suas finanças não é diferente.
Uma das formas como esse viés se dá é no comparativo de produtos — seja em investimentos ou não. A ancoragem incide quando a pessoa analisa dois produtos e decide apenas pelo preço, sem considerar o custo-benefício de cada um, por exemplo.
Além disso, muitos vendedores tentam usar esse efeito de ancoragem para convencer consumidores a adquirir determinados produtos. Eles procuram apresentar uma série de benefícios para fazer com que você tome uma decisão impulsiva, sem antes ponderar se realmente vale a pena comprar o item.
Descontos também podem ativar o viés de ancoragem e simplificar uma decisão que deveria ser mais complexa. Isso porque seu cérebro ancora no preço apresentado como original e tende a ver muita vantagem no preço descontado — sem pesquisar se aquele valor é realmente baixo.
Quais são os efeitos do viés de ancoragem nos investimentos?
Um dos principais efeitos que o viés de ancoragem pode ter nos investimentos é a possibilidade de que você tome decisões equivocadas. Afinal, escolher um caminho sem ponderar as razões por trás disso pode trazer maiores riscos ou prejuízos no mercado financeiro.
Assim, o viés pode prejudicar os seus resultados. Um exemplo é a compra ou venda de ações por impulso — considerando informações ou experiências prévias. Ou seja, a operação é feita sem se basear em contexto econômico, apenas na cotação de momento do papel.
Outra condição que mostra o viés de ancoragem na bolsa de valores é quando os investidores ancoram em determinado preço. Dessa forma, eles podem se recusar a comprar ações com cotação mais alta ou vender papéis por um preço mais baixo.
Em muitos casos, a âncora não é fruto de uma análise racional, mas apenas uma experiência prévia. Assim, a decisão de manter ou não comprar um ativo com base nela não é consciente e pode trazer resultados negativos.
É preciso estar atento, ainda, à relação entre a ancoragem e outros vieses — como o efeito manada. Um investidor pode fazer escolhas impulsivas apenas porque muitas pessoas estão fazendo o mesmo, por exemplo.
Como evitar o viés de ancoragem ao investir?
Agora você sabe que o efeito de ancoragem reflete em diversas decisões que você toma durante sua vida. Desse modo, é importante saber como evitá-lo para minimizar o seu potencial negativo — especialmente em seus investimentos.
Confira!
Faça um planejamento financeiro
O primeiro passo para ser mais racional é fazer um planejamento financeiro. Ele servirá como um norte para os seus investimentos e, consequentemente, minimizará as chances de você realizar movimentações no mercado que não apresentem alinhamento com seu perfil e objetivos.
Mantenha-se atualizado em relação ao mercado
Outra forma de evitar o viés de ancoragem é se manter atualizado sobre o mercado e seus investimentos. Pode ser interessante acompanhar portais de notícia e ler relatórios sobre os ativos que compõem a sua carteira.
Ao entender o contexto econômico macro, você pode lidar melhor com as eventuais oscilações do seu portfólio. Além disso, ficar atualizado quanto às movimentações do mercado e dos seus investimentos ajuda a não ancorar suas decisões em informações antigas.
Questione convicções
Complementado os pontos acima, é interessante questionar as suas convicções. Embora esse possa ser um processo mais complexo que os outros, ele é fundamental para quebrar eventuais crenças que prejudicam seus investimentos.
Para tanto, é necessário trabalhar sua inteligência emocional. Isso permitirá que você encontre um equilíbrio entre razão e emoção e, assim, controle impulsos gerados pelo viés de ancoragem.
Durante seus questionamentos, considere fazer listas de prós e contras dos ativos. Elas podem dar suporte para que você quebre paradigmas e encontre oportunidades que poderiam passar despercebidas em outros momentos.
Tome decisões com base em fatos
Por último, é importante que suas decisões sejam baseadas em fatos. Portanto, você deve buscar conhecer o contexto do mercado e fazer avaliações bem fundamentadas dos seus investimentos sempre que possível.
Como vimos, o viés de ancoragem é um elemento presente no seu cotidiano e, mesmo que você não perceba, pode influenciar diversas decisões. Por isso, vale a pena saber o que ele representa e como age para evitar consequências prejudiciais em suas movimentações financeiras.
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