Com a renda fixa em baixa, muitos brasileiros passaram a considerar investir em renda variável para buscar maior potencial de rentabilidade. E, na bolsa de valores, são encontrados diversos tipos de investimento dessa classe — entre eles, destacam-se as ações.
Ao adquirir os papéis você se torna sócio de grandes empresas, podendo compartilhar de seus eventuais resultados positivos. É possível lucrar com a valorização dos ativos ou recebendo renda passiva, por exemplo. Contudo, por se tratar de renda variável, os riscos são mais altos.
Diante disso, é importante aprender como investir no mercado de ações de forma correta. Neste artigo, você poderá conferir 9 passos para iniciar sua jornada.
Não deixe de acompanhar!
O que é a bolsa de valores?
Antes de saber como investir em ações, você deve conhecer o que é a bolsa de valores. Afinal, ela é o ambiente onde acontecem as negociações dos papéis de empresas de capital aberto e outros investimentos de renda variável.
Atualmente chamada de B3, a bolsa de valores brasileira conta com uma história de mais de 130 anos. O nome B3 significa Bolsa, Brasil e Balcão e foi adotado no ano de 2017, após a fusão da BM&FBovespa com a Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos (CETIP).
O papel da bolsa de valores é garantir um ambiente eletrônico de negociações seguro, eficiente e justo. Logo, ela age de modo a assegurar que uma pessoa receba o ativo ao comprá-lo, ou o dinheiro ao vendê-lo, por exemplo.
O catálogo de ativos e derivativos negociados em bolsa é bastante extenso. Contudo, um dos mais conhecidos e negociados diariamente são as ações de companhias que, em algum momento, decidiram abrir seu capital para o mercado.
O que são ações?
De modo geral, ações são pequenas frações do capital social de uma sociedade anônima. Como visto, ao comprar o ativo você se torna sócio daquele negócio. A partir desse momento, pode compartilhar dos lucros e riscos da empresa enquanto mantiver sua ação na carteira.
Via de regra, quando uma empresa tem lucro, ela o distribui entre os seus acionistas através do pagamento de dividendos ou juros sobre capital próprio (JCP). Portanto, investir em empresas que pagam bons proventos é uma forma de receber renda passiva.
Além disso, como as ações são negociadas na bolsa com base na lei da oferta e demanda, é esperado que seu preço oscile ao longo do tempo. Dessa forma, o investidor também poderá auferir lucro da diferença de preços se ela se valorizar.
No entanto, se a empresa está em uma fase ruim o preço da ação tende a diminuir. Nesse cenário o investidor pode decidir realizar o prejuízo para evitar perder muito (ou todo) o capital investido.
É importante ter em mente, no entanto, que a oscilação é característica da renda variável. Assim, o investidor não deve se precipitar em caso de variações no preço do ativo. Nessa situação, seguir sua estratégia de investimento é sempre a melhor alternativa.
Como investir em ações na bolsa? 9 Passos para começar!
Agora que você já sabe o que é a bolsa de valores e viu um pouco mais sobre as ações, é hora de saber como investir na prática. Portanto, acompanhe 9 passos para começar!
1. Conheça o seu perfil de investidor
O primeiro passo para quem quer investir em ações na bolsa é conhecer o seu apetite ao risco. Como você viu, o investimento em renda variável pode causar prejuízos. Assim, é preciso ter certeza de que está disposto a correr riscos.
Quando se fala em perfil de investidor no mercado financeiro, existem três principais classificações:
- conservador: quem tem o perfil conservador não está disposto a correr grandes riscos, normalmente buscam investimentos seguros, como os encontrados na renda fixa;
- moderado: aquele que tem o perfil moderado está disposto a correr um risco um pouco maior em troca de possibilidades de rentabilidades;
- arrojado: o perfil arrojado é atribuído àquele que aceita o maior nível de risco entre os três, buscando os maiores potenciais de rentabilidades do mercado.
2. Trace objetivos
Outro passo que antecede o ingresso na bolsa de valores é definir o que você espera ganhar investindo em ações. Todo investimento deve ser motivado por objetivos específicos. Assim, fica mais fácil definir quais são as alternativas mais adequadas para você.
Na bolsa de valores existem variadas estratégias que podem ser usadas nas ações. Por exemplo, a especulação com day trade, swing trade e outros. Ela visa o curto prazo e é mais arriscada, enquanto a estratégia de investimento de longo prazo tem menor exposição à volatilidade pontual.
3. Entenda as características do mercado
Em geral, os riscos no mercado de renda variável são maiores que os presentes na renda fixa. Isso porque a rentabilidade não é conhecida no momento do aporte. Na bolsa, não é possível prever se você terá lucro ou prejuízo.
Então, o mercado de renda variável é caracterizado por ter alta volatilidade e maiores riscos. Muitos consideram a volatilidade e risco como sinônimos. Embora estejam relacionados, a volatilidade é um meio de quantificar o risco de variação de preços – chamado de risco de mercado.
Quando se fala em investir em ações, o risco é estimado pelo desvio padrão de seus retornos em relação à volatilidade. Assim, uma volatilidade muito alta representa maior incerteza de retorno. Ou seja, ações muito voláteis oferecem menor segurança, pois contam com uma variação de preços maior.
Além disso, outro risco presente ao investir em ações é o de liquidez – que representa a velocidade de transformar um investimento em dinheiro disponível. Logo, esse tipo de risco relaciona-se com a dificuldade de encontrar compradores para suas ações, quando você quiser vendê-las.
Uma forma de tentar minimizar o risco de liquidez é investir em companhias conhecidas e que já estejam solidificadas no mercado. Isso porque elas contam com uma procura maior, seja de grandes investidores ou especuladores de mercado. Uma outra possibilidade é diversificar sua carteira de investimentos.
Essa estratégia também é capaz de mitigar o chamado risco da empresa – ou risco do negócio. Toda companhia está suscetível a passar por dificuldades em determinados períodos. Empresas grandes e consolidadas costumam se recuperar rapidamente, enquanto negócios menores podem demorar mais.
4. Saiba diferenciar as ações existentes
Normalmente quem está iniciando na bolsa verifica a existência de diferentes ações para a mesma companhia, e fica na dúvida de qual comprar. Então, verifique o que cada uma delas representa, para que você possa escolher aquela que melhor atende aos seus objetivos:
Ações ordinárias
As ações ordinárias (ON) são aquelas que garantem ao acionista o direito de votar nas deliberações importantes de uma companhia. Elas são identificadas pela presença do número 3 ao final do código de negociação do ativo. Por exemplo: PETR3, MGLU3, ABEV3 etc.
Ações preferenciais
As ações preferenciais (PN) são aquelas que oferecem ao acionista a preferência no recebimento de dividendos, quando pagos pela companhia. Elas são identificadas por contarem com o número 4 no final do código de negociação do ativo. Por exemplo: PETR4, LAME4, AZUL4, entre outras.
Units
As units são uma espécie de cesta de ações compostas por ações ON e PN. A vantagem delas está no fato de que o acionista conta com ambos os benefícios (direito ao voto e preferência nos dividendos). Elas são identificadas pelo número 11 ao final do ticker. Por exemplo: SANB11, KLBN11, TAEE11 etc.
5. Aguarde a maturação dos investimentos
Como visto, ao investir em ações você se torna sócio de uma companhia, sendo esperado que ela compartilhe os lucros conforme cresce e se desenvolve. Mas se o seu objetivo é investimento, e não especulação, é importante entender que leva certo tempo para colher resultados.
Embora existam diversos especuladores no mercado acionário, os investidores de maior sucesso costumam usar estratégias de longo prazo. É o caso do maior investidor brasileiro, Luiz Barsi Filho, que conta com uma trajetória de mais de 50 anos de mercado.
Ao aguardar a maturação de investimentos, você pode ter maior potencial de rentabilidade com melhor manejo de risco. Afinal, não fica vulnerável às oscilações de preços de curto prazo, causadas por eventos passageiros que geram euforia ou desespero no mercado de ações.
O especulador pode encontrar nesses períodos possibilidades de ganhos, mas também pode ter grandes perdas ao se expor diretamente à volatilidade. Já o investidor de longo prazo conta com mais tempo para avaliar se aqueles efeitos serão permanentes ou passageiros.
Não é raro os preços retornarem ao seu patamar anterior quando superada a crise ou o evento que impactou a bolsa. Logo, investir no longo prazo permite a maturação do investimento ao longo do tempo, evitando realizar prejuízos em momentos de queda.
6. Use a análise fundamentalista
A análise fundamentalista é uma forma de avaliar os fundamentos de uma companhia listada em bolsa. Ela é usada, principalmente, para identificar boas oportunidades de investimento de longo prazo, analisando diversas questões.
Por exemplo:
- a saúde financeira da companhia;
- a qualidade de sua gestão;
- as perspectivas de crescimento;
- a sua reputação no mercado;
- o pagamento de dividendos.
Enquanto especuladores buscam lucros no curto prazo, o investidor realiza a compra de ações com a intenção de continuar com elas na carteira até que seus objetivos mudem. Portanto, ele precisa ter cautela em relação à qualidade da empresa como um todo.
Por exemplo, investir em um negócio que não tem uma boa gestão ou está com a saúde financeira comprometida pode trazer resultados negativos. Isso porque uma empresa nessas condições corre o risco de deixar de ser lucrativa ou, até mesmo, entrar em recuperação judicial ou falência.
7. Entenda a importância da diversificação
A diversificação, como você viu, é uma estratégia utilizada por muitos investidores com forma de equilibrar os riscos de uma carteira de investimentos. Diversificar é investir em diversos ativos e segmentos de mercado diferentes – que estejam descorrelacionados.
Se você deixar todo o seu capital em um único investimento, correrá maiores riscos. Agora, ter múltiplos investimentos, adequados aos seus objetivos, diluirá os riscos. Afinal, os prejuízos de uns poderão ser compensados com os lucros de outros.
No entanto, não basta ter ativos diferentes na carteira. É importante que eles tenham correlação negativa – podendo ser ativos de classe diferentes. Por exemplo, pode ser prudente ter uma carteira composta por investimentos de renda variável e outros de renda fixa.
8. Abra uma conta em um banco de investimentos
Ao conferir todos esses passos, é importante se preparar tecnicamente para investir nas ações da bolsa de valores. Por regra da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a compra de ações deve ser intermediada por uma instituição financeira.
Logo, você precisará abrir uma conta em um banco de investimentos de sua confiança. Alguns fatores importantes para considerar na escolha são as taxas de corretagem, a plataforma de negociação disponibilizada e o suporte de atendimento ao cliente.
No geral, será necessário enviar documentos pessoais e preencher um cadastro, bem como responder um questionário para identificar seu perfil de investidor. Depois, você pode transferir o dinheiro e comprar suas ações.
9. Aprenda como funciona o home broker
A partir do banco de investimento você terá acesso a uma ferramenta para entrar no ambiente de negociações da bolsa – o home broker. Através dele, é possível enviar ordens de compra e venda das ações pela internet. Basta ter um computador ou celular conectado.
Para enviar a ordem de compra da ação, você precisará conhecer o código de negociação do ativo (ticker). Ao digitá-lo, escolha a quantidade e o preço que está disposto a pagar pelos papéis. Na sequência, digite sua senha eletrônica e clique no botão comprar.
Havendo interessados em vender aquela quantidade de ações no preço indicado, a negociação será executada. Em alguns dias úteis, a operação será liquidada e as ações passarão para sua carteira, tendo o valor debitado do seu saldo.
Conseguiu aprender como investir em ações na bolsa de valores com esses 9 passos? Não esqueça que o mercado acionário está sujeito a ricos. Por isso, identifique seu perfil de investidor e seus objetivos antes de investir. Assim, será mais fácil tomar suas decisões de investimento!
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