Quando se fala de taxa de juros nos investimentos, estamos falando dos valores que um investidor recebe de retorno em troca de ter emprestado seu dinheiro às instituições financeiras ou empresas. Mas você já ouviu falar de juros negativos?
A maioria desconhece da existência dessa modalidade. O nome chama atenção, pois como que poderia existir algo com valores negativos no mercado? Por mais estranho que pareça, essa modalidade existe e já é aplicada em alguns países.
Quer entender o que são os juros negativos e o que os torna interessantes? Então leia o artigo e descubra!
O que são juros negativos?
Os juros negativos ocorrem quando a taxa de juros básica de uma economia são fixadas em um valor abaixo de zero. Podem ser divididas em dois grupos: os juros nominais negativos e os juros reais negativos.
O primeiro caso ocorre quando a taxa de juros é numericamente negativa, por exemplo: – 2%. Nessa situação, os Bancos Centrais descontam sobre os valores que os bancos menores mantêm depositados neles. As instituições fazem esses empréstimos para não perder dinheiro, situação que ocorreria se deixassem os valores guardados.
O segundo caso, o valor numérico dos juros é positivo (como 2%). Porém, ao mesmo tempo, a inflação está acima desse valor. Ou seja, o valor real dos juros serão menores do que a inflação.
Nestas situações, torna-se mais vantajoso emprestar o dinheiro às pessoas e empresas do que fazer investimentos em instituições financeiras.
Os juros negativos é uma estratégia usada para estimular diversos países a saírem da crise de 2008. Tal atitude causa efeitos na economia global, afetando os rendimentos de investidores em diferentes modalidades do mercado financeiro.
Como funciona essa taxa de juros negativa?
A primeira questão que você precisa ter em mente é o fato de que as taxas de juros básicas são utilizadas como referência para pagar o retorno do dinheiro em títulos de dívida pública, como as Letras do Tesouro Nacional (LTN). No caso do Brasil, essa taxa estava em de 5,5% ao ano em outubro de 2019.
Estas taxas servem também como base para os empréstimos no sistema financeiro. Se a taxa Selic (taxa básica de juros) está baixa, os bancos cobram menos juros e, assim, facilita-se o acesso ao crédito.
Imagine a seguinte situação: Você investe R$500 reais em um produto de renda fixa de um determinado banco e, no final do ano, esse valor se transformou em R$450. Você iria gostar de “emprestar” seu dinheiro e receber menos do que havia emprestado? Claro que não.
Por mais que esta seja uma brincadeira, é mais ou menos assim que funciona. É como se você tivesse que pagar para o banco para poder investir. Pode parecer loucura, mas não é.
Se você comprar um título com taxa de – 1% ao ano, se esse título valesse 100 reais, nesta situação, significa que você teria perdido 1 real no final de um ano.
Quando que os juros negativos ganharam força?
Como dito, essas taxas foram muito utilizadas para os países se recuperarem da crise mundial de 2008, conhecida como crise dos subprimes. O sistema financeiro americano “quebrou” e, com isso, o sistema mundial também.
Por causa desta crise, tantos os investidores como os bancos tentavam resgatar os empréstimos devidos. Como a inadimplência era alta por causa das hipotecas cedidas aos que não haviam condições de pagar, o dinheiro começou a faltar. Essa situação se alastrou e fez a economia global ficar prejudicada.
Como alternativa de evitar que tudo piorasse, os Bancos Centrais de diversos países diminuíram as taxas básicas de juros, estabelecendo até mesmo valores abaixo de zero.
Quais os objetivos de se investir com juros negativos?
O objetivo de se utilizar essas taxas negativas é evitar que o dinheiro dos investidores fique estagnado nos banco. Muitos países que utilizam desses valores abaixo de zero crescem em um ritmo mais lento.
Por isso, os governos acabaram encontrando uma forma de fazer com que as pessoas gastem seu dinheiro ao invés de aplicá-lo. Foi uma forma de estimular a atividade econômica nesses lugares.
Até hoje, no entanto, alguns países praticam os juros negativos. São eles: Japão, Suíça, Suécia e Dinamarca. A utilização da taxa negativa real, por outro lado, pode ser encontrada em diversos outros países.
Qual é a lógica de se investir dessa maneira?
Você deve se perguntar neste momento: “por que alguém iria investir em um título público com taxa negativa? Isso só faria perder dinheiro, não é?” Há dois motivos para isso acontecer.
- O custo de manter o dinheiro parado na conta corrente é maior do que comprar um título que renda a juros negativos. Isso porque os bancos europeus, por exemplo, cobram taxas de manutenção em cima de contas paradas;
- Há grande expectativa de que essas taxas caiam ainda mais. Caso esses juros diminuam, o preço do título sobe e, consequentemente, poderá haver bom ganho financeiro no resgate do título naquele momento. E isso causaria a valorização dos títulos e uma queda nesses juros seria o medo de ver a situação econômica do país piorar.
Investidores que vivem nesses países que aplicam taxas negativas acabam assumindo mais riscos em aplicações para obter bons resultados.
Quem tem perfil conservador, por exemplo, acaba investindo uma pequena parte de seu patrimônio na bolsa de valores e o restante em títulos privados, os quais oferecem melhores taxas que os títulos públicos com prazos semelhantes. Ainda, podem aplicar fora do país por fundos e outros investimentos.
Quais os efeitos dos juros negativos para os investimentos?
Manter valores baixos de juros tem efeito sobre os ativos financeiros. Por isso, o cálculo envolvendo os investimentos mudam. A primeira consequência seria que, se os títulos públicos oferecem retornos baixos, a tendência seria que a procura pelos ativos de renda variável aumentasse.
A poupança deixaria de ser atrativa e o empréstimo seria incentivado. Os investidores, muito provavelmente passariam a se arriscar mais nos investimentos, escolhendo ativos mais arriscados.
Porém, os juros negativos poderiam incentivar mais os saques de dinheiro, afetando a rentabilidade dos bancos. Alguns especialistas também acreditam que as taxas negativas podem fazer com que a moeda se desvalorize, bem como as exportações podem ficar mais competitivas, criando, assim, uma guerra cambial e prejudicando o comércio internacional.
Por último, juros negativos poderiam também representar fraqueza econômica.
Quais as taxas básicas de juros dos países?
No Brasil, a taxa é de 5,5% em outubro de 2019, e a tendência é que permaneça em níveis mais baixos por um bom tempo. Há países, por outro lado, com juros bastante altos, como a Turquia, com taxa de 19,75% ao ano.
Países da Europa, por outro lado, têm taxa próxima de 0% e, em alguns casos, taxa negativa de – 0,4% para depósitos.
Confira algumas outras taxas de juros recentes de países pelo mundo:
- Argentina, 74% ao ano;
- China, 4,35% ao ano;
- Dinamarca, 0,05% ao ano;
- Japão, – 0,1% ao ano;
- Suécia, – 0,25% ao ano;
- Suíça, -0,75% ao ano;
- México, 8% ao ano;
- Austrália, 1% ao ano.
Conclusão
Um cenário de juros negativos pode parecer estranho para muitos investidores. A grande maioria pode chegar à conclusão que este cenário não é viável e que prejudicará os investimentos. Mas, por outro lado, fará aqueles mais conservadores saírem da sua zona de conforto e buscar por investimentos mais arriscados.
Seja qual for o caso, os juros negativos ajudaram países a melhorarem suas economias após a crise imobiliária de 2008 e a conseguir ter bons resultados econômicos ao longo dos anos. E é por conta disso que o cenário de juros negativos não pode, portanto, ser considerado uma medida que “prejudique” os investidores.
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