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Investir em CRA pode ser uma alternativa benéfica para a sua carteira. Além de contar com a previsibilidade característica da renda fixa, essa aplicação pode entregar uma rentabilidade acima de outros títulos na mesma classe.

O CRA se destaca por estar lastreado em um dos setores mais robustos da economia do Brasil: o agronegócio. Por isso, conhecer as principais características desse investimento e as vantagens que ele pode trazer é importante ao avaliá-lo para a sua estratégia.

Quer saber quais são os principais benefícios do CRA? Acompanhe a leitura e aprenda mais sobre essa alternativa da renda fixa!

O que é CRA?

O certificado de recebíveis do agronegócio (CRA) é um título de crédito privado emitido por empresas securitizadoras. Como você viu, eles fazem parte da renda fixa e têm lastro no agronegócio nacional.

Assim, os CRAs funcionam a partir de uma promessa de pagamento futuro. Para que eles sejam emitidos, é preciso que uma companhia desse mercado faça um processo de antecipação de recebíveis. Ou seja, adiante o recebimento de seus direitos creditórios.

Essa prática é comum para empresas que fazem vendas no crédito ou precisam de capital para dar início a novos projetos. Por exemplo, uma companhia que vendeu toda a sua safra no crédito, pode precisar antecipar esse dinheiro para começar o plantio seguinte.

Desse modo, ela deve buscar uma securitizadora para antecipar os recebimentos. Posteriormente, a responsável pela antecipação transforma os direitos creditórios em certificados de investimento que são disponibilizados no mercado.

Assim, a remuneração dos investidores se dá a partir do pagamento das dívidas por parte dos clientes. Como esse é um título de crédito privado, é esperado que a securitizadora apresente condições de rentabilidade interessantes para atrair público para a aplicação.

Portanto, o investimento em CRA pode ser positivo para aqueles que desejam aplicar seu dinheiro em investimentos com maior rentabilidade na renda fixa. Ademais, a margem de risco costuma ser razoável, já que o título conta com a previsibilidade e segurança da renda fixa.

Quais as características desse certificado?

Agora que você entendeu o que são os CRAs, é preciso saber quais são as principais características desses títulos. Afinal, existem aspectos que os distinguem das demais alternativas presentes na renda fixa.

Saiba mais!

Rentabilidade

Os investimentos em títulos de renda fixa se caracterizam por funcionarem como um tipo de empréstimo. Assim, o investidor que faz a aplicação disponibiliza seu capital para uma instituição e, no futuro, receberá esse dinheiro com o acréscimo de juros.

Na prática, o investimento em CRAs segue essa lógica. Ademais, a rentabilidade desses certificados pode se dar de três formas: prefixada, pós-fixada e híbrida. Os títulos prefixados são aqueles que apresentam os juros da aplicação já no momento do aporte.

Como não haverá alteração na taxa até o vencimento, esses títulos garantem maior previsibilidade aos investidores — que saberão exatamente quais serão seus ganhos.

Por sua vez, os CRAs de rentabilidade pós-fixada atrelam seus rendimentos a um índice do mercado financeiro. É comum que eles acompanhem o desempenho de um percentual do Certificado de Depósito Interbancário (CDI). Com isso, os investidores conhecerão seus ganhos apenas no vencimento ou no resgate.

Finalmente, a rentabilidade híbrida é aquela que combina uma taxa prefixada com uma pós-fixada. Normalmente, os CRAs desse tipo remuneram a porcentagem do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) com a adição de uma taxa fixa — para garantir rentabilidade real positiva.

No entanto, é preciso ter em mente que as taxas apresentadas são asseguradas apenas no vencimento da aplicação. Dessa maneira, um resgate antecipado pode acarretar em prejuízos em certos casos.

Tributação

Uma das principais características dos certificados de recebíveis do agronegócio está na isenção de Imposto de Renda (IR) sobre os ganhos para pessoas físicas. Além disso, os CRAs também são isentos de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Esse aspecto os difere de outras alternativas na renda fixa, como os títulos públicos e os certificados de depósitos bancários (CDBs). Em outros produtos, é comum que exista a incidência de uma alíquota do IR, cuja porcentagem segue uma tabela regressiva de acordo com o tempo de aplicação.

Contudo, mesmo com a isenção, ainda é preciso incluí-los na declaração anual do Imposto de Renda, indicando o saldo e eventuais ganhos. Afinal, o pagamento e a declaração de imposto são obrigações diferentes.

Qual a diferença do CRA para outros títulos?

Há determinados títulos que podem ser confundidos com o CRA. Por exemplo, as letras de crédito do agronegócio (LCAs). A semelhança acontece porque ambos são investimentos de renda fixa com lastro no mesmo setor da economia.

No entanto, uma das diferenças entre CRA e LCA está no emissor. Os CRAs contam com emissão por parte das securitizadoras, enquanto as LCAs são emitidas por bancos e outras instituições financeiras.

Além disso, o propósito também é um elemento que diferencia as alternativas. Como você viu, a geração dos CRAs é a partir da antecipação de recebíveis das empresas. Por sua vez, as LCAs são mecanismos de captação de recursos pelos bancos para financiar projetos no agronegócio.

Outro título similar aos CRAs são os certificados de recebíveis imobiliários (CRIs). O funcionamento deles é bem parecido, pois os dois são emitidos por securitizadoras. Porém, os CRIs possuem lastro no mercado imobiliário nacional.

Quais as vantagens de investir em CRA?

Como você viu, os certificados de recebíveis do agronegócio apresentam pontos interessantes em seu funcionamento. No entanto, antes de trazê-los para a sua carteira, é importante entender mais sobre os benefícios de investir em CRAs.

Conheça os principais!

Lastro no agronegócio

Como você viu, o CRA está ligado ao agronegócio — que é um dos setores mais robustos da economia brasileira. Em 2021, por exemplo, ele registrou um crescimento superior a 10% e representou cerca de 30% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

Dessa forma, ter exposição a esse mercado pode ser positivo tanto para a diversificação quanto para a rentabilidade de sua carteira.

Isenção de IR e IOF

Antes de realizar qualquer tipo de investimento, é essencial estar atento às suas regras de tributação. Afinal, em muitos casos, os impostos podem impactar os resultados que você obteve em determinados títulos.

Logo, o CRA é uma aplicação que pode se tornar atrativa por ser isenta do IR e IOF — tributos comuns nos investimentos. Com essa característica, é possível que exista um maior potencial de ganhos líquidos nesses títulos.

A justificativa para essa isenção está na relevância que o agronegócio desempenha na economia nacional. A não incidência de impostos serve para fomentar e fortalecer as atividades do setor ao atrair novos investidores.

No entanto, cabe uma ressalva a esse benefício. Se a possuidora do título for uma pessoa jurídica, não haverá a isenção do Imposto de Renda, somente do IOF. Como visto, a vantagem é exclusiva para pessoas físicas.

Isenção de taxas de administração, performance ou custódia

As isenções nos CRAs não se restringem somente às questões tributárias. Os certificados de recebíveis do agronegócio também são isentos de taxas comuns em outros investimentos. Por exemplo, fundos de investimento costumam cobrar taxas de administração e performance.

Ademais, aportes realizados na bolsa de valores têm a cobrança de emolumentos. E até mesmo títulos de renda fixa podem envolver cobranças específicas. É o caso dos títulos do Tesouro Direto — que apresentam uma taxa cobrada pela B3, a bolsa brasileira, responsável pela custódia das aplicações.

Nenhuma dessas taxas incide sobre os CRAs. Além disso, é comum que aplicações nesses e em outros títulos de renda fixa também sejam isentas de cobranças de corretagem pelos bancos de investimento.

Perspectivas de alta rentabilidade

Uma das análises que você deve fazer para decidir por um investimento é a relação entre risco e retorno. Normalmente, investimentos com mais riscos e mais suscetíveis à volatilidade costumam apresentar maior potencial de ganhos.

Nesse cenário, os CRAs podem ser alternativas mais atrativas que outras opções de renda fixa. Afinal, eles não apresentam a mesma segurança de outros títulos, como os CDBs ou LCAs. Por isso, as securitizadoras costumam oferecer taxas mais altas para os investidores.

Dessa maneira, há como obter lucros superiores aos de outras alternativas — principalmente em relação à poupança. Apesar de ser muito popular no Brasil, a caderneta apresenta rentabilidade bastante limitada em relação às possibilidades do mercado financeiro.

Liquidez no mercado secundário

Os títulos de renda fixa, normalmente, são adquiridos no mercado primário. Ou seja, o investidor disponibiliza o dinheiro diretamente para o emissor. Ainda, é comum que a liquidez dos CRAs seja apenas no vencimento. Logo, não é possível resgatar seu dinheiro a qualquer momento.

Contudo, há a possibilidade de vender o título antes do prazo no mercado secundário. Nesse caso, a negociação não acontece diretamente com o emissor, mas com outros investidores interessados no CRA — isso é feito com o intermédio do seu banco de investimentos.

Essa é uma vantagem, pois permite que você não se limite ao vencimento. No entanto, é preciso saber que a venda no mercado secundário pode não ter alta liquidez. Como ela depende do interesse de outros investidores, nem sempre é simples se desfazer do seu título.

Quais são os riscos do CRA?

Apesar de ter diversos pontos que podem ser benéficos para os investidores, saiba que o CRA apresenta mais riscos que outros investimentos de renda fixa. Assim, também é preciso saber quais são eles para realizar aportes mais estratégicos.

Em primeiro lugar, é preciso considerar o risco de crédito. Como você viu, a remuneração desse investimento depende do pagamento de parcelas por parte dos clientes. Dessa maneira, a inadimplência deles pode impactar seus ganhos.

Além disso, diferentemente de títulos como CDB e LCA, o CRA não conta com cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Por isso, em caso de calote do emissor, você não tem direito ao reembolso do FGC.

Para contornar esse risco de calote, é importante analisar a tabela de rating do emissor do título. Quanto melhor ele for, maior será a segurança do investimento. Também é válido entender a saúde financeira da empresa responsável pelo CRA.

Outro risco relevante é o de liquidez. Embora seja possível negociar o título no mercado secundário, você viu que a liquidez desses certificados nem sempre é alta. Com isso, os CRAs geralmente não são adequados para objetivos de curtíssimo prazo, como reservas de emergência.

Para lidar melhor com os riscos dos seus investimentos, vale a pena focar na diversificação da sua carteira. Essa estratégia permite diluir os riscos em alternativas variadas e aumentar seu potencial de ganhos.

O que considerar antes de investir em CRA?

Agora que você entendeu o que são os CRAs e quais os principais benefícios desses títulos, deve saber o que considerar ao decidir investir neles. A partir dessa compreensão, será mais fácil avaliar se os certificados se adéquam à sua estratégia.

Confira!

Perfil de investidor

Primeiramente, é preciso considerar o seu perfil de investidor. De modo geral, os investimentos nos títulos de renda fixa são mais buscados por investidores conservadores e moderados — que costumam buscar mais segurança.

No entanto, como os CRAs apresentam um risco maior que outros produtos, eles podem não se adequar a investidores com menor tolerância aos riscos. Além disso, investidores arrojados podem ter interesse nesses títulos para compor estratégias de diversificação do portfólio.

Objetivos financeiros

O próximo aspecto que deve ser analisado são os seus objetivos financeiros. Eles são os responsáveis por nortear o seu processo de decisão na análise de alternativas. Dessa forma, é preciso visualizar como o CRA poderá se adequar às suas metas e os prazos específicos.

Características do título

Por fim, você também deve analisar as características do título. Como cada securitizadora pode emitir CRAs com diferentes condições, é fundamental que você encontre aquele que mais se adéqua ao seu perfil e objetivos.

Entre os principais pontos que devem ser observados estão o tipo de remuneração e as taxas envolvidas. Além disso, como os CRAs são alternativas de menor liquidez, a análise dos prazos é indispensável para sua tomada de decisão.

Como vimos, investir em CRA pode ser positivo tanto para rentabilidade quanto para diversificação da sua carteira. O título apresenta diversos benefícios, mas você deve avaliar com cuidado os aspectos relevantes para tomar uma decisão consciente!

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