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Quantas vezes você já se preocupou em conseguir boas posições no mercado de trabalho, seja com um bom emprego, ou um trabalho autônomo bem desenvolvido ou ainda, empreendendo? E, junto à atividade desenvolvida, vem sempre a busca por melhor remuneração e maiores receitas.

Porém, o que à primeira vista parece a solução de todos os problemas, ter um bom salário e um bom rendimento pode ser a raiz de muitos problemas. Afinal, ganhar bem e ter alguns problemas financeiros não é raro.

Você já ouviu que “não importa o quanto a pessoa ganha e sim como ela cuida do dinheiro”? Essa é uma frase que faz sentido, pois quando a entrada de um volume considerável de recursos precede a educação financeira, pode auxiliar no descontrole do orçamento doméstico.

Entenda, neste artigo, como esse processo ocorre e aprenda maneiras de encarar esse problema. Vamos lá?

Parâmetros Altos

Vamos começar com um exemplo.

É considerado que todo comportamento depende de um paradigma, de uma visão, baseado na realidade em que se vive.

– 1 mil reais é muito dinheiro?

– Depende.

Essa pergunta, muitas vezes feita por uma criança, sempre vem precedida de um “depende”. Depende exatamente do paradigma utilizado para dar a resposta.

Para alguém que trabalha todos os dias e ganha 1 salário mínimo, 1 mil reais representa o trabalho do mês inteiro, sua renda total. Logo, é sim muito dinheiro.

Já para alguém que faz trabalhos autônomos com valor de 5 mil reais, e mensalmente faz 4 trabalhos, 1 mil reais representa 5% de sua renda de 20 mil reais. Portanto, um valor menos significativo do que para a pessoa do primeiro exemplo.

Onde queremos chegar com isso?

Ao falarmos de dinheiro, de gastos, o parâmetro da pessoa do exemplo 2 é mais alto. Quando se “ganha bem” o parâmetro que analisa custos e compromissos financeiros é maior.

Valorização do dinheiro

Quando você ganha bem, sem ter uma sólida educação financeira, pode cair na armadilha de usar o seu parâmetro para mensurar o valor das coisas e acabar desvalorizando o seu dinheiro.

Por exemplo, muitas vezes você pode não ter a clara noção de todos os custos envolvidos em sua renda, e aquele valor de faturamento bruto fica ali, martelando na sua cabeça, elevando seu parâmetro.

Quando você ganha 20 mil reais por mês, o 20 mil fica em um ‘letreiro luminoso’, e o 1 mil reais não parece tanto – só 5 %! Porém, esse faturamento bruto vem seguido de descontos, como o Imposto de Renda, INSS para assalariados, plano de saúde, e alguns itens a mais que diminuem o valor líquido recebido.

É um erro utilizar o valor bruto e não o valor liquido como parâmetro para consumo. Seu faturamento, sua renda bruta podem esconder grandes descontos e redução do valor disponível.

Padrão de Vida

Ao consumir produtos e realizar sonhos, uma alta renda permite se elevar o padrão de vida.

Estima-se que, atualmente no Brasil, 80% das famílias tenha renda mensal até 5 mil reais. Dessa forma, se você tem uma remuneração acima desse valor, está no topo da pirâmide salarial do Brasil, com acesso a produtos e a um consumo que a maioria dos brasileiros não tem.

Quando iniciamos nossa vida economicamente ativa, ainda não temos nada. E, em contraponto com uma cultura do “não ter, e sim utilizar” que é crescente mais ainda incipiente, desejamos ter as coisas.

Se esse início de vida produtiva coincide com remunerações acima da média e falta de educação financeiro, pode estar formada uma armadilha.

Vivemos em uma sociedade do consumo, na qual buscamos mostrar ao mundo quem somos através do que consumimos. O carro não será o mais popular, a moradia terá um padrão mais elevado. O consumo de alimentos, vestuário e lazer também.

Tanto os custos fixos do orçamento quanto os custos variáveis obedecerão uma régua mais alta.

O letreiro luminoso continua piscando: Um carro de 100 mil? Sim, ganho 20 … dá 5 vezes. Compatível. Ok.

Assumir uma parcela de um Financiamento Habitacional de 4 mil? Sim, ganho 20. Compatível. Ok.

Dessa forma, o fato de ganhar bem pode fazer mal à sua vida financeira a partir do momento que todo gasto que você faz é comparado ao valor da sua renda, lhe encorajando a assumir mais compromissos e dívidas.

Endividamento

O que tinha tudo para ser um início de vida produtiva de sucesso, ao se juntar com o desconhecimento e a falta de organização, podem levar você ao gasto exagerado e a níveis de endividamento que, de início, pareciam compatíveis com a renda. Mas que, com o passar do tempo, se mostram insustentáveis.

Não há renda que suporte os juros cobrados pelo sistema bancário no Brasil nas concessões de empréstimo e financiamento. A busca por ter o padrão de vida que sua renda inicial lhe mostra possível pode levar você a assumir prestações altas e gastos altos.

Com um custo de vida alto, você fica mais exposto e mais dependente de sua renda. E, assim, qualquer oscilação, imprevisto com emprego, com o mercado, lhe atinge de forma mais contundente.

Ao assumir um passivo alto, seu risco aumenta. Um desemprego ou uma crise, podem levar você a se mergulhar em dívidas, retomada de bens, e uma ruína financeira precoce.

Como ganhar bem e multiplicar seus rendimentos

É claro que se você tem uma renda alta, deve usufruir de todos os benefícios que isso lhe proporciona.

Mas alguns cuidados são essenciais para que isso não faça mal à sua vida financeira:

  • Não importa o quanto ganhe, busque sempre reduzir seus custos fixos;
  • Nunca abra mão de destinar mensalmente um valor previamente definido para reserva e acumulação;
  • Não assuma financiamentos de longos anos. Junte dinheiro. Receba juros e não pague juros. Aproveite toda a atmosfera do “não ter” e a disponibilidade atual de serviços (aluguel de moradia, meio de transporte, e de tudo o mais necessário) para usufruir do serviço sem se endividar;
  • Busque a educação financeira.

Conclusão

No início de sua vida laboral, você não deve ter o padrão de vida que sua renda proporciona, e sim um passo atrás, para que com o passar dos anos de forma mais sólida esse padrão se desenvolva. Tudo isso através da possibilidade de adquirir coisas com seu próprio dinheiro e não por meio de financiamentos e empréstimos.

Buscar conhecimento sobre finanças lhe ajudará a trilhar esse caminho de forma mais rápida e saudável.

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Apaixonada por marketing, descobriu os números e finanças ao longo do caminho e decidiu ajudar as pessoas através da educação financeira. Hoje faz isso atuando no marketing da bxblue, fintech acelerada pela Y Combinator e escrevendo em alguns portais.

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